Por Pr. Linaldo Junior
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2).
Sabemos que o exercício de adorar a
Deus não é apenas e somente através de serviços litúrgicos e ações como o
cantar ou tocar algum instrumento, nem simplesmente por expressões de artes
diversas. Servir a Deus também, não é só no cultuar em público. Como bem trabalhava
o Reformador Lutero, de forma conceitual; pois é verídico, que um sapateiro
convertido perguntou a Ele o que poderia fazer para servir melhor à Deus e ser assim
um cristão melhor. Lutero respondeu sabiamente: “Faça um bom sapato e venda por
um preço justo”.
Devemos honrar a Deus em tudo o que
fazemos. Isto é inclusive um meio efetivo de evangelizar e exaltar a Cristo: “Portanto, quer
comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de
Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja
de Deus; assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o
meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos” (I
Coríntios 10:31-33). O mundo hodierno, inclusive evangelical, não tem tido este
entendimento.
O fato é que, quem não servir a Deus
com a sua vida, jamais terá uma vida de servo e serviço sincero e piedoso.
Inclusive a ideação bíblica sobre adoração no Primeiro Testamento, aponta
objetivamente a ideia de SERVIR A DEUS
COM ALEGRIA/SATISFAÇÃO (Como no Salmos 100 e 122). Quem eram os levitas, por exemplo? Todos que serviam as “mesas” do
Senhor naquele contexto, de diversas formas, maneiras e funções.
ROMANOS
12, UM CHAMADO DO ESPÍRITO AO SERVIÇO
Depois de efetivamente Paulo expor
sobre a Soberania de Deus e da
necessidade de uma responsável resposta nossa a esse chamado, nos capítulos 9, 10 e 11 de Romanos, no finalzinho do
décimo primeiro capítulo, o Apóstolo se entrega graciosamente em adoração a
Deus (Rm. 11:33-36). E a partir
disto, no capítulo 12, ele faz um
apelo que aponta diretivamente a adorarmos ao Eterno, com as nossas vidas,
atitudes, dons, talentos e AMOR SINCERO E FRATERNO. Vejamos então mais detalhadamente,
inicialmente Romanos 12:1,2:
ROGOS VOS, pois – Temos aqui um pedido imperativo e
de súplica. Paulo passa a expor categoricamente, as razões efetivas e
epistemológicas que devem surgir no coração de quem reconhece a grandeza do
Senhor.
IRMÃOS – O
Apóstolo demonstra que todos somos iguais, sendo assim, ninguém deve ser
considerado mais do que um SERVO. Na mente Paulina isto é tão claro, que por
diversas vezes ele trabalha este conceito em outras cartas e epístolas. Em
Lucas 17:7-10 (Ao nos chamar de Servos Inúteis), Jesus deixa isso bem patente
também, como em diversos outros momentos nos evangelhos.
PELAS MISERICÓRDIAS/PELA COMPAIXÃO DE DEUS – O Apóstolo Paulo se lembra do
grande amor de Deus por nós, mais uma vez nesta Epístola, DEMONSTRANDO ASSIM
QUE em gratidão e fé, devemos responder ao chamado do santo serviço (Romanos 5:1-8 é uma conexão objetiva sobre isso). Se
a graça nos alcançou, não deveríamos ser cheios de um fervor de gratidão?
QUE APRESENTEIS
(SEJA DISPONÍVEL
COLOQUE-SE EM PLENA DISPOSIÇÃO)
OS VOSSOS CORPOS. Aqui temos um chamado para uma
macro entrega voluntária. Isto lembra um conceito que há no Salmos 37:5: “Entrega o teu
caminho ao Senhor, confia Nele, e Ele agirá”, por exemplo. E o
grande teólogo Clifton J. Allen, afirma em uma de suas obras (No Comentário
Bíblico Broadman, Volume 10), que temos nisso uma ideia que poderia ser
traduzida como “de vós próprios”, pois
devemos ter em mente que a palavra grega aqui é SOMATA (corpos), no sentido que aponta a uma expressão mais ampla
do “eu”, ou seja, de uma totalidade
de personalidade consciente, em uma globalidade efetiva do próprio “ser”.
E ISTO SE FAZ de que
maneira? Como é essa adoração holística e existencial? Se oferecendo como:
SACRIFÍCIO VIVO
– Em todo o tempo você deve “morrer” para o mundo, e mortificar a CARNE. A
idéia no Primeiro Testamento, do sacrifício que apontava para Cristo, é
aplicada ontologicamente nesse sentido, ao menos aqui. A conversão é única, mas a entrega/renúncia é
diária. JESUS DISSE QUE ESSE NEGAR A SI MESMO É CONSTANTE E IMEDIATO (Mateus 16:24,
Lucas 9:57-62).
SANTO – Isto
é, sem misturas indevidas. Vemos
este mesmo “espírito”, em I Pedro 1:15,16: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também
santos em toda a vossa maneira de viver;
Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo”. Deus é
Santo e convoca o Seu povo a viver nesta santidade, não legalista ou farisaica,
mas de quem tem Cristo como o modelo a ser seguido e o “cânon” do viver.
E AGRADÁVEL A DEUS – Aqui é o chamado para honrarmos
sinceramente ao Pai Celestial, e assim andar de acordo com a vontade Dele. O
interessante é que a partir disso, Paulo afirma que ESSE É O CULTO RACIONAL, ou seja, aí
se dá um cultuar sóbrio, com um propósito consciente, producente e frutífero. O
espiritual não anula as nossas cognições e consciência. Quem serve ao Deus
soberano, dará a Ele sempre razão em tudo, glorificando o Seu nome até nos mais
simples atos da vida, sabendo a razão da sua fé (podemos fazer um aplicado
paralelo neste sentido, com I Pedro 3:15,16).
MAS, TEM MAIS!
E NÃO VOS CONFORMEIS (AMOLDEIS) COM ESTE MUNDO/SÉCULO – Não tome a forma sugerida das
filosofias mundanas, ou seja, não se
amolde ao pensamento contrário ao evangelho. JESUS DISSE ALGO NESTA DIREÇÃO
EM JOÃO 17:15.
MAS SEDE TRANSFORMADOS PELA RENOVAÇÃO DA VOSSA MENTE – Ou seja, que haja uma mudança
consciente em nossa conversão. Que tenhamos a mente de Cristo (I Coríntios 2:16), e os lombos do
nosso entendimento esteja cingido (I Pedro 1:13). A nossa mente, coração, e
pensamentos como um todo, deveria ser estar sempre em acordo com a vontade do
Senhor (Filipenses 4:8; Deuteronômio 8:18; Romanos 8:5-7, Tito 1:15).
E PARA QUAL FINALIDADE É
TUDO ISSO?
PARA QUE VOCÊ EXPERIMENTE QUAL SEJA (Que haja um culto palpável, e também experiencial nesse
sentido, envolto em uma fé objetiva). Os Salmos 34:8 corroboram nesta direção
ao declarar: “Provai
e vede que o Senhor é bom”. Somos chamados nas Escrituras, e mais
enfaticamente em Romanos o tempo todo, a andarmos pela fé, e não por
sentimentos e emoções. Mas isso não anula o fato de que haverá, porém, momentos
em que teremos sentimentos, emoções e coisas semelhantes a estas, como
consequência desta mesma fé. Ou seja, as experiências diversas são possíveis e
devemos assim “degustar” da Palavra de Deus, e a sua gloriosa revelação.
A BOA - O que
seja bom para Deus (As Escrituras
Sagradas mostram amplamente o que é bom para Deus, como lemos no Salmos 133).
PERFEITA – O
QUE NOS FAZ ALCANÇAR E ATINGIR O ALVO DO ALTO (Confira Cl. 1:28; Mt. 5:48).
E AGRADÁVEL –
Que “satisfaz” ao Eterno. Devemos buscar encontrar a nossa satisfação no querer
de Deus, e agradar a piedosamente a Ele. Encaixa-se aqui inexoravelmente, a
seguinte expressão de Jonh Stott: “Onde
seriedade e reverência são encontradas em conjunto, a adoração oferecida é bastante
agradável a Deus”.
VONTADE DE
DEUS – Ou seja, não é
aqui o que seja primariamente seja bom, perfeito e agradável PARA O HOMEM, e
sim, O QUE É BOM, PERFEITO E AGRADÁVEL PARA O SENHOR DEUS. Quando os desejos do
homem forem contrários aos de Deus, o que deve prevalecer? Geralmente se usa
este bloco bíblico de forma pueril pelos modernos pregadores, quando creditam
que o texto estar a apontar para os anseios do enganoso coração humano.
CONCLUSÃO:
A partir disso, Paulo continua
mostrando algumas questões relevantes, que demonstram a essência de uma VERDADEIRA ADORAÇÃO. Em Romanos 12:3-8,
vemos que devemos usar devidamente os
dons que recebemos, dos versículos 9 ao 21, como o amor não fingido deve reger as nossas ações e unção, ou seja,
ele recomenda algumas virtudes que
devemos praticar.
NO CAPÍTULO 13:1-6, é dito que nos relacionamentos
cotidianos, inclusive da cidadania, devemos servir a Deus sinceramente. E finalmente
no 13:8-10, Paulo “encerra” esse entendimento, dizendo: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o
amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a
lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso
testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra
se resume: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’ O amor não faz mal ao próximo.
De sorte que o cumprimento da lei é o amor”.
É sabido também que, Paulo vai
continuar desenvolvendo em outros momentos desta epístola, como no Capítulo 14,
em relação a tolerância que devemos ter com os fracos na fé, e no Capítulo
15:1-13, ao expor sobre a questão do altruísmo, empatia, e solidariedade cristã,
como resultado efetivo de um adorador de fato por excelência. E isto tem tudo
haver com a mente paulina, em relação aos diretivos amplos do que é ser um
adorador. Anexo conclusivamente assim, o que bem disse o Pastor Batista Jonh
Piper: “O amor é a expansão e o
transbordar do prazer em Deus, que alegremente supre a necessidade dos outros”.
Que
Deus te abençoe com esta exposição aplicada, em nome de Jesus, com sua infinita
graça, misericórdia e amor.
Pr. Linaldo Junior (Pastor, Professor,
Capelão)
Obs: Este material
é fruto de uma aula que utilizo na disciplina de Teologia Ministerial e até na
área da Capelania. Toda esta exposição tem o propósito de chamar o crente uma
prática efetivamente cristã e seus aplicativos circunstanciais caminham nesta
gerência.
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