25 de dezembro de 2016

O extraordinário Jesus




Por Everton Edvaldo

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Isaías 9:6).

Há dois milênios, nasceu numa manjedoura aquele que foi prometido desde a queda do primeiro homem no Éden: Jesus, o Cristo. Considerado por muitos uma figura emblemática, Jesus entrou para a história como alguém que dividiu a própria história. O homem mais pintado de todos os séculos também é o mais odiado entre os homens. 

Jesus, o homem que fazia das casas dos seus conhecidos o púlpito e nos campos livres e verdejantes das cidades, anunciava a mensagem do amor e da salvação. Ensinou a amar, amando. Era intrépido, não tinha medo de se posicionar e quando fazia isso deixava seus ouvintes surpreendidos. 

Ele mudou as nossas vidas. Depois dele, o mundo nunca mais foi o mesmo. Veio como rei e durante toda sua vida não usou coroa alguma a não ser aquela que lhe colocaram na cabeça, cheia de espinhos. 

Morreu mas ressuscitou e está vivo, à destra de Deus. Um amigo de todas as horas. Somente nele a nossa alma encontra repouso e alegria. Sua ternura nos contagia. É compreensivo, misericordioso e zeloso com os seus. Está voltando e irá dividir a história novamente. 

Que nesta data possamos celebrar o Rei dos reis pela sua vinda, pois sem Jesus, não faz sentido comemorar o natal. 

Deus abençoe a todos! 






15 de dezembro de 2016

EM DEFESA DE PRISCILA ALCÂNTARA


Por Everton Edvaldo


Introdução: Recentemente, a cantora gospel Priscila Ancântara tem sido alvo de severas críticas, deboches e xingamentos por conta de um vídeo onde a mesma entrega uma mensagem 40 segundos às pessoas que estavam em seu show. Alcântara foi acusada de cometer heresia por conta das suas declarações durante a mensagem. Muitos críticos, sem ao menos assistir o vídeo cuidadosamente, estão afirmando que ela negou que cometemos pecado, ou que ela afirmou que não nascemos no pecado.  Será que é isso mesmo que ela está dizendo no vídeo?  

Vamos analisar em forma de texto o que ela falou no vídeo, porém antes disso, gostaria de deixar claro, que não tenho nenhuma ligação afetiva com a pessoa de Priscila, muito menos ouço suas músicas. Digo isso para que ninguém pense que estou sendo partidário.

Segue abaixo o texto da cantora:

"O meu Pai é Santo e Perfeito, eu nasci pra ser santo e perfeito, vocês são santos, vocês são perfeitos, vocês podem estar talvez em pecado, nós podemos estar muitas vezes em pecado mas não somos pecadores não,  somos filhos de Deus. E essa é uma verdade que muitas vezes a religião encobre de você. A religião diz que você nasceu no pecado, então você é um pecador. Eu nasci no pecado mas eu não sou pecador a,  você também não,  porque quando nós em Cristo, nós temos o nosso pecado retirado e nós nos tornamos de novo imagem e semelhança de Deus que é perfeito. Quantos entendem essa mensagem?" (Priscila Alcântara).

É verdade que Priscila poderia ter se expressado de uma forma melhor, porém o que ela disse (quando entendida de forma correta) de maneira alguma é contrário ao que ensina as Sagradas Escrituras. 

Também é verdade que existe uma diferença entre o que foi dito e o que ela quis dizer, no entanto, o que vai determinar a mensagem geral do vídeo, não são frases isoladas e julgadas separadamente, mas sim o seu contexto.

Primeiro,  Priscila começa dizendo: "O meu Pai é Santo e Perfeito, eu nasci pra ser santo e perfeito." Bem, até aqui não temos nenhuma declaração polêmica visto que a Bíblia  nos exorta constantemente a sermos santos e perfeitos (Levítico 19.2; Mateus 5.48; 1 2 Coríntios 7.1; Colossenses 1.28; Pedro 1.16). É claro que Priscila não está dizendo que somos perfeitos e santos na mesma intensidade e medida de Deus. O que ela está fazendo é um contraste entre os termos para explicar o porquê que somos santos e perfeitos. Somos santos e perfeitos porque um Deus Santo e Perfeito exige que sejamos assim. Leia os versículos que citei acima. 

Uma observação que gostaria de fazer é que quando o termo "santo" é aplicado aos crentes na Bíblia, significa "separação" e o termo "perfeito" aponta para  "maturidade", "integridade", etc. Sendo assim, quando a Bíblia diz que devemos ser perfeitos porque Deus é perfeito, significa que devemos ser íntegros porque Ele é íntegro. Alcântara não fez uma declaração antibíblica.

Também é importante levarmos em consideração, que Priscila está dirigindo sua mensagem a um público que em geral é evangélico. Sua mensagem está voltada claramente para aqueles que já são filhos de Deus. Qualquer tipo de interpretação fora dessa informação, poderá nos conduzir  a uma interpretação errada do que está sendo dito.

Segundo,  não é verdade que Priscila afirma que nós não pecamos, muito pelo contrário, ela diz: "... vocês podem estar talvez em pecado, nós podemos estar muitas vezes em pecado..." Consegue enxergar que ela admite que pecamos? Guarde bem essa informação, pois ela será muito importante para o nosso próximo ponto.

Continuando, Priscila diz: "...mas não somos pecadores não,  somos filhos de Deus." É nessa frase que as pessoas estão polemizando.

Pois bem, todo bom intérprete sabe que não podemos pegar uma palavra isoladamente e atribuir a ela um único signicado para todas as ocasiões em que ela for usada. Um dos princípios essenciais da semântica é que "O significado de uma palavra numa frase será determinado pelo seu contexto." Isto signica que a expressão "pecadores" pode ter diversos significados, dependendo da sua aplicação. 

Neste artigo, tentarei classificar pelo menos dois sentidos em que o termo "pecador" aparece na Bíblia. 

I- Pecadores são aqueles que cometem pecado (Neste sentido, todos nós somos pecadores, por natureza).

II- Pecadores são aqueles que VIVEM NA PRÁTICA CONSTANTE  DO PECADO (Nesse sentido, nem todos são).

Cabe a nós descobrirmos através do contexto,  em que sentido Priscila Alcântara afirma que não somos pecadores. Uma rápida lida no que foi dito anteriormente por ela, logo nos dará a resposta. Assim fica fácil de entender que o que Priscila está dizendo é que não somos pecadores, no sentido de que não vivemos mais na prática constante do pecado. E porque não vivemos mais na prática constante do pecado? Priscila justifica o porque alegando que "somos filhos de Deus." Ora, isso não vai de encontro com o que a Bíblia ensina.

Vejamos o que a Bíblia diz em 1 João 3.5-10:

"E bem sabeis que ele se manifestou para TIRAR OS NOSSOS PECADOS; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nele NÃO PECA; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. QUEM COMETE O PECADO é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. NISTO SÃO MANIFESTOS OS FILHOS DE DEUS, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus."

Veja que quem está falando que um cristão não PECA e que quem PECA não viu a Deus não é Priscila, mas sim o apóstolo João e nem por isso o chamamos de herege, pois bem sabemos que ele se refere à prática constante do pecado que é algo incoerente para quem é filho de Deus.  

Outra coisa que deve ser ressaltada é que Priscila não está afirmando que todas as pessoas do mundo são filhas de Deus (conforme muitos na Internet tem afirmado). Não,  o que ela está dizendo é que as pessoas que estavam ali,  eram filhas de Deus, algo totalmente normal, visto que seu público era evangélico. 

Biblicamente, uma pessoa só se torna filha de Deus quando crê em Jesus Cristo e experimenta o novo nascimento.  (João 1:12; João 11:52; Romanos 8:16; 1 João 3:1-10). Até lá, esse alguém é apenas criatura dEle.

Alcântara continua: "E essa é uma verdade que muitas vezes a religião encobre de você." O que ela chama de "verdade" é exatamente o que defendeu anteriormente e informa que muitas vezes, a religião quer encobrir isso das pessoas. 

Ela finaliza dizendo: "A religião diz que você nasceu no pecado, então você é um pecador. Eu nasci no pecado mas eu não sou pecadora,  você também não,  porque quando nós em Cristo, nós temos o nosso pecado retirado e nós nos tornamos de novo imagem e semelhança de Deus que é perfeito."

Não interpretemos mal o que está sendo dito. Priscila não está negando que nascemos no pecado. Pelo contrário, ela enfatiza isso quando diz: "Eu nasci no pecado." Nessa primeira cláusula, Priscila não discorda da religião.

Quando ela diz que nasceu no pecado mas não é pecadora, deve ser entendido à luz de tudo que foi dito anteriormente. Ela não é pecadora, no sentido que não vive mais na prática constante e deliberada do pecado. Ela peca?  Peca, mas não se entrega à uma vida de iniquidade. 

Antes de concluir, gostaria de reforçar que a frase "não sou um pecador" (quando usada por alguém que é salva) não vai de encontro com que Bíblia diz. Devemos analisar o sentindo da frase e a partir disso taxarmos como certa ou errada. É o contexto e o sentido da frase quem determinará a nossa conclusão e no caso de Priscila Ancântara, não chega ao ponto de ser uma heresia.

Vejamos dois exemplos bíblicos que ilustram essa verdade:

Em 1 Timóteo 1.15, Paulo se intitula como sendo um pecador mesmo depois de salvo: 

"Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior."

Por outro lado, o mesmo apóstolo em outra Epístola, revela que  ÉRAMOS PECADORES:

"Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores." (Romanos 5.8).

Ou seja, entendemos que Paulo está  usando a mesma palavra com dois sentidos diferentes, caso contrário, ele estaria em contradição, o que não é verdade.

10 de dezembro de 2016

"Perda da salvação." Uma perspectiva pentecostal


Por Everton Edvaldo

Introdução: Graças ao avanço dos estudos na área da soteriologia bíblica, podemos consultar com rapidez e facilidade a visão pessoal de vários teológos. Quando se trata do tema: "segurança da salvação" concluiremos que existem claras divergências entre eles.  Essa falta de unanimidade teológica, proporcionou ao longo do tempo, um desenvolvimento amplo desse assunto pelos movimentos que se propagaram durante e depois da Reforma Protestante. Atualmente, temos um universo de conteúdo teológico falando sobre a segurança da salvação. Neste artigo, pretendo expor a visão pentecostal acerca da famosa frase: "uma vez salvo, salvo para sempre." É importante deixa claro que o objetivo desse artigo não é de analisar ou expor exaustivamente a pespectiva pentecostal, porém de introduzir o assunto de maneira breve e condensada. Ao longo do artigo,  o autor também dará sua própria pespectiva quando for preciso. Boa leitura! 

Você já ouviu ou leu a famosa frase: "uma vez salvo, salvo para sempre?" Ela tem sido uma das frases que mais geram polêmicas dentro do cristianismo atual. Algumas pessoas pensam que só os calvinistas acreditam nela, entretanto, isso não é verdade. Existem cristãos das mais diversas  confissões teológicas que acreditam que nenhum daqueles que foram regenerados por Deus, perderão a salvação. Há até mesmo arminianos que partilham desse entendimento, como por exemplo: os arminianos de quatro pontos.

Pois bem, embora a questão pareça simples, é um desafio falar sobre esse assunto; principalmente quando ele já foi tratado por teólogos piedosos e eruditos nas Escrituras. 

Primeiramente, vamos tratar da possibilidade da perda da salvação. Muitos não conseguem aceitar essa doutrina porque imaginam que ela afeta negativamente a segurança dos crentes. Porém, isso não é verdade! A Bíblia nos assegura com precisão a segurança eterna do crente desde que este permaneça no evangelho e persevere em Cristo. Contudo,  ela também nos alerta quanto ao perigo de viver uma vida incoerente como evangelho. Vejamos como mais detalhes como o Pentecostalismo enxerga essa questão.

POSSIBILIDADE, CONCRETIZAÇÃO E SEGURANÇA:

A "Impossiblidade da perda da salvação" não faz parte do Pentecostalismo  Clássico. Em geral, os pentecostais acreditam que a possibilidade da perda da salvação é real para todos os salvos. Segundo Raimundo de Oliveira:

"Um maiores argumentos bíblicos, segundo o qual o crente pode perder a salvação, é a frequente menção do condicional "se", com respeito à salvação."(OLIVEIRA, p. 239). 
"O escritor da epístola aos Hebreus advertiu que é possível deixar o coração encher-se de descrença, ao ponto de perder a salvação: 'Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer um de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo'." (OLIVEIRA, p. 240).
"Há uma exortação severa de João, que não deixa dúvida alguma quanto à possibilidade de alguém perder a salvação: 'O vencedor, de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.' 'Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa'." (OLIVEIRA, p. 240).

A Bíblia de Estudo Pentecostal comenta que:

"A Bíblia adverte fortemente quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do perigo fatal de abandonar nossa união com Cristo, como para nos motivar a perseverar na fé e na obediência. O propósito divino desses trechos bíblicos de advertência não deve ser enfraquecido pela ideia que afirma: 'as advertências sobre a apostasia são reais, mas a sua realidade, não.' Antes, devemos entender que essas advertências são como uma realidade possível durante o nosso viver aqui, e devemos considerá-las um alerta, se quisermos alcançar a salvação final." (STAMPS, p. 1903).

Também falando sobre a possibilidade da apostasia, Daniel B. Pecota comenta: 

"Não é possível somente apenas a apostasia formal, mas também a real (Hb 6.4-6; 10.26-31). A palavra grega apostasia ("apostasia", "rebelião") provém de aphistêmi ("partir", "ir embora") e transmite o conceito de modificar a posição em que a pessoa está de pé." (HORTON, p. 377).

Certamente, aqueles que negam  a possibilidade da perda da salvação e que consideram-na apenas como hipotética ficam conturbados quando se deparam com as diversas advertências bíblicas endereçadas aos salvos. Pecota propõe uma analogia para isso:

"Vamos imaginar que estamos dirigindo nosso carro pela estrada, à noite. Em diferentes trechos, passamos por sinais de advertência: 'Curva fechada!' 'Ponte caída!' 'Deslizamento!' 'Estrada estreita e sinuosa!" "Declive forte! 'Obras na estrada!' E nenhum desses perigos acabam surgindo. Iremos pensar que foi uma brincadeira de mau gosto, ou algum louco colocou aqueles sinais.  De que maneira seriam advertências, se não correspondessem à realidade?" (HORTON, p. 378). Antonio Gilberto explica:

"Um cristão salvo pode vir a se perder; pode, sim, desviar-se, cair em pecado e perecer, caso não se arrependa ante a insistência do Espírito Santo (Ez 18.24,26; 33.18; H b 3.I2-I4; 5.9; I Tm 4.1; 5.15; 12.25; 2 Pe 3.17; 2.20-22; Rm 11.21,22; IT s 5.15; D t 30.19; I Cr 28.9; 2 Cr 15.2; I Co 10.12; Jo 15.6). Essa verdade fica ainda mais evidente quando consideramos o “se” condicional quanto à salvação (H b 2.3; 3.6,14; Cl 1.22,23), bem como a condição: “ao que vencer”, que aparece sete vezes em Apocalipse 2 e 3." (GILBERTO, p. 371).

É importante frisar que acreditar na possibilidade da perda da salvação não implica um ataque à certeza da salvação ou à segurança em Cristo. Precisamos entender que a Bíblia nos alerta quanto ao perigo, mas fornece todos os recursos necessários para os salvos perseverarem até o fim. Todas as vezes que a Bíblia se refere à perseverança dos crentes, ela não a define como algo inevitável que irá acontecer com todos os salvos. Pelo contrário, ela atribue ao ato de perseverar, um aspecto condicional. 

Outra coisa que deve ser pontuada é que a possibilidade da perda da salvação não signica que um salvo pode perdê-la a qualquer instante, quantas vezes quiser e por qualquer motivo. Isto é um mito! 

Se por um lado, a possibilidade é real para todos os salvos, a concretização não é. Isto porque não são todos que perdem a salvação. Muitos perseveram até o fim. Já outros a perdem quando se desviam definitivamente de Cristo. 

"Perder a salvação" não é a única expressão usada para se referir a esse assunto que estamos abordando, "cair da graça", "apostatar da fé" e "naufragar na fé" são outros tipos de expressões usadas para se referir a alguém que não está mais em Cristo. 

Raimundo de Oliveira dá exemplos na Bíblia de pessoas que perderam por completo a comunhão com Deus como por exemplo: Saul, Judas, Himeneu, Alexandre e Demas. (Cf OLIVEIRA, p. 240, 241). Tais pessoas caíram não porque não houvesse segurança para elas, mas sim porque não permaneceram em Cristo. É nele que repousa nossa segurança eterna. Como bem disse Frida Vingren: "Só em Jesus Cristo a nossa alma é segura e salva." (MESQUITA, Vol 1, p. 109).

Vamos tratar agora da segurança da salvação em Cristo. É possível crer que alguns salvos apostatarão sem comprometer a doutrina da segurança em Cristo? No Pentecostalismo sim! 

De acordo com o Pastor Antonio Gilberto: 

"O crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (Jo 15.1-6). Não há segurança fora de Jesus e do seu aprisco. Não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (cf. R m 8.13; H b 3.6; 5.9). Jesus guarda o crente do pecado; e não no pecado. Somos mantidos em Cristo pelo seu poder, mediante a nossa fé nEle (I Pe 1.5; Jd v.20; 2 Co I.24b). A salvação é eterna para os que obedecem ao Senhor (H b 5.9; I Co 15.1,2). Estamos em pé pela fé em Cristo, e não pela predestinação: “tu estás em pé pela fé” (Rm 11.20); “se é que permaneceis firmes e fundados na fé” (Cl 1.22,23); “Deus é salvador de todos, mas principalmente dos fiéis [lit. “dos que crêem”]” (I T m 4.10). (GILBERTO, 373).

Ciro Sanches Zibordi tem uma visão bem próxima de Gilberto:

"Deus nos concede graça para perseverarmos até aquele grande Dia. No entanto, o Senhor Jesus nos manda vigiarmos para continuarmos em pé (Lc 21.36). E a Palavra de Deus menciona pessoas que cairão e irão para o Inferno (Mt 7.21-23). O irmão citou 1 Pedro, mas é preciso ler também as partes em que esse apóstolo fala da vigilância, em sua primeira carta. Além disso, ele próprio a quem Deus usou para nos alertar quanto ao perigo de voltarmos às corrupções do mundo (2 Pe 2.20-22). Portanto, a salvação é pela graça, sem dúvidas. Mas precisamos atentar para textos como 1 Coríntios 15.1,2: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis, pelo qual sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão” (http://cirozibordi.blogspot.com.br/2009/07/e-possivel-perder-salvacao-se-ela-nos_17.html?m=1).

Elinaldo Renovato afirma que: "Deus garante a salvação. Mas o salvo tem que se esforçar para fazer a sua parte, como regenerado e justificado; precisa santificar-se." (LIMA, p. 144).

APOSTASIA: REVERSÍVEL OU IRREVERSÍVEL? 

Primeiramente, precisamos definir o que é apostasia. "O termo grego [aphistemi] é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado." (STAMPS, p. 1903). Entende-se como desvio consciente do evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. Ela é o oposto da perseverança e sua trajetória não é o céu. 

Muitas vezes, alguém afirma: "Nenhum salvo perde a salvação, se perdeu é porque nunca teve."  Ora, como eu posso perder algo que nunca tive? É como dizer a um mendigo que ele perdeu uma fortuna que nunca foi sua. A gente só perde o que tem. A parábola da dracma perdida ilustra bem essa analogia (Lucas 15.1-10). Outros dizem que a apostasia a qual a Bíblia se refere é aquela praticada pelos ímpios. Pensar dessa forma é dar um tiro no próprio pé! Por acaso, pode um ímpio se afastar ou abandonar algo que nunca teve ou viveu? Os ímpios já estão longe do evangelho, e seguem seu percurso profano naturalmente. A Bíblia de Estudo Pentecostal explica que:

"...a apostasia individual é possível somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação pelo Espírito Santo  (cf. Lc 8.13; Hb 6.4,5)." (STAMPS, p. 1903).

Porém, a pergunta que muitos fazem é: "pode alguém que perdeu a salvação, recebê-la novamente?" Bem, a Bíblia ensina que há perdão para aqueles que se arrependem sinceramente dos seus atos, entretanto, existe um ponto extremo da apostasia em que o indivíduo peca irrefreadamente, constantemente e deliberadamente a ponto de não atender mais à voz do Espírito Santo. É o que chamamos de apostasia irreversível ou imperdoável (Hb 6.4-6). Não é verdade que os pentecostais ensinam que a perda da salvação pode ocorrer por qualquer motivo. Ela é o resultado do constante e deliberado pecar contra a voz do Espírito Santo. Durante a trajetória cristã, muitos salvos esfriam na fé e em casos mais extremos, chegam a afasta-se por um tempo da igreja e de Deus, entretanto, se reconciliam com Jesus e voltam-se para Ele assim como o filho pródigo. Essa é uma das evidências de que tais crentes não cometeram a apostasia irreversível. As vítimas da apostasia irreversível são aqueles salvos que se afastaram de Deus, nunca mais voltaram e morreram eu seus próprios pecados. Tais pessoas negam o Senhor que os resgatou (2 Pedro 2.1), trazendo para si ruína e condenação.

Conclusão: A vertente clássica do Pentecostalismo nunca adotou para si o conceito de que uma vez salvo, alguém nunca perderá a salvação. Embora creiam na possibilidade da perda, os pentecostais não diminuem a segurança dos salvos ensinada pela Bíblia. O objetivo dela nunca foi lançar dúvida na mente dos cristãos sobre sua salvação, mas de alertar acerca de um perigo real. Graças a Deus que podemos estar convictos da nossa salvação já que estamos Nele e Ele em nós. A capacidade de perseverar continua sendo de Deus e também é Ele quem opera poderosamente nos salvos, mas não de forma irresistível conforme alguns defendem. No Pentecostalismo, não há compulsão na perseverança, antes, a perseverança é sincera e voluntária da parte do salvo. Os salvos que, com os poderes fornecidos pelo Espírito Santo, vencem as barreiras espirituais, são aqueles que têm seus nomes escritos no livro da vida. Sendo assim, vale a pena continuarmos nos pés do Senhor, prosseguindo com justiça, andando em verdade e praticando a santidade até que um dia, o Senhor nos chame para seu lar celestial. 

Deus abençoe a todos! 

BIBLIOGRAFIA

GILBERTO, Antonio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

LIMA, Elinaldo Renovato de. Salvação & Milagres- o poder do nome de Jesus. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

MESQUITA, Antonio Pereira de. Mensageiro da Paz. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

OLIVEIRA, Raimundo de. As grandes doutrinas da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

Site consultado:

http://cirozibordi.blogspot.com.br/2009/07/e-possivel-perder-salvacao-se-ela-nos_17.html?m=1. Acesso dia: 09/12/2016 às 12:30.