30 de junho de 2019

A Bíblia e a Ciência




Por Everton Edvaldo

Introdução: Vamos começar nossa série de estudos sobre Criacionismo X Evolucionismo? Este é um assunto vasto, muitas vezes mal compreendido, porém de suma importância. Nesse estudo, vamos falar acerca de importância desse assunto, desmitificar alguns entendimentos, revelar as ameaças à fé cristã e por último, como a Bíblia se posiciona mediante a isso. Você está preparado? Então vamos lá!

A IMPORTÂNCIA DESSE ASSUNTO. PORQUE PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO?

Essa é uma pergunta interessante, contudo cheia de respostas.

Em primeiro lugar, eu diria que precisamos estudar esse assunto porquê somos cristãos. É de se esperar que os filhos que Deus (que também são criaturas das Suas mãos), conheçam a Bíblia (domine, manuseie), o mínimo de Ciência e como ambas se relacionam.

Em segundo lugar, porque graças à ignorância[1] dessas coisas, muitos cientistas de má fé, ateus e opositores da fé cristã têm se aproveitado para desacreditar da Bíblia e vê-la como um livro que conta boas estórias, porém que não pode ser levada a sério.

Em terceiro lugar, porque este universo, bem como tudo que nele há, aponta e atesta para um criador inteligente, atemporal, não espacial e eterno (Salmos 19 e Romanos 1).

Em quarto lugar, porque conhecendo esses assuntos, podemos preparar e educar nossa posteridade no verdadeiro conhecimento do Senhor e já no presente tempo, podemos nos apropriar desse conhecimento para propagar a mensagem da salvação com mais autoridade, atraindo dessa forma pessoas para Cristo e aprofundando nosso relacionamento com Deus. Dito isto, vamos aos outros pontos!

A BÍBLIA E A CIÊNCIA PODEM ANDAR JUNTAS?

Há anos circula entre muitos cristãos e não cristãos a ideia que a Ciência é contrária à Bíblia ou que a fé e a razão não podem andar juntas, pois são inimigas. Será que isso é verdade?

Bem, ao longo dos séculos ficou mais que provado que a ciência sempre foi amiga da religião cristã. Acontece que o que muitas vezes é vendido como ciência, na verdade, não o é. A verdadeira ciência auxilia, ilumina, e até esclarece muitos pontos sobre a criação de Deus. Enquanto que a Bíblia estabelece os princípios morais de conduta, revela o Criador, o Remidor e o Consolador. Mostra o caminho da morte e da vida e muitas outras coisas que a Ciência não pode explicar. Graças à Ciência, muitas curas têm sido descobertas para doenças terríveis. De modo que não apenas essa, mas muitas outras contribuições devem ser analisadas e aceitas pelos cristãos. Enquanto que o papel da religião cristã deve ir onde a Ciência para, ou não alcança.  A Bíblia lida também com o sobrenatural, o metafísico, o misterioso, o mítico e o paradoxo. Coisas que não se aceitam senão pela fé.

Por outro lado, precisamos pontuar que a Ciência e a Religião cristã desempenham papéis distintos neste mundo. O papel da Ciência é descobrir as leis e os processos naturais que regem o universo e a vida, enquanto que o do Cristianismo é levar o homem ao conhecimento do Deus verdadeiro e Salvador. Perceba que são papéis distintos, não contraditórios, mas complementares. Durante o percurso aqui na terra, ambas vão se encontrar e desencontrar, no entanto, nunca vão esbarrar uma na outra, muito menos caminhar por caminhos opostos.

Acontece que na maioria dos círculos universitários, o que é apresentado como Ciência, se aproxima mais de uma religião do que qualquer coisa de natureza científica. Isto é, tem muita coisa sendo vendida como ciência, sem ser.  Esta é a falsa ciência, pois a verdadeira ciência é amiga da religião cristã. A falsa ciência é ideológica, religiosa, ateísta, racionalista e cética. No entanto, o falso não tira o valor do verdadeiro. Não podemos jogar a água suja com o bebê dentro.

Por último, a história é prova viva de que é possível um cristão ser um apaixonado por Ciência. Não há nada de errado nisso! No passado, os grandes nomes da Ciência foram cristãos ou mesmo não negaram a existência de Deus. Entre eles, destacamos:

Isaac Newton (1642-1727), fundador da física clássica e descobridor da lei da gravidade:

“A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isto fica sendo a minha última e mais elevada descoberta.”
Alessandro Volta (1745-1827), físico italiano, descobridor da pilha elétrica e inventor, cujo nome deu origem ao termo voltagem:

“Submeti a um estudo profundo as verdades fundamentais da fé, e […] deste modo encontrei eloquentes testemunhos que tornam a religião acreditável a quem use apenas a sua razão.”
André Marie Ampère (1755-1836), físico e matemático francês, descobridor da lei fundamental da eletrodinâmica, cujo nome deu origem ao termo amperagem:

“A mais persuasiva demonstração da existência de Deus depreende-se da evidente harmonia daqueles meios que asseguram a ordem do universo e pelos quais os seres vivos encontram no seu organismo tudo aquilo de que precisam para a sua subsistência, a sua reprodução e o desenvolvimento das suas virtualidades físicas e espirituais.”
C. Oersted (1777-1851), físico dinamarquês, descobridor de uma das leis do Electromagnetismo:

“Cada análise profunda da Natureza conduz ao conhecimento de Deus.”
Friedrich Gauss (1777-1855), alemão, considerado por muitos como o maior matemático de todos os tempos, também astrônomo e físico:

“Quando tocar a nossa última hora, teremos a indizível alegria de ver Aquele que em nosso trabalho apenas pudemos pressentir.”
Agustín-Louis Cauchy (1789-1857), matemático francês, que desenvolveu o cálculo infinitesimal:

“Sou um cristão, isto é na creio na divindade de Cristo como Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Leibniz, Pascal […], como todos os grandes astrônomos e matemáticos da Antiguidade.”
Madler (1794-1874), astrônomo alemão, autor do primeiro mapa selenográfico:

“Um cientista sério não pode negar a existência de Deus, pois quem, como ele, pode penetrar tão profundamente a Sua oficina e admirar a Sua Sabedoria, só pode ajoelhar-se perante a grandeza do Espírito Divino”.
James Prescott Joule (1818-1889), físico britânico, estudioso do calor, do electromagnetismo e descobridor da lei que leva o seu nome:

“Nós topamos com uma grande variedade de fenômenos que em linguagem inequívoca falam da sabedoria e da bendita mão do Grande Mestre das obras.”
William Thompson Kelvin (1824-1907), físico britânico, pai da termodinâmica e descobridor de muitas outras leis da natureza:

“Estamos cercados de assombrosos testemunhos de inteligência e benévolo planejamento; eles nos mostram através de toda a natureza a obra de uma vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos são dependentes de um eterno Criador soberano.”
Gustav Jung (1875-1961), suíço, um dos fundadores da psicanálise:

“Entre todos os meus pacientes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de 35 anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão da sua atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por terem perdido aquilo que uma religião viva sempre deu aos seus adeptos, e nenhum se curou realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria.”
V. Liebib (1803-1873), químico alemão fundador da química agrícola:

“A grandeza e a sabedoria infinita do Criador só são acessíveis àquele que se esforça para ler os seus pensamentos nas entrelinhas do grande livro a que chamamos Natureza”.
Albert Eintein (1879-1955), físico judeu alemão, criador da teoria da relatividade, Prêmio Nobel 1921:

“Todo profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimento religioso, pois ele não pode admitir que ele seja o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjuntos de seres que ele contempla. No universo, incompreensível como é, manifeste-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente de que eu sou ateu, baseia-se sobre grande equívoco. Quem a quisesse depreender de minhas teorias científicas, não teria compreendido o meu pensamento”.
Guglielmo Marconi (1874-1937), físico italiano, inventor da telegrafia sem fio, Prêmio Nobel 1909:

“Declaro com ufania que sou homem de fé. Creio no poder da oração. Creio nisto não só como fiel cristão, mas também como cientista”.

Thomas Alva Edison (1847-1931), inventor no campo da Física, com mais de 2.000 patentes:

“Tenho… enorme respeito e a mais elevada admiração por todos os engenheiros, especialmente pelo maior deles: Deus”.
Charles Darwin (1809-1882), famoso autor da teoria da evolução:

“Nunca neguei a existência de Deus. Creio que a teoria da evolução é plenamente conciliável com a fé em Deus. A impossibilidade de provar e compreender que o grandioso e imenso universo, assim como o homem, tiveram origem por acaso parece-me ser o argumento principal para a existência de Deus”.
Edward Mitchell, astronauta da Apolo 14, um dos primeiros homens a pisar na Lua, afirmou:

“O Universo é a verdadeira revelação da divindade, uma prova da ordem universal da existência de uma inteligência acima de tudo o que podemos compreender”.[2]

Ou seja, não nada que impeça um cristão de estudar a Ciência ou até mesmo de ser um cientista.

A BÍBLIA COMO UM LIVRO QUE CONTÉM CIÊNCIA:[3]

Um erro frequente de alguns cientistas é exigir que ela seja um livro científico. Todos sabemos ela não é um livro de Ciência, onde encontramos todas as respostas sobre como as coisas que existem funcionam meticulosamente. Contudo, é preciso dizer que isso não nos dá fundamento para desprezá-la, pois, apesar de não ser um livro de Ciência, ela contém Ciência e tem se mostrador precisa e à frente de muitas descobertas. Para entendermos isso melhor, vamos definir o que é Ciência e o que é a Bíblia:

O que é Ciência? Segundo o Doutor Roger Liebi:

“Ciência é o esforço humano de maneira sistemática, em observar, pesquisar e descrever a natureza. As conclusões são ainda provisórias e limitadas. ‘’Errar é humano’’ também vale neste caso. No entanto, de um modo geral na Ciência consegue-se alcançar avanços progressivamente na área do conhecimento.” (LIEBI, p. 05).

O que é Bíblia? Segundo este mesmo autor:

“... é a Palavra de Deus. Ela é inspirada por Deus e aplicada por Deus. A Bíblia é a fala de Deus registrada de forma escrita. Ela é perfeita e inerrante, não apenas quando fala sobre Deus e Sua graça, mas também quando fala sobre sua natureza e a história.” (LIEBI, p. 05).

Dito isso, quais são as passagens bíblicas que contém informações que foram mais tarde comprovadas pela Ciência? Elas são precisas?  O Doutor Liebi trata desses detalhes com muita propriedade em seu livro “A Bíblia e a Ciência’’, de modo que você pode adquiri-lo se quiser saber mais sobre o assunto. Colocarei aqui as que mais me chamaram atenção:
Astronomia: É impossível contar as estrelas!

“Como não se pode contar o exército [de estrelas] dos céus...” Jeremias 33.22 (600 a. C).

“Olha para os céus e conta as estrelas, se é que podes!” Gênesis 15.5b (21 séculos a. C)

“A partir do Hemisfério Norte consegue-se enxergar em torno de 3.000 estrelas a olho nú. O mesmo ocorre a partir do Hemisfério Sul. Assim, é possível visualizar em torno de 6.000 estrelas como pontos luminosos individuais no firmamento sem auxílio de instrumentos. A Bíblia, no entanto, afirma expressamente que é absolutamente impossível para um ser humano descobrir a real quantidade de estrelas existentes. Desse modo, nos anos passados, essas afirmações bíblicas estavam em contraste com a Ciência. Galileu Galilei, em 1610, foi o primeiro homem a direcionar um telescópio para o céu. Ele chegou à conclusão de que poderia haver em torno de 30.000 estrelas. No decorrer dos anos, no entanto, os telescópios foram aprimorados. Hoje o número de estrelas no espaço sideral pesquisado gira em torno de 1022 (algarismo 1, seguido de 22 zeros). É impossível conta-las! Pode-se apenas fazer modestas estimativas.” (LIEBI, pp. 6,7).

Física:   Luz- Movimento ou Estado

“Onde está o caminho para onde se difunde a luz...?” Jó 38.24 (3° Milênio a.C)

“Até o Século 17 havia a convicção, na Ciência, de que a luz era um estado, a exemplo do que ocorre com a escuridão. Quando se observa a luz, no dia a dia, não se consegue detectar que a luz pudesse estar se movimentando. Ao acendermos um facho ou uma lamparina em uma sala escura, a luz imediatamente se espalha por todo o ambiente- parece ser um ato instantâneo. Nesse caso não é possível perceber alguma movimentação da luz. Isaac Newton (1643-1727), um dos maiores físicos da história, conseguiu comprovar o movimento da luz. Através da sua teoria de partículas esse estudioso descreveu a movimentação da luz no ambiente como sendo uma sequência extremamente rápida de partículas luminosas em movimento. (...) Hoje sabemos que a luz se propaga no espaço com uma velocidade incrível de aproximadamente 300.000 km por segundo. No livro de Jó, onde está relatada uma história de alguém que viveu no 3° Milênio a.C, o fato da movimentação da luz já era conhecido há muito tempo, pois nele se fala sobre o “caminho da luz.” (LIEBI, pp. 16,17).

Geociência: O Globo Terrestre.

“Ele [Deus] se assenta no seu trono acima da cúpula da terra...” Isaías 40.22- NVI (700 a.C).

“Os chineses imaginavam que a terra fosse quadrangular. Os egípcios falavam que a terra era um retângulo. Os babilônios supunham que fosse um barco flutuante. Os antigos hindus a descreviam como um disco sustentado por elefantes. Em 1492, Cristóvão Colombo desejava provar a forma esférica da Terra navegando ao redor dela. O primeiro a realmente conseguir fazê-lo com sua frota, porém foi Fernão de Magalhães (1480-1521). Assim, foi estabelecida a prova científica clara e direta para a forma esférica de nosso planeta. No entanto, já nos tempos remotos da Grécia Antiga havia a concepção de que a Terra era redonda. Contudo, na Bíblia a forma esférica da Terra foi confirmada ainda antes dos antigos dos antigos gregos. Foi o profeta Isaías quem falou na Terra como sendo um globo, já no ano 700 a. C (Isaías 40.22). Na Bíblia, Isaías utilizou a palavra chug  do hebraico antigo, que representa um círculo tridimensional. Em Jó 22.14 ela é empregada para descrever a “abóbada do céu.” No Analytical Hebrew and Chaldee Lexicon,  o dicionário de Benjamin Davidson, p. 249, a palavra chug  é traduzida por sprere  (esfera). Diversas versões bíblicas espanholas, por exemplo, transcrevem corretamente a expressão chug há’aretz, de Isaías 40.22, como el globo de la tierra (i.e.: o globo da terra). “  (LIEBI, p. 21).

Biologia: A Formiga se Previne com Mantimentos para o Inverno

“Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio! Ela não tem nem chefe, nem supervisor, nem governante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época da colheita ajunta o seu alimento. Até quando você vai ficar deitado, preguiçoso? Quando se levantará de seu trono? Provérbios 6.6-9-NVI (Salomão; Séc. 10 a. C).

“... as formigas, povo sem força; todavia, no verão preparam a sua comida...” (Provérbios 30.25 (Agur Ben Jaqeh; 1° metade do 1° Milênio).

“A formiga mencionada na Bíblia refere-se à ‘formiga cortadeira’, com o nome científico de Messor. Entre as numerosas espécies de formigas existentes em Israel, a Messor   é a mais encontrada. A Bíblia relata que elas armazenam provisões para o inverno e, assim, dão um bom exemplo de prevenção diante de tempos difíceis. Até o Século 19 houve constantes afirmações por parte da Ciência de que a Bíblia estava errada nesse aspecto. Os cientistas J.T. Moggridge e H. McCook, no entanto, por volta de 1880, descobriram que a Ciência estava errada e não a Bíblia. Essas formigas realmente armazenam provisões para o inverso e, para tanto, possuem câmaras secas especialmente preparadas no solo.” (LIEBI, p. 33).
       
Ecologia: O Ano Sabático

“Seis anos semearás a tua terra e recolherás os seus frutos; porém no sétimo ano, a deixarás descansar e não a cultivarás, para que os pobres do teu povo achem o que comer,  e do sobejo comam os animais do campo. Assim farás coma tua vinha e com o teu olival.” Êxodo 23.10,11 ( Séc. 15 a.C).

“A Bíblia organizou o sistema agrícola de Israel em ciclo de sete anos. As terras poderiam ser cultivadas durante seis anos. No sétimo ano- que era o ano sabático- as lavouras deveriam ficar sem cultivo algum. Após cada sete ciclos que sete anos (a cada 49 anos), o ano sabático era seguido ainda pelo chamado “ano do jubileu”, no qual as lavouras deveriam permanecer descansando por mais um ano, sem cultivo. Para o cumprimento desses mandamentos era requerida muita fé. À luz da Ecologia moderna, no entanto, isso faz sentido: Esses anos de descanso permitiam a regeneração, a recuperação do solo. Isso permitia a “recarga” da camada de húmos do solo. Assim, era possível obter maiores colheitas nos anos seguintes.” (LIEBI, p. 43).

Higiene e Microbiologia: Bactérias e Higiene em Geral

“Também todo aquele em quem tocar o que tiver o fluxo, sem haver lavado as suas mãos com água, lavará as suas vestes, banhar-se-á em água e sera imundo até à tarde.”  Levítico 15.11 (Séc. 15 a.C).
“Em Levítico 15 e 17, o povo de Israel foi instruído a se lavar regularmente em banhos ritualísticos para a purificação dessas impurezas. Nisso também estavam incluídos os utensílios e as vestimentas. Tais medidas higiênicas não eram de prática comum na Europa até à era moderna, o que causou muitas enfermidades, desnecessariamente. Quando, por exemplo, a Europa foi varrida pela pela “morte negra” (a peste) entre 1347 e 1353, morrerm em torno de 25 milhões de pessoas. No entanto, entre os judeus houve o menor número de vítimas da epidemia porque ninguém dos outros países observava a higiene corporal como eles. Quando verificaram que os judeus foram menos atingidos, eles foram acusados de ser os causadores da peste, pois teriam envenenado os poços. Em consequência disso foram assassinados em torno de 1 milhão de judeus na Europa.” (LIEBI, p. 63).
A BÍBLIA COMO UM LIVRO QUE NOS INCENTIVA A ESTUDAR      
A Bíblia é um livro fascinante! Ela nos convoca e nos incentiva a estudar as Escrituras. Por outro lado, não despreza o ensino e o conhecimento científico. No passado, a educação estava estritamente ligada com a religião. Por exemplo, os babilônios conseguiram aprimorar a escrita colocando em tabloides informações sobre os deuses, rituais, sacrifícios e encantamentos. Antes da escrita, todo conhecimento popular e religioso era transmitido oralmente entre as famílias que as tornavam conhecidas ao clã ou tribo. Em Israel, a educação se desenvolveu a princípio por meio da lei moral, civil e cerimonial que devia estar no coração deles, nos umbrais das casas e nas portas (veja Dt 6.1-9; 11.20). Ou seja, era papel da família educar os filhos na lei de Deus. Contudo, passados os anos, os pais se corromperam e logo deixaram de ensinar os filhos na lei do SENHOR. Resultado: os israelitas passaram a absorver a cultura de outros povos.
Ao longo da história de Israel, vários personagens desempenhavam o papel de educadores do povo. Além da família, a literatura (ainda que de forma bem embrionária) já era usada para educar o povo. Isto é, não só a lei, mas também os livros poéticos com provérbios, salmos e lições de vida. Nesta época, reis, sacerdotes e profetas também estavam envolvidos nesse processo.
Por exemplo, no livro de Eclesiastes, o rei Salomão reúne (congrega) o povo para ensinar-lhes o caminho da vida e da sabedoria. Em Provérbios, nós temos a compilação de vários conselhos e ensinos que já circulava entre o povo israelita. No período dos profetas, havia Elizeu e a escola dos profetas, ao que tudo indica o primeiro seminário de teologia do mundo (II Reis 6.1-).
Com o cativeiro babilônico e sem o templo de Salomão, os judeus viram e necessidade de construir sinagogas que dentre algumas funções, tinha a de educar o povo na lei do SENHOR.
No período do Novo Testamente, existiam vários grupos e escolas de interpretação da Bíblia. De modo que, todo o pano de fundo bíblico, histórico e social não teriam sobrevivido se não fosse pela educação.
Além disso, nós temos vários exemplos bíblicos de homens que eram sábios e bem educados em várias áreas. Por exemplo, Moisés que foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios (Atos 7.22). Moisés estudou nas melhores escolas e universidades do Egito. E sua formação sem dúvida, serviu como plataforma para lá na frente escrever vários livros da Bíblia e educar o povo naquilo que de melhor, ele absorveu. Êxodo, por exemplo, é uma obra singular escrita por Moisés, que conta como o povo de Israel foi liberto por Deus do Egito, pelas mãos de Moisés. Esse livro está recheado de elementos, símbolos, termos e cargas culturais egípcias. Digamos que foi escrito em hebraico com “sotaque egípcio.”[4]
Porém não para por ai. Nós temos dezenas de exemplos na Bíblia de homens e mulheres que se dedicaram ao ensino de coisas relacionadas à Deus, à vida e à natureza. Por exemplo, seus ensinamentos sobre a natureza derivam (sua maioria) de observações (o mesmo método que era usado pelos primeiros cientistas e pensadores da humanidade) dos astros, das estrelas, ciclo da água, etc.
Gostaria de falar sobre outro personagem: apóstolo Paulo. Esse homem que aprendeu aos pés (sob os cuidados) do mestre Gamaliel, falava vários idiomas, conhecia as Escrituras profundamente, literatura judaica (ex: talmude), poemas e poetas (greco-romanos), filosofia, gramática, retórica e oratória. Era um verdadeiro gênio. Quando escreveu a Timóteo, ele o aconselhou que tomasse também um pouco de vinho por causa das suas enfermidades no estômago (1 Tm 5.23).
Depois do I século d. C tivemos grande pensadores que foram cristãos! Agostinho de Hipona, Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino e Jonatha Edwards, figuram entre os grandes filósofos da humanidade. Hoje, nós temos o Filósofo e Apologeta cristão: William Lane Craig. Mas o cristianismo não é rico somente em filósofos. Com o advento da Reforma Protestante, várias universidades famosas da Europa foram construídas por cristãos. 
Se por um lado, a Bíblia não discrimina, nem milita contra o estudo secular, e se apropria de muitos desses elementos para trazer ao mundo a revelação de Deus, por outro, ela nos instiga a estudar as Escrituras Sagradas (cf. Dt 6.5-9; Js 1.8; Sl 119.9-16; Pv 3.1,2; 4.13; Os 4.6; At 17.11; Rm 15.4; 1 Tm 4.13; 2 Tm 2.15; 3.15-17; 2 Pe 3.18).
Então se a própria Bíblia não é um livro anticientífico e anti-intelectual, porque nós cristãos deveríamos ser? Nela, aprendemos que de uma forma direta ou indireta, não há nada de errado em se dedicar aos estudos!
Conclusão: Que através desse estudo nós possamos despertar para as demandas de nosso tempo. Deus quer levantar uma geração de cristãos que conhecem profundamente a Bíblia e a Ciência. Que sabem defender sua fé. Que não sucumbem mediante as oposições ideológicas dos ateus e quaisquer que tentam ridicularizar a Bíblia. Sem dúvida, Deus tem entre Seu povo pessoas que através das Ciências sejam elas humanas, biológicas, exatas ou sociais, deem o seu melhor, são qualificados, produtivos, amorosos e que aproveitam as oportunidades de influenciar a sociedade através da sua fé. A hora é agora, e Deus conta com você!

Obras Citadas


ALMEIDA, Abraão de. Apologia da Fé Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
LIEBI, Roger. Bíblia e Ciência. A Ciência está atrasada. Porto Alegre: Chamada, 2016.
VAILATTI, Carlos Augusto. As Dez Pragas e a Abertura do Mar. São Paulo: Reflexão, 2017.



[1] Ignorante: que desconhece a existência de algo; que não está a par de alguma coisa.
[2] Para uma lista mais completa, acesse: https://cleofas.com.br/os-cientistas-e-a-fe/. Acessado dia: 25/05/2019 às 23:16
[3] As informações que colocamos aqui foram bem limitadas. Para mais informações, veja “Apologia da Fé Cristã”, Abraão de Almeida. CPAD, 2012. Em especial, os capítulos 2 e 3.
[4] Isso é muito bem explicado pelo livro: As Dez Pragas e a Abertura do Mar, do Doutor Carlos Augusto Vaillati.

26 de junho de 2019

Lucy Ferrow, a obreira que mais se destacou no início do Movimento Pentecostal





Por Everton Edvaldo

Lucy F. Farrow (1851-1911) foi uma pastora de uma igreja de santidade (Holiness) independente que foi fundamental para os primeiros anos do Pentecostalismo. Pouco se sabe sobre sua infância, e pouco crédito lhe tem sido dado nos estudos sobre as origens do Pentecostalismo, porém alguns livros fazem menção a ela com vários detalhes. O ministério dessa mulher foi tão notável que ela é uma das pessoas mais citadas nos relatórios de Parham,  considerado o pai do Movimento Pentecostal. 

Pois bem, quem foi essa mulher? 

Lucy Ferrow ficou praticamente desconhecida até 1905, quando conheceu Charles Fox Parham, o pioneiro do Movimento Pentecostal. Nesta época, ela pastoreava uma igreja Holiness em Houston, Texas e abriu as portas do seu ministério para Parham que veio à cidade promover cruzadas que atraíram grandes multidões e o respeito do povo e da imprensa. A partir daí ela abraçou a fé Pentecostal.

Ela foi a primeira pessoa negra a ser registrada como tendo recebido o Batismo no Espírito Santo com evidência inicial do falar em línguas nas reuniões de Parham. Nessa época, Parham passou a ter tanta estima por ela, que a convidou para ser governanta dos seus filhos e cozinheira do seu seminário, funções estas que só pode exercer por poucos meses, devido as suas ocupações com a obra de Deus. Durante os dois meses que ficou fora do Texas, deixou William Seymour que já era seu amigo, cuidando da sua congregação.

Quando Parham abriu o seminário, ela incentivou Seymour a matricular-se para as aulas, tendo sido ela quem apresentou o Seymour a Parham. Seymour se interessou pela doutrina que ela o havia transmitido e se matriculou no seminário para as aulas.

Tamanha era a unção de Ferrow, que em Agosto de 1906, ela foi convidada por Parham para pregar no acampamento do Movimento da Fé Apóstolica, onde muitos receberam curas e poder de Deus, sem falar nas inúmeras pessoas que se converteram. 

Ela ficou conhecida como a "escrava ungida" e foi cotada como uma das obreiras mais intensas na companhia de Parham que vivia rodeado de obreiros e obreiras.  Certa vez em Portmouth, ela foi usada pelo SENHOR e cerca de 200 pessoas se converteram e 150 receberam o Batismo no Espírito Santo. 

Parham a enviou para muitos lugares. Tendo ela ministrado em toda a América e dirigido cultos em Louisiana, Carolina do Norte, Virgínia (onde teve um ministério notável), Nova York e até mesmo na Inglaterra.

Mas não parou por aí. Ela também foi enviada para a Libéria, na África. Há relatos que ali, ela recebeu a Xelolalia, pois passou a falar a língua Kru, sem nunca tê-la estudado e que inclusive chegou a pregar para o rei daquele povo. Os relatos também contam que muitos liberianos foram salvos e batizados no Espírito. 

Porém, Ferrow não passou muito tempo na Libéria e logo voltou para a América. 

Ela também desempenhou um papel fundamental nos primeiros anos da Missão Azuza Street. Isto porque, durante os períodos de oração de Seymour, ninguém havia falado em línguas até que Lucy foi convocada por Seymour a ir lá e orar pelas pessoas, e então muitas foram batizadas no Espírito, através da sua imposição de mãos, conforme no livro de Atos, contribuindo desta forma para a centelha inicial naquele lugar. Incansável e intrépida, ela trouxe a Mensagem Pentecostal com poder a Los Angeles, onde a maioria da população era negra.

Em uma das edições do jornal: "A Fé Apostólica", Parham diz o seguinte sobre ela:


''Sra. Lucy F. Farrow, serva ungida de Deus, que veio há quatro meses de Houston, Texas, para Los Angeles, trazendo o Evangelho completo, e a quem Deus usou grandemente ao impor as mãos a muitos que receberam o Pentecostes e o dom de línguas, agora retornou a Houston, a caminho de Norfolk, Va. Ela voltou para sua antiga casa que ela deixou quando era menina,  sendo vendida como escrava no sul. Ela sente que o SENHOR agora a está chamando de volta. Irmã Farrow, irmão W. J Seymour e irmão  J.A. Warren foram os três que o Senhor enviou de Houston como mensageiros do Evangelho completo." (Edição 1, página 01).

Num trecho do mesmo jornal, também é possível lermos um trecho escrito por Farrow sobre o trabalho que ela desenvolveu na Virgínia. Ela diz:

''Tivemos uma reunião gloriosa ontem à noite.Foi a sexta noite e seis pessoas falaram em línguas. É maravilhoso ver como o Senhor está trabalhando com Seus filhos crentes, mas há muito a ser feito aqui. Há um grupo de santos que não lê a Bíblia como santos. Eles dizem que a Bíblia é para incrédulos, então eles não a leem. (...) Deus está fazendo um pequeno trabalho na terra hoje. Logo, logo, Ele estará voltando à terra novamente. Ele disse que não devemos ultrapassar as cidades até que o Filho do Homem venha, por isso não temos muito tempo a perder. Lembre-se de mim e por todos os santos. Diga-lhes que orem por mim.Eu não posso escrever para todos, então você se lembre de mim como um todo. Peça-lhes para orar pelo trabalho na Virgínia. É muito necessário. Eu não sei quanto tempo o Senhor vai me manter aqui. Há muito a ser feito. Eu não passei por Danville, mas vou para lá assim que puder sair desse lugar. Passei por Nova Orleans e mudei de carro para lá, e coloquei as mãos em duas famílias doentes no caminho de Houston aqui'' - Lucy Farrow. (Edição 2, página 03).

Em outra edição, o jornal também diz:

"Deus fez um trabalho maravilhoso em Portsmouth, Virgínia. É relatado que cerca de 150 receberam o Pentecostes. Todo o país a respeito é agitado pelo poder de Deus. O Senhor enviou a irmã Lucy Farrow de Los Angeles e a usou para pregar este evangelho.Ela sente um chamado de Deus para ir a Monróvia, Libéria, África, e quer que alguém venha e ajude a continuar o trabalho. Ela diz: “Dê a todos os santos amor de mim. Diga-lhes que tenho muitos filhos aqui também. Eles não querem que eu vá embora, mas todos sabem quando o Senhor diz para eu ir, eu devo ir. Eu me movo quando o Senhor diz que devo me mexer. Não há tempo para visitar apenas para o Senhor. Eu vou noite e dia na chuva e no sol.Não há tempo para parar. Jesus está chegando em breve. Ore por mim e pelo trabalho aqui." (Edição 4, página 01).

Sobre ela, uma testemunha de Portmouth fala:

"Agradou a Deus por Seu poder Todo-Poderoso nos enviar a Irmã Lúcia Farrow para nos trazer a luz como não a vimos. O poder de Deus caiu sobre nós. Eu O louvo por ser uma testemunha em Jerusalém, Samaria, Judéia e até os confins da terra. Eu O louvo pelo poder no sinal que Ele me deu de falar em línguas e interpretar o mesmo e cantar em línguas. Eu louvo a Deus pelo poder de cura. Ele me curou da minha cabeça aos meus pés. --- Georgetta Jeffries, Portsmouth, Va. (Edição 4, página 01).

Um relatório de missionários pentecostais também fala:

"Nossa querida irmã Farrow, que foi uma das primeiras a trazer Pentecostes para Los Angeles, foi para a África e passou sete meses em Johnsonville, a 40 quilômetros de Monróvia, na Libéria, naquele clima mais mortal. Ela agora voltou e tem uma história maravilhosa para contar. Vinte almas receberam seu Pentecostes, e inúmeros foram salvos, santificados e curados. O Senhor lhe dera o dom da língua Kru e ela foi autorizada a pregar dois sermões ao povo em sua própria língua. Os pagãos, alguns deles depois de receber o Pentecostes, falaram em inglês e alguns em outras línguas. Louve a Deus. O Senhor mostrou a ela quando ela foi, a hora em que ela voltaria e lhe enviou a passagem a tempo, trouxe-a para casa em segurança e a usou na Virgínia e no sul ao longo do caminho.' (Edição 11, página 01).

Após voltar da África em 1907,  Deus continuou usando sua serva na parte de trás da missão da Azuza Street, onde muitas pessoas que a procuraram foram curadas, batizadas no Espírito Santo e relatavam ter tido experiências maiores com Deus. Esses foram os últimos anos dela.

Em 1911, ela contraiu tuberculose e morreu com a idade de 60 anos. Foi provavelmente, a mulher mais determinante no movimento pré Rua Azuza e possivelmente, a personalidade mais influente na formação do Pentecostalismo. 


Foto de Ferrow ao lado de William Seymour

24 de junho de 2019

O Sínodo de Dort não tem autoridade sobre a Bíblia




Por Everton Edvaldo 

Is,to mesmo! É um erro "divinizar" ou "canonizar" esse Sínodo. As pessoas que fazem isso, deveriam repensar sobre suas colocações pessoais.É comum nos diálogos entre calvinistas e arminianos, encontrar frases de pessoas desinformadas. Muitas delas, negligenciando o estudo histórico e sensato dos fatos, afirmam: 

"Os arminianos foram refutados em Dort."
"Os arminianos são hereges". "Arminianismo foi declarado heresia em Dort."

Mal sabem eles que esse Sínodo foi uma grande  jogada política, por demais estratégica. Se soubessem disso, não tratariam esse Sínodo como inerrante.

Como cristãos, devemos entender que a inerrância só deve ser atribuída à Bíblia. É ela que tem autoridade suprema sobre tudo e todos!

Aos calvinistas digo eu: não adianta apelar para Dort, catecismos ou confissões  quando se trata da autoridade divina! É importante ressaltar que esse erro não é moderno. Enquanto vivia, Armínio já enfrentava esses problemas.

Certa vez, o calvinista John Bogerman (1576-1637) participou de uma conferência com Gomaro, Uytenbogaert e  Armínio. Nela, ele afirmou que "as Escrituras devem ser interpretadas de acordo com o catecismo e a confissão." 

Ora, onde fica a "Sola Scriptura"? Anos mais tarde, esse homem foi eleito como presidente do Sínodo de Dort.  A ele, Jacó  Armínio perguntou:

"Como alguém poderia afirmar mais claramente que eles estavam decididos a canonizar estes dois documentos humanos, e instituí-los como os dois bezerros idólatras em Dã e Berseba?"

A Bíblia não precisa de muletas! No que se refere à interpretação de qualquer doutrina, é ela que ilumina.

Se o Presidente do Sínodo, tinha um pensamento desse, imagina os demais representantes? 

Espero que isso seja observado e levado em consideração nos debates.  Qualquer  calvinista que afirmar que o arminianismo foi refutado em Dort,  deixa claro, que não passa de um dado viciado.


22 de junho de 2019

Afinal de contas, quantos livros os pais da igreja escreveram?



Por Everton Edvaldo

Quem de nós nunca sonhou em ter a coleção completa de 44 volumes da Paulus sobre a Patrística? Pra quem não sabe, a Patrística foi um grande período da história da igreja, em que os pais ou padres da igreja, consolidaram muitas das doutrinas cristãs que temos hoje. Eles fizeram parte da igreja primitiva e deixaram para nós um vasto material escrito, tratando sobre diversos assuntos e corrigindo dezenas de erros. Às vezes, errando, às vezes acertando, a Patrística é digna de ser estudada. Porém, conhecer seus escritos é um grande desafio.

O primeiro é o da tradução. Das centenas de volumes que existem, apenas poucas dezenas foram traduzidas para a língua portuguesa. O segundo é o da linguagem. Os patrísticos são exaustivos e possuem uma linguagem bem peculiar. Lê-los na maioria das vezes é maçante, cansativo e desmotivador para um público que não tem o hábito da leitura.

A coleção mais completa que temos em nosso país, é a da Editora Paulus. São 44 volumes bem resumidos e trazem alguns escritos de pais como Orígenes, Agostinho de Hipona, Leão Magno, Ambrósio, João Crisóstomo, Irineu de Lyon, Justino de Roma, Hilário de Poitiers, Gregório de Nissa, Gregório Magno, Eusébio de Cesaréia, Cipriano de Cartago, Ambrósio de Milão, entre outros. Ela custa atualmente: 3.320,00 R$.

Porém, o catálogo da Patrística é muito maior que isso.

Para você ter ideia, entre 1844 e 1864, um abade e padre francês chamado Jacques Paul Migne, publicou a coleção de Patrologia Latina. Ela é a maior e mais exaustiva coleção já publicada dos escritos existentes dos pais e doutores latinos da igreja primitiva e medieval. Ela cobre um período de tempo de Tertuliano (200 d.C) e vai até o Papa Inocêncio III em 1216. No total, são 221 volumes e cerca de 150.000 páginas escritas em latim.

Porém, não para por aí...

Entre 1857 e 1866, J.P. Migne também lançou a maior coleção já publicada dos escritos existentes dos pais e doutores gregos da igreja primitiva e medieval. Com a coleção da Patrologia Grega, nós podemos ter acesso aos escritos dos pais capadócios cujos trabalhos foram tão importantes para a formulação precisa da doutrina da Trindade contra o Sabelianismo por um lado, e o triteismo, por outro. São 161 volumes e 110.000 páginas.

Em 1886, o professor Rene Graffin embarcou na grandiosa tarefa de compilar os escritos dos pais que não foram incluídos nas obras monumentais de J.P. Migne. Ela resultou na coleção de Patrologia Siríaca e Oriental. São escritos dos pais da igreja em árabe, armênio, copta, etíope, grego, georgiano, eslavo e siríaco. Nela, há escritos teológicos, cartas e homilias dos primeiros pais orientais. Ela nos revela qual era o pensamento deles sobre as Escrituras, as doutrinas cristãs e as heresias que os assolavam. São 17 volumes e um total de 12.725 páginas.

Ainda hoje, várias outras obras dos pais da igreja estão sendo publicadas de forma independente. O trabalho não para. Além disso, se sabe que o possui um acervo gigantesco de obras da Patrística que poucas pessoas ou quase ninguém tem acesso. Muitas dessas obras, nós talvez nunca conheçamos. Sem contar naqueles que se perderam ao longo dos anos e que nunca teremos a oportunidade de ler. Sem dúvida, o período da Patrística foi riquíssimo em produção teológica e abastado de muito conhecimento.

No final das contas, nunca saberemos ao certo quanto livros a Patrística possui, mas é certo que ela foi incomparável e singular.

21 de junho de 2019

Quem são os teólogos de uma nota só?


Por Everton Edvaldo

Teólogos de uma são aqueles que passam a vida toda batendo numa mesma tecla. É o famoso teólogo clichê. Apesar de serem conhecidos como teólogos e até mesmo estar em alta na mídia, pouco produzem de significativo. Não são autênticos, nem originais, mas recitadores de teologia sistemática. Eles também são agressores de "cachorro morto". Muitos deles estão entre aqueles que batem no Neopentecostalismo que é um circo e tem data e hora para acabar. E através disso, ganham fama e prestígio entre aqueles que também se incomodam com esse movimento herético.

Os teólogos de uma nota só, criticam os ''apóstolos modernos'', no entanto, são tratados pelos seus seguidores como pessoas inerrantes. Eles criticam os neopentecostais que enriquecem às custas dos fiéis e fazem comércio da fé, porém, quando são chamados para pregar ou palestrar em eventos, cobram altíssimos valores. 

Eles vendem milhares de livros, mesmo a qualidade dos seus livros não acompanhando a quantidade. Eles são rápidos para criticar os neopentecostais, mas quando algum dos seus fala "besteira", são desonestos e encobrem seus erros, criando para si mesmo um telhado de vidro.

São pregadores do óbvio que quando estão num dia bom, tudo tá dando certo, falam coisas do tipo: essa parede branca é branca. Eles são vistos pelos seus seguidores como expositores da Palavra e realmente o são, em algum sentido  do termo. Porém, apesar de serem teólogos, não produzem teologia de fato... Eles não estão atentos às demandas do seu tempo e dialogam apenas com teólogos da sua própria tradição. 

Apesar de terem diplomas de "mestre", "doutor", ''Phd", eles são completamente desconhecidos no mundo acadêmico secular. Eles defendem o sola scriptura, no entanto, quando se trata de defender algo que eles concordam, são os primeiros a recorrer à tradição, à história da igreja, aos catecismos, sínodos e concílios. Eles criticam aqueles que levam em consideração a experiência cristã, porém, usam da sua não-experiencia para validar suas crenças.

Tais são os teólogos de uma nota só que muitas vezes são aclamados pelos seus ouvintes e que são vistos como verdadeiros modelos de mestres da Palavra. 

Que Deus nos ajude a não sermos como os tais...