Por Everton Edvaldo
Uma das verdades mais inevitáveis da vida é que quando as questões mudam, as respostas também devem mudar. Isso se aplica a todas às grandes questões do tempo. Depois da Segunda Guerra Mundial, os Pentecostais passaram a se aproximar cada vez mais com os Evangélicos e vice versa. Essa mudança de atmosfera promoveu uma alteração significativa em nosso movimento, pois uma vez que cada dia mais estávamos adentrando no mundo acadêmico, logo veio a identificação com a Hermenêutica do Evangelicalismo que por um lado, apoia boa parte das doutrinas que cremos e que por outro, apresenta grandes desafios aos nossos distintivos, tornando nossas antigas respostas inadequadas para o novo contexto. James Dunn foi um dos que apontou a falha metodológica dos argumentos tradicionais dos Pentecostais e a falha era gritante: tratar o Novo Testamento como se fosse um todo homogêneo. Dunn foi além: propôs uma abordagem menos conflituosa: Tomar cada autor e livro separadamente em seus próprios termos e contextos e uma vez entendido isso, o teólogo ou interpréte está livre para interagir com outros blocos e autores da Bíblia. A partir daí, o foco muda da Teologia Sistemática para a Teologia Bíblica. A segunda procura analisar os autores bíblicos em seus próprios termos. Se apropriando sabiamente da Crítica da Redação e da Forma, I. Marshall foi um dos primeiros a introduzir no meio evangélico o conceito de que cada autor bíblico tem sua própria teologia e agenda teológica. Essa abordagem foi absorvida por boa parte dos acadêmicos Pentecostais (como Robert Menzies, Roger Stronstad, Donald John e vários outros) e aplicada à plataforma de discussão da Doutrina da Subsequência e Evidência Inicial, possui as seguintes características:
1- A Pneumatologia de Lucas é diferente da de Paulo. E isso se dá porque a teologia (não somente a ênfase) de cada um é diferente.
2- Por outro lado, essa distinção não é contraditória, mas complementar. Isto é, Paulo e Lucas se complementam em suas divergências teológicas.
3- Naturalmente, isto não significa dizer que não haja pontos de convergência (em comum) entre os dois.
4- As diferenças teológicas fazem parte do desenvolvimento harmonioso ao invés de contradições irreconhecíveis. Ou seja, elas podem ser reconhciliáveis, mas somente depois de analisadas em seus próprios termos.
5- Isto também significa que os termos comuns entre Paulo e Lucas, nem sempre apontam para a mesma verdade. Por exemplo, para Lucas, a língua é sinal do Batismo no Espírito Santo. Para Paulo, a terminologia é usada para se referir ao dom de variedade. Paulo fala do Batismo no Espírito (ou pelo Espírito) na conversão, enquanto que Lucas fala de um batismo logicamente distinto da conversão. Para Lucas, ser cheio do Espírito significa manifestar carismas e demonstrações externas, proféticas e poderosas do Espírito. Para Paulo, a ética é o que caracteriza a plenitude do Espírito. Paulo coloca como crucial a observação do aspecto do caráter na ordenação de pessoas ao Ministério, enquanto que Lucas, observa mais o aspecto carismático.
6- Mesmo que as crenças de Paulo ou qualquer outro personagem bíblico estejam dentro do corpo escriturístico Lucano, ainda assim eles estão dentro da seleção teológica de Lucas. A Teologia Lucana recebe influências de várias fontes (inclusive apostólica) mas como produto final e no todo, é uma contribuição singular e distinta da de Paulo.
7- A distinção teológica entre ambos os escritores diz respeito apenas ao que eles produziram por escrito. Isto significa dizer que não estamos ensinando que Paulo não cria no que Lucas cria e vise versa.
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