Por Everton Edvaldo
A pregação expositiva é uma variante da exposição bíblica, mas a exposição bíblica é muito mais ampla e oferece mais ferramentas para o Ensino e Pregação das Escrituras. Digamos que ela trabalha melhor a metodologia pedagógica das passagens e temas bíblicos, fazendo com que a fidelidade ao texto e o compromisso com o público, dialoguem de forma mais tranquila, diferente da pregação expositiva que se prende mais ao método e à letra em si. Na exposição bíblica, eu posso expor a verdade ou as verdades de Deus de acordo com a natureza do texto bíblico bem como com a necessidade do público que receberá a mensagem. Dessa forma, eu posso expor de várias formas como:
• Textual: É um sermão fundamentado em um ou dois versículos da Bíblia. Os temas e as divisões principais são extraídas do próprio texto. Este método foi muito usado por Spurgeon, o Príncipe dos Pregadores. Estima-se que 70% dos seus sermões tenha sido com base em um só versículo ou parte dele.
•Temática: É aquele cuja divisão das ideias é extraída do tema. Ou aquele cuja forma ou estrutura resulta das palavras ou ideias contidas no assunto. É muito apropriado para a evangelização, cultos festivos, o ensino sistemático das doutrinas, o estudo bíblico, discussão de temas éticos, etc. A divisão está independente do texto. Exemplo: Suponha que o pregador queira falar sobre santidade. Ele então se propõe a buscar nas Escrituras os principais versículos que falam do tema santidade e reestrutura isso a fim de expor para a igreja em formato temático. Foi bastante usado por John Wesley e por vários avivalistas do passado.
• Expositiva. É feito a partir de uma passagem bíblica com vários versículos ou um capítulo inteiro. Se ocupa na tarefa da exegese e exposição exaustiva de um texto, frase ou até mesmo palavra por palavra. Ele é bastante útil para fins didáticos. No passado, alguns pregadores famosos ficaram conhecidos por usarem este método como o católico Agostinho de Hipona, o reformador Martinho Lutero e João Calvino. Vale lembrar que nem toda pregação Expositiva é bíblica. Muitas heresias já foram ditas no púlpito usando este método. O método por si mesmo não é canônico e não garante que a mensagem reproduzirá de fato a vontade de Deus. Há quem diga que ela é o método mais seguro e eficaz. Nem sempre... Isto vai depender de uma série de coisas como: o público (faixa etária, nível de escolaridade), a liturgia (culto de ensino/festivo/evangelístico e do pregador (se um pregador costuma ser prolixo em suas mensagens, não é recomendado que use este método, pois corre o risco de matar o seu sermão pela forma como ele está estruturado. Há pregadores que querem pregar versículo por versículo, textos que muitas vezes estão cheios de paralelismos e de digressões. Isto é, dois versículos que dizem a mesma coisa só que com palavras diferentes. O pregador tenta ver um significado próprio e singular em cada palavra ou versículo e acaba não percebendo que está tornando seu sermão cansativo ao invés de produtivo.
• Analógica: Analogia é uma relação de semelhança estabelecida entre duas ou mais entidades distintas. O termo tem origem na palavra grega “analogia” que significa “proporção”. Pode ser feita uma analogia, por exemplo, entre cabeça e corpo e entre capitão e soldados. Cabeça (cérebro) e capitão são duas entidades análogas. Possuem função semelhante que, neste caso, é comandar, dar ordens. De igual forma, corpo e soldados exercem a mesma função que é obedecer às ordens. Sendo assim, a pregação analógica se propõe a extrair do texto ou eventos bíblicos, lições que de alguma forma estão interligadas com a realidade presente. Paulo e Jesus usaram várias analogias a fim de ilustrar para seus ouvintes o que ele queria dizer. Este método pode ser usado para pregar para crianças ou recém convertidos que não possuem tanta educação.
• Alegórica. Através dele se pretende expor verdades embutidas figurativamente nas narrativas bíblicas. No método alegórico, nota-se pontos positivos como a preocupação em ligar a Bíblia com a realidade vivida pelo povo de Deus, a leitura mais espiritual da Bíblia, que visa alimentar a fé e o amor e uma posição mais pastoral, onde se busca maior contato com o povo. Mas nota-se também pontos negativos como a pouca fidelidade ao texto, diminuição do caráter histórico de algumas passagens e algumas interpretações que chegam a ser absurdas. Foi introduzido massivamente no Cristianismo através de um Pai da Igreja (Orígenes). J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis foram dois cristãos que exploraram bastante este recurso e graças às suas obras, milhares de pessoas tem se aproximado do Evangelho. É uma boa alternativa para usar com a juventude. Uma leitura Alegórica muito conhecida entre nós é aquela que compara a Igreja com a Sulamita de Cantares de Salomão. E Cristo com Salomão. Desta forma, o livro de Cantares ensinaria como Cristo se relaciona com sua igreja. Praticamente todo o cristianismo interpretou este livro desta forma, muito embora recentemente alguns teólogos a venham rejeitando.
• Hinológica. Desde muito cedo está comprovado que a música pode ser uma ótima aliada quando o assunto é exposição da vontade de Deus. Prova viva é que a Bíblia está repleta de cânticos (Magnificat) e hinos que revelaram grandes verdades para o povo do SENHOR. Um grande exemplo disso é o livro de Salmos. Nele, aprendemos sobre paciência, humildade, confiança, alegria e principalmente sobre Deus. É aconselhável para cantores e foi utilizado por muitos adoradores ao longo desses 2000 anos de Cristianismo.
Sim, o foco da exposição bíblica não é o método, mas a comunicação da verdade de Deus. O método é apenas o meio/veículo para que isto aconteça. Desta forma, a exposição bíblica se sobrepõe à pregação expositiva. Isto significa dizer que nem toda pregação expositiva é uma exposição bíblica, mas toda exposição bíblica, passa (direta ou indiretamente) por algum método ou forma (seja ele organizado ou não). A exposição bíblica é uma ferramenta riquíssima que poucos pregadores a exploram como deveriam. Sendo assim, os convido para usá-la nas suas mais variadas formas.
Todos esses métodos ou formas podem ser usados pacificamente pelos pregadores ou cantores, desde que sejam feitos sem ferir ou sangrar as doutrinas bíblicas.
Este texto não é um ataque à Pregação Expositiva, muito menos foi escrito para desmerecê-la, apenas para descentraliza-la. Numa época de extremos, enquanto de um lado há pregadores usando a pregação temática para dizer as mais grotescas atrocidades teológicas, do outro existem pessoas que prestam um verdadeiro culto à pregação Expositiva. Recentemente ouvi um Pastor dizer que se a pregação não for Expositiva, não é pregação. Outro amigo me contou que passou quatro anos num Seminário e aprendeu que existia somente a pregação Expositiva. Lamentavelmente a internet também está cheia de pessoas que canonizaram este método. Se você não pensa como tais pessoas, fique tranquilo, esse texto não é para você. Claro que isso não acontece somente a pregação Expositiva, todos os outros métodos possuem suas limitações e fraquezas e isto é claramente compreensível visto que são métodos feitos pelo homem.
Por último, que todo o nosso culto seja uma exposição bíblica e não somente a hora da Palavra. Seja de forma Alegórica, Hinológica, Expositiva, Temática, Textual ou Analógica, o importante é comunicar as verdades de Deus.
Que Deus abençoe a todos!
Penso que precisamos ter muito cuidado em expor somente a mensagem que o Espírito Santo pretendeu transmitir. Quanto à pregação alegórica acho que deve restringir-se às alegorias da própria bíblia sem invenções humanas. Proponho também que atentemos sempre para objetivos tais como: O QUE? POR E PARA QUE? E COMO? Principalmente o COMO parece sempre ausente das pregações.
ResponderExcluirO método expositivo é fiel ao texto. O Pregador precisa fazer uma exegese bem feita para trazer para nós a aplicação da palavra
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