13 de outubro de 2019

Sou Pentecostal: Assumindo a Identidade sem Medo dos Esteriótipos






(Por Everton Edvaldo)

PANORAMA DO PENTECOSTALISMO NA AMÉRICA LATINA

Graciosamente o Pentecostalismo tem crescido e frutificado em solo brasileiro. Há anos nós estamos trabalhando em prol do Evangelho e nunca nos envergonhamos da nossa identidade. Sem dúvida, o Pentecostalismo tem sido um movimento expressivo no mundo, mas principalmente na América Latina. Por exemplo, uma pesquisa[1] promovida pelo Pew Research Center constatou que de todos os países da América Latina, aproximadamente metade dos protestantes ou mais dizem fazer parte de uma denominação pentecostal ou se identifica pessoalmente como um cristão pentecostal, independentemente de sua afiliação denominacional. A mesma pesquisa também apontou que em três países (República Dominicana, Brasil e Panamá) cerca de oito em cada dez protestantes pertencem a uma igreja pentecostal ou se identificam como pentecostais.[2] E em  Porto Rico, Nicarágua, Guatemala, Argentina, Honduras, Equador e Chile, aproximadamente dois terços ou mais protestantes são pentecostais por denominação, identificação pessoal ou ambos. Que coisa gloriosa!

Qual a raiz desse crescimento? Sem dúvida é a ação do Espírito Santo por meio da pregação da Palavra de Deus, testemunho pessoal, ensino e manifestações prodigiosas. Porém, existe algo que caracteriza e marca bastante o Movimento Pentecostal que são as experiências com Deus. Isso se dá pelo fato de nós termos uma práxis orientada principalmente pelo Evangelho de Lucas e Atos.

Como se configura então a identidade do Pentecostalismo e qual a necessidade de assumirmos isso hoje? É o que veremos a partir de agora.

UMA IDENTIDADE ESSENCIALMENTE PRÁTICA

Como bem elencou o teólogo pentecostal Robert Menzies, o Pentecostal vê as histórias de Atos como sua própria história. Dessa forma, existe uma ligação estrita e direta do Pentecostalismo com as Escrituras fazendo com que as experiências com Deus (sobrenaturais ou não) sejam apenas consequências naturais e esperadas do derramamento do Espírito Santo a partir de Atos 2.

E não é à toa que somos chamados de Pentecostais justamente pela relação e associação que existe entre o que ocorreu no Avivamento da Rua Azuza com o evento descrito e narrado pelo teólogo, historiador e evangelista Lucas em Atos 2 na festa do Pentecostes.

No livro de Atos podemos ler que haviam batismo no Espírito Santo, curas, milagres, manifestações de dons espirituais, pregação do Evangelho, conversões em massa, direção do Espírito, o Evangelho alcançando várias nações, dentre outras coisas. Os Pentecostais abraçaram essa causa, por isso é tão comum ver tais fenômenos em nosso meio.

Tais coisas deram forma ao Pentecostalismo e hoje faz parte da nossa identidade. Naturalmente, entendemos que essa é a nossa vocação e missão, portanto, no momento que abraçamos esse chamado, estamos assumindo nossa identidade Pentecostal. Essa característica (ou características) do Pentecostalismo são distintivos notáveis e inegociáveis. Abra mão disso se depare com um movimento morto, frio e sem espaço para a atuação do Espírito Santo. A identidade Pentecostal não se vale apenas de rótulos, mas principalmente de viver aquilo que se prega.

UMA IDENTIDADE SUPRA-DENOMINACIONAL

A Identidade Pentecostal não deve ser entendida apenas como algo que nos diferencia dos outros, mas também por aquilo que temos em comum entre si e com os outros. Mesmo dentro do Movimento Pentecostal, existem “Pentecostalismos”, pois esse é um Movimento em trânsito a todo momento. Nesse contexto, ele ganha forma, molda e é moldado.

Por isso que ele não está preso a nenhuma denominação específica. É claro que na condição de ser instrumento catalisador do Movimento Pentecostal, as denominações acabam influenciando a forma como se apresenta a identidade pentecostal, apesar disso, a nossa identidade nunca deve ser vista sob os olhos das nossas denominações, mas do Movimento como um todo, analisando questões históricas e teológicas (confessionais).

UMA IDENTIDADE QUE NÃO TEM MEDO DOS ESTERIÓTIPOS

Por ter um mínimo grau de parentesco e similaridade com as igrejas neopentecostais, muitas vezes o Pentecostalismo é confundido com o Neopentecostalismo. Essa confusão se dá também por conta de que de fato, algumas igrejas pentecostais abraçaram a liturgia e alguns elementos característico do neopentecostalismo.

Por conta disso, a nossa identidade é ameaçada e corre o risco de se diluir ou ser confundida com movimentos estranhos e que possuem conotações pejorativas no evangelicalismo brasileiro. Sendo assim, criou-se um esteriótipo de que Pentecostalismo e Neopentecostalismo são as mesmas coisas. O que nunca foi verdade... É por isso que discernir o ponto acima é bastante importante, pois, não é porque uma ou duas denominações fazem ou praticam coisas que se assemelham ao neopentecostalismo que sua identidade é Neopentecostal.

Como se isso não bastasse, vários outros estereótipos são fomentados e jogados na conta dos pentecostais. Como consequência, assumir uma identidade pentecostal é como incorrer no risco de ser visto de forma pejorativa. Já fui inibido de opinar ou fui visto como alguém inferior simplesmente por dizer que sou pentecostal.

Apesar de isso nunca ter nos intimidado, nós precisamos assumir nossa identidade para que fique claro o que é “óleo e o que é água” em nosso meio. Se não queremos ser confundidos com esses estereótipos pejorativos, que provemos então, seja em nossa liturgia, púlpito ou confissão teológica.

UMA IDENTIDADE PURAMENTE CRISTOCÊNTRICA E BÍBLICA

O Pentecostalismo tem sido muitas vezes acusado de não ser um movimento cristocêntrico, todavia, isso nunca foi verdade. Nós temos uma pneumatologia cristocêntrica, isto é, todas as ações e obras do Espírito Santo apontam e orientam para Jesus. Historicamente, fomos influenciados gigantescamente pelos impulsos teológicos de A.B. Simpson que via Jesus Cristo como Salvador, Curador, Batizador e Rei que em breve voltará! Essa foi a força motriz do Pentecostalismo: ter Cristo no centro. Embora o Batismo no Espírito Santo acompanhado pela evidencia inicial e física do falar em línguas, seja uma doutrina distintiva Pentecostalismo, missão e evangelismo são as atividades mais importantes desse movimento. Como bem defendeu e salientou o teólogo Pentecostal Robert P. Menzies:

“O Movimento Pentecostal não está centrado no Espírito, mas em Cristo. (...) Os Pentecostais ecoam a mensagem apostólica: Jesus é o Senhor. Jesus é quem batiza no Espírito. Observemos também que a fé e a prática Pentecostal emanam da Bíblia. É frequente retratarem os pentecostais como extremamente emocionais e experiencialmente conduzidos, mas essa é caricatura da imagem real. Embora os Pentecostais incentivem a experiência espiritual, fazem-no com um olho atento às Escrituras.” [3]

OS TRÊS TIPOS DE PENTECOSTAIS

Pentecostais por conta de Atos 2.  Temos que admitir que em certo sentido, todos os cristãos são pentecostais porque fazem parte (quer direta ou indiretamente) do Movimento que foi inaugurado em Atos 2. Mas esse sentido mais amplo do termo pentecostal não é usual nem recorrente na maioria dos cristãos que fazem parte de igrejas tradicionais. Portanto, seria um termo mais genérico, por assim dizer.

Pentecostais por conta da Teologia. Existem cristãos que não pertencem a denominações de matriz pentecostal, mas que se identificam ou se simpatizam com a teologia pentecostal, como é o caso do teólogo pentecostal Craig Keener que é um pastor batista, mas que sua teologia é confessionalmente pentecostal. Normalmente, essas pessoas já fizeram parte um dia de igrejas pentecostais ou tiveram algum tipo de contato com as mesmas. Ou seja, eles abraçam a teologia pentecostal, mas não pertencem a denominações dessa natureza.

Pentecostais por conta da Denominação. Há um grupo maior de cristãos, que naturalmente fazem parte de igrejas pentecostais e portanto, são pentecostais. No entanto, nem sempre quem faz parte de uma igreja pentecostal, abraça a teologia pentecostal. Por exemplo, no Brasil, há pentecostais que são assembleianos por tradição, mas que se simpatizam pela teologia reformada, às vezes, abandonando suas próprias crenças.

Bem, independente da denominação que você faz parte, a sua confissão e o seu modo de vida (testemunho cristão) determinará se você vive ou não uma identidade pentecostal. Por tanto, veremos agora algumas crenças que normalmente acompanham um verdadeiro pentecostal.

CRENÇAS COMUNS À MAIORIA DOS PENTECOSTAIS

Embora aqui e acolá, haja quem discorde de um ou dois pontos, a verdade é que há um conjunto de crenças que estão na boca e na cosmovisão de um verdadeiro Pentecostal. Se eu tivesse que fazer uma lista de crenças que normalmente são comuns entre os pentecostais, eu faria esta:

• Cremos que o homem não pode crer, a menos que seja alcançado pela graça preventiva e amorosa de Deus.

• Cremos que Deus elegeu segundo a Presciência aqueles que com o auxílio e dependência da graça, iriam crer e perseverar na fé.

• Cremos que Deus ama a todos e cada um dos homens, sem fazer distinção de gênero, cor ou povo, de forma amorosa e também salvívica.

• Cremos que a graça está envolvida em todo o processo da salvação (antes e depois), admitindo que é impossível ser salvo sem ela, mas que é possível resisti-la.

• Cremos que a salvação é mediante a fé. A fé não é a causa, apenas o instrumento.

• Cremos que ninguém pode continuar salvo, a menos que esteja em Cristo. A segurança está condicionada à perseverança graciosa.

• Cremos que o Batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e subsequente à salvação.

• Cremos que o Batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder evidenciado pelo sinal físico e inicial do falar em línguas (idiomáticas ou ininteligíveis).

• Cremos que o Pentecostes tem como fio condutor o Espírito Santo que aponta para Cristo, portanto, o Movimento Pentecostal é Cristocêntrico.

• Cremos na atualidade de todos os dons espirituais e ministeriais.

• Cremos que Jesus salva, cura, Batiza no Espírito Santo e com fogo e que em breve voltará para buscar a sua Igreja.

CARACTERÍSTICAS QUE ORNAMENTAM A INDENTIDADE PENTECOSTAL

Os Pentecostais são inclusivos, não inclusivistas! Desde o início do Movimento Pentecostal, podemos notar que vários tipos de segregações não puderam subsistir ao mover do Espírito Santo. Dentro de pouco tempo, homens, mulheres, negros, brancos, pobres, ricos, crianças e velhos, estavam sendo usados por Deus, podiam adorar juntos e recebiam o Batismo no Espírito Santo. Deus também concedia dons espirituais ao Seu povo. Essa característica moldou a identidade Pentecostal. No Pentecostalismo há espaço para todos trabalharem independente de cor, condição social, idade ou sexo. Mas os Pentecostais não são inclusivistas. O inclusivismo afirma que, embora um conjunto de crenças seja absolutamente verdadeiro, outros conjuntos de crenças são pelo menos parcialmente verdadeiros. Nós reconhecemos e praticamos a exclusividade do Evangelho. Só Jesus Salva e só Ele conduz o homem para o céu. O inclusivismo tende a dizer: Venha como como estais e permaneça como estais. O Pentecostal inclusivo diz: Venha como está, e seja moldado diariamente por aquele que é. Por isso que as igrejas pentecostais, por exemplo, não reconhecem como cristãs, igrejas que possuem membros gays, lésbicas ou de qualquer orientação sexual, que não aquela estabelecida pela Escritura: Macho e Fêmea.

Os Pentecostais são carismáticos[4], não misticistas. No Pentecostalismo, a manifestação dos dons espirituais ganha o seu devido lugar. É verdade que há excessos e abusos de manifestações em alguns círculos pentecostais, todavia, quem assim o faz, está deformando a identidade pentecostal. O Pentecostalismo autêntico, bíblico e equilibrado não permite que a desordem e a não decência ocupem qualquer uma das suas fileiras. Nós valorizamos sim as experiências, mas não a ponto de supervalorizá-las ou substituir as Escrituras pelas mesmas. Por isso que não podemos ser taxados como misticistas (misticismo). O misticismo é, dentre tantos significados, “a crença de que o conhecimento direto de Deus, a verdade espiritual ou a realidade última pode ser alcançado através da experiência subjetiva (como intuição ou insight).” Ele também é uma “vaga especulação: uma crença sem base sólida, uma teoria que postula a possibilidade de aquisição direta e intuitiva de conhecimento ou poder inefável.”[5] O misticismo não tem comprometimento nenhum com as Escrituras. É de se esperar que entre nós, ocorra naturalmente manifestações de dons espirituais. Sim, nós somos o povo do Espírito. Não podemos deixar que essa característica deixe de fazer parte da nossa identidade. Por exemplo, qualquer estudante do pentecostalismo aprende que o falar em línguas marcou nossa história e nos colocou como um movimento distinto. Mas talvez as coisas estejam tomando outro rumo. Na América do Norte, por exemplo, berço do Pentecostalismo, estima-se que em média apenas 5% a 35% dos pentecostais falam em línguas.[6] Essa é uma evidência de que nós precisamos falar sobre a nossa identidade pentecostal, a fim de que não deixemos para traz, elementos que estão impregnados na nossa história e legado.

Os Pentecostais são Missionais, não proselitistas! De acordo com o Atlas of Pentecostalism[7], 35.000 pessoas se juntam a igrejas pentecostais todos os dias. [8] Isso equivale a um crescimento anual de 12.600.000 pessoas. De dois bilhões de cristãos no mundo, ¼ agora é Pentecostal.[9] Esse crescimento tão rápido em tão pouco tempo se dá porque os pentecostais carregam consigo o DNA missionário. O ide de Jesus está impregnado no sangue e na mente do cristão pentecostal. Levamos a sério o chamado do Senhor e Ele é quem dá o crescimento. Enquanto alguns círculos protestantes sobrevivem de proselitismo, os pentecostais estão no campo, ganhando almas para Jesus. É por isso que o teólogo pentecostal Robert Menzies afirma que na “grande família cristã, essa ênfase é única e dá ao movimento pentecostal um etos profundamente missionário. Essa é, na minha opinião, uma das principais razões pelas quais as igrejas pentecostais estão crescendo.”[10]

Os Pentecostais são simples, não simplistas! O Avivamento Pentecostal começou num prédio em ruínas, mostrando que Deus não precisa de muita coisa para incendiar o mundo com as chamas do Evangelho. Os primeiros pentecostais não se importavam com a moda ou a forma, mas em buscar a face do Deus do Todo-Poderoso. As condições eram aparentemente desfavoráveis. Se não vejamos: A maioria dos que ali se reuniam eram negros, mulheres, pobres e analfabetos e vejam o que Deus fez! Deus deu voz a quem não tinha voz! Sem vitrine denominacional, todo o dinheiro ofertado em Azusa, ao invés de ser usado para construir templos megalomaníacos e suntuosos, eram usados para enviar missionários por todo o mundo. No Jornal circular da Missão em Azusa está escrito:

“Não temos anúncios - nada para anunciar, a não ser esta maravilhosa salvação que é gratuita para todos. Os escritores e trabalhadores do escritório vivem pela fé, fora do que vem para o jornal, e não publicamos nomes de editores. Todos trabalham pela honra e glória de Deus. Acreditamos que isso será uma proteção real para o jornal, para mantê-lo puro, pois, a menos que alguém seja cheio do amor de Deus, eles não desejam trabalhar sem honra ou dinheiro. Pegamos o jornal quando os meios chegam e não antes. Nenhuma dívida será formada. O Senhor pode detê-lo a qualquer momento que Ele escolher. Não receberemos cartas dizendo: "Meu trabalho não chegou a tempo", porque é o trabalho do Senhor. Ele fornece os meios. Estamos muito felizes por poder, através de ofertas enviadas, enviar este documento a milhares de almas famintas. Muitos não podem se dar ao luxo de assinar um trabalho, e mesmo 25 centavos é um imposto real para algumas viúvas pobres ou obreiros cristãos. Portanto, não cobramos nada. Pregamos e publicamos este Evangelho livremente. "De graça recebestes, de graça dai." Louvamos ao Senhor por nos permitir publicar e enviar 5.000 do número 1; 10.000 do número. 2; 30.000 do número. 3; e 30.000 novamente desta edição. Alguns receberam o Pentecostes lendo o jornal e enviamos todos com uma oração.” (The Apostolic Faith, Vol. I. No. 4. Los Angeles, Cal., December, 1906).

Este jornal chegou a circular com 320.000 cópias em suas edições mais tardias, sem cobrar nenhum centavo, apenas com as ofertas que chegavam livremente. O Senhor é quem faz isso, por isso que os pentecostais crescem tão rápido, principalmente nas classes sociais mais baixas. Nós falamos a linguagem do povo! Todavia, os pentecostais não são simplistas. É verdade sim que muitos obreiros pentecostais não tem formação, nem treinamento formal, mas isso não os impede de pregar as boas novas sob a dependência do Espírito Santo. Embora muitos pentecostais ainda sejam anti-intelectuais por cultura ou tradição, eles conhecem profundamente a Bíblia e possuem vida com Deus. Sua simplicidade os torna raquíticos e franzinos na fé e no Evangelho!

Os Pentecostais são destemidos, não radicalistas! O empoderamento do Espírito habilita e capacita os cristãos pentecostais a serem impetuosos e intrépidos, mas jamais radicalistas. Os Pentecostais não se expandem pelo uso da força, da intolerância e do fundamentalismo religioso como os muçulmanos por exemplo. Isso é inchação, não crescimento! Pelo contrário, é o SENHOR que soma mais pessoas às nossas fileiras todos os dias. Noutra edição do jornal “A Fé Apostólica” está registrado:

“Esse grande movimento é como uma pequena semente de mostarda plantada em Los Angeles. Criou raízes em um lugar humilde que provou ser um bom solo e, regado com rios do céu, logo estendeu seus galhos para cidades próximas como Long Beach e para Oakland. Logo os membros se espalharam para o norte e para longe sobre os estados do leste, e depois se espalharam pela Suécia e Índia. Agora está se espalhando por todo o mundo, e como é bonito e verde, e como os pássaros estão se alojando em seus galhos. Cristo está fazendo suas jóias rapidamente. Ó como está caindo a "última chuva". Ouvimos do Canadá, do leste e do sul o som da abundância de chuva. Louve a Deus. Está caindo na Suécia, na Noruega e chuvas refrescantes na Índia. Também ouvimos falar de gotas graciosas caindo em outras terras distantes. Ouvimos o estrondo dos carros do céu. Alguns estão tentando impedi-lo, mas você também pode tentar impedir que uma nuvem exploda nas montanhas. Essa coisa está nas mãos de Deus. Homens e mulheres rezam há anos para ver essa luz preciosa, rezam para ver Los Angeles revivida. Agora podemos ver os frutos do Pentecostes aqui, Deus curando as pessoas, salvando, santificando, batizando com o Espírito Santo, falando através do poder do Espírito e cantando em línguas desconhecidas, dando doces hinos do céu. Deus graciosamente respondeu às orações do Seu povo, embora muitos estejam cegos e não possam vê-lo; mas louve a Deus, nossos olhos viram essa grande salvação e devemos ser encorajados a seguir em frente como nunca antes.” (Vol. I. Número 10, Los Angeles, Cal. Setembro de 1907. Assinatura grátis).

Jamais podemos nos esquecer desse legado. O Senhor conta conosco para levar a chama do Evangelho Pentecostal por todo o mundo, como aconteceu nos dias antigos. Você está disposto a assumir esse chamado?

Os Pentecostais são santos, não legalistas! É inegável que os Pentecostais beberam bastante das igrejas holiness. Por isso, mensagens sobre santidade e santificação são comuns em nosso meio. O cultivo de uma vida de santidade e piedade marca e caracteriza as nossas igrejas. Conforme os tempos se passaram, o legalismo tentou se infiltrar como uma erva daninha, ocupando espaço entre muitos de nós. Até os dias de hoje sofremos com algumas cicatrizes desse grande mal que ainda persiste em alguns arraiais pentecostais, no entanto, a nossa identidade não nos permite que vivamos como legalistas, pois o Espírito que nos guia é livre e nos livra de todas as amarras culturais, espirituais e dogmáticas. Convocamos todos os pentecostais a viver em santidade, conforme nos enfatiza a “Declaração das Verdades Fundamentais”[11] (1916):

“As Sagradas Escrituras ensinam em suas páginas que o homem deve viver uma vida de santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor. Mediante o poder outorgado pelo Espírito Santo, poderemos obedecer ao mandamento que diz: ‘Sejam santos, porque eu sou santo.’ Deus deseja que o crente experimente completa santificação, a qual deve-se procurar seriamente mediante a obediência ao Senhor (Hebreus 12.14; 1 Pedro 1.15,16; 1 Tessalonicenses 5.23, 24; 1 João 2.6).” [12]

Os Pentecostais são espirituais, não espiritualistas! Os espiritualistas existem e até conseguiram espaço nas igrejas pentecostais, pela ingenuidade e sensibilidade de muitos irmãos, todavia, no verdadeiro pentecostalismo não há espaço para confusão, desordem e indecência.  Os pentecostais desenvolvem uma vida de oração, jejum, adoração a Deus e leitura da Palavra. Isto é ser espiritual. Promover contendas, rebeldias, culto aos dons, supervalorização de experiencias, falsas profecias, sensacionalismo é coisa de espiritualista. Cuidado meus irmãos, para que não confundamos o fogo estranho com o fogo verdadeiro, do Espírito, que arde e queima os nossos corações!

Conclusão: Depois de aprendermos acerca da nossa identidade teológica e histórica, o desafio agora é fortalecê-la todos os dias. Fazer isso é cuidar do nosso povo, da nossa herança e das nossas crenças! O Pentecostalismo é a resposta de Deus para o nosso tempo, mas longe de ser uma receita de bolo, está sempre em movimento! Por isso, existe tanta diversidade dentro do pentecostalismo. Essa diversidade é saudável enquanto preservar o nosso ethos [13]. Mas a partir do momento que despreza ou minimiza a nossa identidade, abre espaço para o surgimento de aberrações. Sendo assim, Deus conta com você para assumir essa responsabilidade. Esse é o nosso compromisso, essa é a nossa missão!






[1] Este relatório examina afiliações, crenças e práticas religiosas em 18 países e um país
território (Porto Rico) na América Latina e no Caribe. É baseado em mais de 30.000
entrevistas presenciais, realizadas entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014, em espanhol,
Português e Guarani. A pesquisa foi realizada como parte do Pew-Templeton Global
Projeto Futuros Religiosos, que analisa as mudanças religiosas e seu impacto nas sociedades do mundo todo mundo.
[3] MENZIES, Robert P. Pentecostes. Rio de Janeiro, CPAD, p. 17.
[4] Carismáticos aqui não no sentido moderno do termo (os carismáticos são um grupo distintos dos pentecostais embora esbarrem e tenham em comum algumas doutrinas e práticas), mas relativo aos dons espirituais.
[6] SYNAN, Vinson (edit). O Século do Espírito Santo. São Paulo: Vida, 2011. Pg. 521
[7] Atlas of Pentecostalism é um banco de dados dinâmico on-line, que mapeia visualmente o crescimento estupendo do pentecostalismo global como uma religião diversificada e em rede. O banco de dados usa crowdsourcing global, big data, cinematografia, entrevistas e colaborações acadêmicas para fornecer uma perspectiva independente do pentecostalismo à medida que evolui.
[9]  Até as 21:32 do dia 11/10/2019, o contador mostrava em tempo real que existe 553.547.872 de cristãos pentecostais.
[10] MENZIES, Robert P. Pentecostes. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 95.
[11] Consiste num documento de seis páginas produzidos pelo Conselho Geral das Assembleias de Deus, onde estabelece dezesseis doutrinas, inegociáveis para quem quiser aderir à Assembleia de Deus.
[12] GUNDRY, Stanley (Edit). Cinco Perspectivas sobre a Santificação. São Paulo: Vida, 2006.
[13] Modo de ser, caráter moral, conjunto de traços, hábitos, costumes e valores.

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