(Por
Everton Edvaldo)
PANORAMA
DO PENTECOSTALISMO NA AMÉRICA LATINA
Graciosamente
o Pentecostalismo tem crescido e frutificado em solo brasileiro. Há anos nós
estamos trabalhando em prol do Evangelho e nunca nos envergonhamos da nossa
identidade. Sem dúvida, o Pentecostalismo tem sido um movimento expressivo no
mundo, mas principalmente na América Latina. Por exemplo, uma pesquisa[1] promovida pelo Pew
Research Center constatou que de todos os países da América Latina,
aproximadamente metade dos protestantes ou mais dizem fazer parte de uma
denominação pentecostal ou se identifica pessoalmente como um cristão
pentecostal, independentemente de sua afiliação denominacional. A mesma
pesquisa também apontou que em três países (República Dominicana, Brasil e Panamá)
cerca de oito em cada dez protestantes pertencem a uma igreja pentecostal ou se
identificam como pentecostais.[2] E em Porto Rico, Nicarágua, Guatemala, Argentina,
Honduras, Equador e Chile, aproximadamente dois terços ou mais protestantes são
pentecostais por denominação, identificação pessoal ou ambos. Que coisa
gloriosa!
Qual a
raiz desse crescimento? Sem dúvida é a ação do Espírito Santo por meio da
pregação da Palavra de Deus, testemunho pessoal, ensino e manifestações
prodigiosas. Porém, existe algo que caracteriza e marca bastante o Movimento
Pentecostal que são as experiências com Deus. Isso se dá pelo fato de nós
termos uma práxis orientada principalmente pelo Evangelho de Lucas e
Atos.
Como
se configura então a identidade do Pentecostalismo e qual a necessidade de
assumirmos isso hoje? É o que veremos a partir de agora.
UMA
IDENTIDADE ESSENCIALMENTE PRÁTICA
Como
bem elencou o teólogo pentecostal Robert Menzies, o Pentecostal vê as histórias
de Atos como sua própria história. Dessa forma, existe uma ligação estrita e
direta do Pentecostalismo com as Escrituras fazendo com que as experiências com
Deus (sobrenaturais ou não) sejam apenas consequências naturais e esperadas do
derramamento do Espírito Santo a partir de Atos 2.
E não
é à toa que somos chamados de Pentecostais justamente pela relação e associação
que existe entre o que ocorreu no Avivamento da Rua Azuza com o evento descrito
e narrado pelo teólogo, historiador e evangelista Lucas em Atos 2 na festa do
Pentecostes.
No
livro de Atos podemos ler que haviam batismo no Espírito Santo, curas,
milagres, manifestações de dons espirituais, pregação do Evangelho, conversões
em massa, direção do Espírito, o Evangelho alcançando várias nações, dentre
outras coisas. Os Pentecostais abraçaram essa causa, por isso é tão comum ver
tais fenômenos em nosso meio.
Tais
coisas deram forma ao Pentecostalismo e hoje faz parte da nossa identidade. Naturalmente,
entendemos que essa é a nossa vocação e missão, portanto, no momento que
abraçamos esse chamado, estamos assumindo nossa identidade Pentecostal. Essa
característica (ou características) do Pentecostalismo são distintivos notáveis
e inegociáveis. Abra mão disso se depare com um movimento morto, frio e sem
espaço para a atuação do Espírito Santo. A identidade Pentecostal não se vale
apenas de rótulos, mas principalmente de viver aquilo que se prega.
UMA
IDENTIDADE SUPRA-DENOMINACIONAL
A
Identidade Pentecostal não deve ser entendida apenas como algo que nos
diferencia dos outros, mas também por aquilo que temos em comum entre si e com
os outros. Mesmo dentro do Movimento Pentecostal, existem “Pentecostalismos”,
pois esse é um Movimento em trânsito a todo momento. Nesse contexto, ele ganha
forma, molda e é moldado.
Por
isso que ele não está preso a nenhuma denominação específica. É claro que na
condição de ser instrumento catalisador do Movimento Pentecostal, as denominações
acabam influenciando a forma como se apresenta a identidade pentecostal, apesar
disso, a nossa identidade nunca deve ser vista sob os olhos das nossas
denominações, mas do Movimento como um todo, analisando questões históricas e
teológicas (confessionais).
UMA
IDENTIDADE QUE NÃO TEM MEDO DOS ESTERIÓTIPOS
Por
ter um mínimo grau de parentesco e similaridade com as igrejas neopentecostais,
muitas vezes o Pentecostalismo é confundido com o Neopentecostalismo. Essa
confusão se dá também por conta de que de fato, algumas igrejas pentecostais
abraçaram a liturgia e alguns elementos característico do neopentecostalismo.
Por
conta disso, a nossa identidade é ameaçada e corre o risco de se diluir ou ser
confundida com movimentos estranhos e que possuem conotações pejorativas no
evangelicalismo brasileiro. Sendo assim, criou-se um esteriótipo de que
Pentecostalismo e Neopentecostalismo são as mesmas coisas. O que nunca foi
verdade... É por isso que discernir o ponto acima é bastante importante, pois,
não é porque uma ou duas denominações fazem ou praticam coisas que se
assemelham ao neopentecostalismo que sua identidade é Neopentecostal.
Como
se isso não bastasse, vários outros estereótipos são fomentados e jogados na
conta dos pentecostais. Como consequência, assumir uma identidade pentecostal é
como incorrer no risco de ser visto de forma pejorativa. Já fui inibido de
opinar ou fui visto como alguém inferior simplesmente por dizer que sou
pentecostal.
Apesar
de isso nunca ter nos intimidado, nós precisamos assumir nossa identidade para
que fique claro o que é “óleo e o que é água” em nosso meio. Se não
queremos ser confundidos com esses estereótipos pejorativos, que provemos
então, seja em nossa liturgia, púlpito ou confissão teológica.
UMA
IDENTIDADE PURAMENTE CRISTOCÊNTRICA E BÍBLICA
O
Pentecostalismo tem sido muitas vezes acusado de não ser um movimento
cristocêntrico, todavia, isso nunca foi verdade. Nós temos uma pneumatologia
cristocêntrica, isto é, todas as ações e obras do Espírito Santo apontam e
orientam para Jesus. Historicamente, fomos influenciados gigantescamente pelos
impulsos teológicos de A.B. Simpson que via Jesus Cristo como Salvador,
Curador, Batizador e Rei que em breve voltará! Essa foi a força motriz do
Pentecostalismo: ter Cristo no centro. Embora o Batismo no Espírito Santo
acompanhado pela evidencia inicial e física do falar em línguas, seja uma
doutrina distintiva Pentecostalismo, missão e evangelismo são as atividades
mais importantes desse movimento. Como bem defendeu e salientou o teólogo
Pentecostal Robert P. Menzies:
“O Movimento Pentecostal não está
centrado no Espírito, mas em Cristo. (...) Os Pentecostais ecoam a mensagem
apostólica: Jesus é o Senhor. Jesus é quem batiza no Espírito. Observemos
também que a fé e a prática Pentecostal emanam da Bíblia. É frequente
retratarem os pentecostais como extremamente emocionais e experiencialmente
conduzidos, mas essa é caricatura da imagem real. Embora os Pentecostais
incentivem a experiência espiritual, fazem-no com um olho atento às
Escrituras.” [3]
OS
TRÊS TIPOS DE PENTECOSTAIS
Pentecostais
por conta de Atos 2. Temos que admitir que em certo
sentido, todos os cristãos são pentecostais porque fazem parte (quer direta ou
indiretamente) do Movimento que foi inaugurado em Atos 2. Mas esse sentido mais
amplo do termo pentecostal não é usual nem recorrente na maioria dos cristãos
que fazem parte de igrejas tradicionais. Portanto, seria um termo mais
genérico, por assim dizer.
Pentecostais
por conta da Teologia. Existem cristãos que não pertencem a
denominações de matriz pentecostal, mas que se identificam ou se simpatizam com
a teologia pentecostal, como é o caso do teólogo pentecostal Craig Keener que é
um pastor batista, mas que sua teologia é confessionalmente pentecostal.
Normalmente, essas pessoas já fizeram parte um dia de igrejas pentecostais ou tiveram
algum tipo de contato com as mesmas. Ou seja, eles abraçam a teologia
pentecostal, mas não pertencem a denominações dessa natureza.
Pentecostais
por conta da Denominação. Há um grupo maior de cristãos, que
naturalmente fazem parte de igrejas pentecostais e portanto, são pentecostais.
No entanto, nem sempre quem faz parte de uma igreja pentecostal, abraça a
teologia pentecostal. Por exemplo, no Brasil, há pentecostais que são
assembleianos por tradição, mas que se simpatizam pela teologia reformada, às
vezes, abandonando suas próprias crenças.
Bem,
independente da denominação que você faz parte, a sua confissão e o seu modo de
vida (testemunho cristão) determinará se você vive ou não uma identidade
pentecostal. Por tanto, veremos agora algumas crenças que normalmente
acompanham um verdadeiro pentecostal.
CRENÇAS
COMUNS À MAIORIA DOS PENTECOSTAIS
Embora
aqui e acolá, haja quem discorde de um ou dois pontos, a verdade é que há um
conjunto de crenças que estão na boca e na cosmovisão de um verdadeiro Pentecostal.
Se eu tivesse que fazer uma lista de crenças que normalmente são comuns entre
os pentecostais, eu faria esta:
• Cremos
que o homem não pode crer, a menos que seja alcançado pela graça preventiva e
amorosa de Deus.
•
Cremos que Deus elegeu segundo a Presciência aqueles que com o auxílio e
dependência da graça, iriam crer e perseverar na fé.
•
Cremos que Deus ama a todos e cada um dos homens, sem fazer distinção de
gênero, cor ou povo, de forma amorosa e também salvívica.
•
Cremos que a graça está envolvida em todo o processo da salvação (antes e
depois), admitindo que é impossível ser salvo sem ela, mas que é possível
resisti-la.
•
Cremos que a salvação é mediante a fé. A fé não é a causa, apenas o
instrumento.
•
Cremos que ninguém pode continuar salvo, a menos que esteja em Cristo. A
segurança está condicionada à perseverança graciosa.
•
Cremos que o Batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e subsequente à
salvação.
•
Cremos que o Batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder evidenciado
pelo sinal físico e inicial do falar em línguas (idiomáticas ou
ininteligíveis).
•
Cremos que o Pentecostes tem como fio condutor o Espírito Santo que aponta para
Cristo, portanto, o Movimento Pentecostal é Cristocêntrico.
•
Cremos na atualidade de todos os dons espirituais e ministeriais.
•
Cremos que Jesus salva, cura, Batiza no Espírito Santo e com fogo e que em
breve voltará para buscar a sua Igreja.
CARACTERÍSTICAS
QUE ORNAMENTAM A INDENTIDADE PENTECOSTAL
Os Pentecostais são inclusivos, não inclusivistas! Desde o início do Movimento Pentecostal, podemos notar que vários
tipos de segregações não puderam subsistir ao mover do Espírito Santo. Dentro
de pouco tempo, homens, mulheres, negros, brancos, pobres, ricos, crianças e
velhos, estavam sendo usados por Deus, podiam adorar juntos e recebiam o
Batismo no Espírito Santo. Deus também concedia dons espirituais ao Seu povo.
Essa característica moldou a identidade Pentecostal. No Pentecostalismo há
espaço para todos trabalharem independente de cor, condição social, idade ou
sexo. Mas os Pentecostais não são inclusivistas. O inclusivismo afirma que,
embora um conjunto de crenças seja absolutamente verdadeiro, outros conjuntos
de crenças são pelo menos parcialmente verdadeiros. Nós reconhecemos e praticamos
a exclusividade do Evangelho. Só Jesus Salva e só Ele conduz o homem para o
céu. O inclusivismo tende a dizer: Venha como como estais e permaneça como
estais. O Pentecostal inclusivo diz: Venha como está, e seja moldado
diariamente por aquele que é. Por isso que as igrejas pentecostais, por
exemplo, não reconhecem como cristãs, igrejas que possuem membros gays,
lésbicas ou de qualquer orientação sexual, que não aquela estabelecida pela
Escritura: Macho e Fêmea.
Os Pentecostais são carismáticos[4],
não misticistas. No Pentecostalismo, a manifestação
dos dons espirituais ganha o seu devido lugar. É verdade que há excessos e
abusos de manifestações em alguns círculos pentecostais, todavia, quem assim o
faz, está deformando a identidade pentecostal. O Pentecostalismo autêntico,
bíblico e equilibrado não permite que a desordem e a não decência ocupem
qualquer uma das suas fileiras. Nós valorizamos sim as experiências, mas não a
ponto de supervalorizá-las ou substituir as Escrituras pelas mesmas. Por isso
que não podemos ser taxados como misticistas (misticismo). O misticismo é,
dentre tantos significados, “a crença de que o conhecimento direto de Deus, a
verdade espiritual ou a realidade última pode ser alcançado através da
experiência subjetiva (como intuição ou insight).” Ele também é uma “vaga
especulação: uma crença sem base sólida, uma teoria que postula a possibilidade
de aquisição direta e intuitiva de conhecimento ou poder inefável.”[5] O
misticismo não tem comprometimento nenhum com as Escrituras. É de se esperar que
entre nós, ocorra naturalmente manifestações de dons espirituais. Sim, nós
somos o povo do Espírito. Não podemos deixar que essa característica deixe de
fazer parte da nossa identidade. Por exemplo, qualquer estudante do pentecostalismo
aprende que o falar em línguas marcou nossa história e nos colocou como um
movimento distinto. Mas talvez as coisas estejam tomando outro rumo. Na América
do Norte, por exemplo, berço do Pentecostalismo, estima-se que em média apenas
5% a 35% dos pentecostais falam em línguas.[6] Essa é
uma evidência de que nós precisamos falar sobre a nossa identidade pentecostal,
a fim de que não deixemos para traz, elementos que estão impregnados na nossa
história e legado.
Os Pentecostais são Missionais, não proselitistas! De acordo com o Atlas of Pentecostalism[7],
35.000 pessoas se juntam a igrejas pentecostais todos os dias. [8] Isso
equivale a um crescimento anual de 12.600.000 pessoas. De dois bilhões de
cristãos no mundo, ¼ agora é Pentecostal.[9] Esse
crescimento tão rápido em tão pouco tempo se dá porque os pentecostais carregam
consigo o DNA missionário. O ide de Jesus está impregnado no sangue e na mente
do cristão pentecostal. Levamos a sério o chamado do Senhor e Ele é quem dá o
crescimento. Enquanto alguns círculos protestantes sobrevivem de proselitismo,
os pentecostais estão no campo, ganhando almas para Jesus. É por isso que o
teólogo pentecostal Robert Menzies afirma que na “grande família cristã, essa
ênfase é única e dá ao movimento pentecostal um etos profundamente missionário.
Essa é, na minha opinião, uma das principais razões pelas quais as igrejas
pentecostais estão crescendo.”[10]
Os Pentecostais são simples, não simplistas! O Avivamento Pentecostal começou num prédio em ruínas, mostrando
que Deus não precisa de muita coisa para incendiar o mundo com as chamas do
Evangelho. Os primeiros pentecostais não se importavam com a moda ou a forma,
mas em buscar a face do Deus do Todo-Poderoso. As condições eram aparentemente
desfavoráveis. Se não vejamos: A maioria dos que ali se reuniam eram negros,
mulheres, pobres e analfabetos e vejam o que Deus fez! Deus deu voz a quem não
tinha voz! Sem vitrine denominacional, todo o dinheiro ofertado em Azusa, ao
invés de ser usado para construir templos megalomaníacos e suntuosos, eram
usados para enviar missionários por todo o mundo. No Jornal circular da Missão
em Azusa está escrito:
“Não temos anúncios - nada para anunciar, a não ser esta maravilhosa
salvação que é gratuita para todos. Os escritores e trabalhadores do
escritório vivem pela fé, fora do que vem para o jornal, e não publicamos nomes
de editores. Todos trabalham pela honra e glória de Deus. Acreditamos
que isso será uma proteção real para o jornal, para mantê-lo puro, pois, a
menos que alguém seja cheio do amor de Deus, eles não desejam trabalhar sem
honra ou dinheiro. Pegamos o jornal quando os meios chegam e não antes. Nenhuma
dívida será formada. O Senhor pode detê-lo a qualquer momento que Ele
escolher. Não receberemos cartas dizendo: "Meu trabalho não chegou a
tempo", porque é o trabalho do Senhor. Ele fornece os meios. Estamos
muito felizes por poder, através de ofertas enviadas, enviar este documento a
milhares de almas famintas. Muitos não podem se dar ao luxo de assinar um
trabalho, e mesmo 25 centavos é um imposto real para algumas viúvas pobres ou
obreiros cristãos. Portanto, não cobramos nada. Pregamos e publicamos
este Evangelho livremente. "De graça recebestes, de graça dai."
Louvamos ao Senhor por nos permitir publicar e enviar 5.000 do número
1; 10.000 do número. 2; 30.000 do número. 3; e 30.000 novamente
desta edição. Alguns receberam o Pentecostes lendo o jornal e enviamos
todos com uma oração.” (The Apostolic Faith, Vol. I. No. 4. Los Angeles, Cal.,
December, 1906).
Este jornal chegou a circular com 320.000
cópias em suas edições mais tardias, sem cobrar nenhum centavo, apenas com as
ofertas que chegavam livremente. O Senhor é quem faz isso, por isso que os
pentecostais crescem tão rápido, principalmente nas classes sociais mais
baixas. Nós falamos a linguagem do povo! Todavia, os pentecostais não são
simplistas. É verdade sim que muitos obreiros pentecostais não tem formação,
nem treinamento formal, mas isso não os impede de pregar as boas novas sob a
dependência do Espírito Santo. Embora muitos pentecostais ainda sejam anti-intelectuais
por cultura ou tradição, eles conhecem profundamente a Bíblia e possuem vida
com Deus. Sua simplicidade os torna raquíticos e franzinos na fé e no
Evangelho!
Os Pentecostais são destemidos, não radicalistas! O empoderamento do Espírito habilita e capacita os cristãos
pentecostais a serem impetuosos e intrépidos, mas jamais radicalistas. Os
Pentecostais não se expandem pelo uso da força, da intolerância e do
fundamentalismo religioso como os muçulmanos por exemplo. Isso é inchação, não
crescimento! Pelo contrário, é o SENHOR que soma mais pessoas às nossas
fileiras todos os dias. Noutra edição do jornal “A Fé Apostólica” está
registrado:
“Esse grande movimento é
como uma pequena semente de mostarda plantada em Los Angeles. Criou raízes
em um lugar humilde que provou ser um bom solo e, regado com rios do céu, logo
estendeu seus galhos para cidades próximas como Long Beach e para
Oakland. Logo os membros se espalharam para o norte e para longe sobre os
estados do leste, e depois se espalharam pela Suécia e Índia. Agora está
se espalhando por todo o mundo, e como é bonito e verde, e como os pássaros
estão se alojando em seus galhos. Cristo está fazendo suas jóias
rapidamente. Ó como está caindo a "última chuva". Ouvimos
do Canadá, do leste e do sul o som da abundância de chuva. Louve a
Deus. Está caindo na Suécia, na Noruega e chuvas refrescantes na
Índia. Também ouvimos falar de gotas graciosas caindo em outras terras
distantes. Ouvimos o estrondo dos carros do céu. Alguns estão
tentando impedi-lo, mas você também pode tentar impedir que uma nuvem exploda
nas montanhas. Essa coisa está nas mãos de Deus. Homens e mulheres rezam
há anos para ver essa luz preciosa, rezam para ver Los Angeles
revivida. Agora podemos ver os frutos do Pentecostes aqui, Deus curando as
pessoas, salvando, santificando, batizando com o Espírito Santo, falando
através do poder do Espírito e cantando em línguas desconhecidas, dando doces
hinos do céu. Deus graciosamente respondeu às orações do Seu povo, embora
muitos estejam cegos e não possam vê-lo; mas louve a Deus, nossos olhos
viram essa grande salvação e devemos ser encorajados a seguir em frente como
nunca antes.” (Vol. I. Número 10, Los Angeles, Cal. Setembro de 1907.
Assinatura grátis).
Jamais podemos nos
esquecer desse legado. O Senhor conta conosco para levar a chama do Evangelho
Pentecostal por todo o mundo, como aconteceu nos dias antigos. Você está
disposto a assumir esse chamado?
Os Pentecostais são santos, não legalistas! É inegável que os Pentecostais beberam bastante das igrejas holiness.
Por isso, mensagens sobre santidade e santificação são comuns em nosso
meio. O cultivo de uma vida de santidade e piedade marca e caracteriza as
nossas igrejas. Conforme os tempos se passaram, o legalismo tentou se infiltrar
como uma erva daninha, ocupando espaço entre muitos de nós. Até os dias de hoje
sofremos com algumas cicatrizes desse grande mal que ainda persiste em alguns
arraiais pentecostais, no entanto, a nossa identidade não nos permite que
vivamos como legalistas, pois o Espírito que nos guia é livre e nos livra de
todas as amarras culturais, espirituais e dogmáticas. Convocamos todos os
pentecostais a viver em santidade, conforme nos enfatiza a “Declaração das
Verdades Fundamentais”[11] (1916):
“As Sagradas Escrituras
ensinam em suas páginas que o homem deve viver uma vida de santidade, sem a
qual ninguém verá o Senhor. Mediante o poder outorgado pelo Espírito Santo,
poderemos obedecer ao mandamento que diz: ‘Sejam santos, porque eu sou santo.’
Deus deseja que o crente experimente completa santificação, a qual deve-se
procurar seriamente mediante a obediência ao Senhor (Hebreus 12.14; 1 Pedro
1.15,16; 1 Tessalonicenses 5.23, 24; 1 João 2.6).” [12]
Os Pentecostais são espirituais, não espiritualistas! Os espiritualistas existem e até conseguiram espaço nas igrejas
pentecostais, pela ingenuidade e sensibilidade de muitos irmãos, todavia, no
verdadeiro pentecostalismo não há espaço para confusão, desordem e indecência. Os pentecostais desenvolvem uma vida de
oração, jejum, adoração a Deus e leitura da Palavra. Isto é ser espiritual. Promover
contendas, rebeldias, culto aos dons, supervalorização de experiencias, falsas
profecias, sensacionalismo é coisa de espiritualista. Cuidado meus irmãos, para
que não confundamos o fogo estranho com o fogo verdadeiro, do Espírito, que
arde e queima os nossos corações!
Conclusão:
Depois
de aprendermos acerca da nossa identidade teológica e histórica, o desafio
agora é fortalecê-la todos os dias. Fazer isso é cuidar do nosso povo, da nossa
herança e das nossas crenças! O Pentecostalismo é a resposta de Deus para o
nosso tempo, mas longe de ser uma receita de bolo, está sempre em movimento!
Por isso, existe tanta diversidade dentro do pentecostalismo. Essa diversidade
é saudável enquanto preservar o nosso ethos [13].
Mas a partir do momento que despreza ou minimiza a nossa identidade, abre
espaço para o surgimento de aberrações. Sendo assim, Deus conta com você para assumir
essa responsabilidade. Esse é o nosso compromisso, essa é a nossa missão!
[1]
Este relatório examina afiliações, crenças e práticas religiosas em 18 países e
um país
território (Porto Rico) na
América Latina e no Caribe. É baseado em mais de 30.000
entrevistas presenciais,
realizadas entre outubro de 2013 e fevereiro de 2014, em espanhol,
Português e Guarani. A
pesquisa foi realizada como parte do Pew-Templeton Global
Projeto Futuros Religiosos,
que analisa as mudanças religiosas e seu impacto nas sociedades do mundo todo mundo.
[2]
https://www.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/7/2014/11/Religion-in-Latin-America-11-12-PM-full-PDF.pdf.
Acesso 09/10;2019. Às 03:15.
[3] MENZIES, Robert P. Pentecostes. Rio de
Janeiro, CPAD, p. 17.
[4] Carismáticos aqui não no sentido moderno
do termo (os carismáticos são um grupo distintos dos pentecostais embora
esbarrem e tenham em comum algumas doutrinas e práticas), mas relativo aos dons
espirituais.
[6] SYNAN, Vinson (edit). O Século do
Espírito Santo. São Paulo: Vida, 2011. Pg. 521
[7] Atlas of Pentecostalism é um banco de dados dinâmico on-line,
que mapeia visualmente o crescimento estupendo do pentecostalismo global como
uma religião diversificada e em rede. O banco de dados usa crowdsourcing
global, big data, cinematografia, entrevistas e colaborações acadêmicas para
fornecer uma perspectiva independente do pentecostalismo à medida que evolui.
[9] Até as 21:32 do dia 11/10/2019, o contador
mostrava em tempo real que existe 553.547.872 de cristãos pentecostais.
[10] MENZIES, Robert P. Pentecostes. Rio de
Janeiro: CPAD, 2016, p. 95.
[11] Consiste num documento de seis páginas produzidos
pelo Conselho Geral das
Assembleias de Deus, onde estabelece dezesseis
doutrinas, inegociáveis para quem quiser aderir à Assembleia de Deus.
[12] GUNDRY, Stanley (Edit). Cinco
Perspectivas sobre a Santificação. São Paulo: Vida, 2006.
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