9 de novembro de 2018

10 dicas para estudar a Bíblia com eficácia



1. Ore antes de abrir a Bíblia. Na oração você pode agradecer pela oportunidade e pedir direção a Deus para que possa estar lendo, entendendo e colocando em prática.



2- Leia o texto/passagem que você deseja estudar, várias vezes, devagar e meditando. Ler um texto mais de uma vez, além de te ajudar a gravar (assimilar o conteúdo de forma mais efetiva), fará com que você perceba detalhes que numa leitura mais rápida não identificaria. Se possível, leia o mesmo texto em várias traduções da Bíblia (ex: ARA, ARC, A21, ACF, NVI, NVT). Faça isso sem pressa, meditando e refletindo.



3- Leia o contexto (o que vem antes e depois da passagem). Se necessário, leia o livro de todo. Nunca estude um versículo de maneira isolada. Essa terceira dica nos previne, por exemplo, de cair no grave erro de isolar uma passagem inteira ou um versículo do seu contexto. Nós temos que ter em mente que aquela passagem que estamos estudando é apenas parte de um todo, e muitas vezes, para entendê-la, precisaremos recorrer ao todo. A princípio, consultar o contexto literário (o que vem antes e depois da passagem) já é um avanço, mas haverá casos em que você terá de ler o livro inteiro para o compreender melhor a passagem.



4. Faça perguntas ao texto do tipo: Quem escreveu? Para quem escreveu? Quando escreveu? Porque escreveu? Onde escreveu? Isso vai te ajudar a entender  contexto histórico. Além do contexto literário, temos que estudar o contexto histórico. Várias perguntas podem ser feitas ao texto, todavia, essas dai são cruciais porque localizarão a passagem no espaço/tempo e dará luz na compreensão da mesma. Nesta etapa, alguns desafios surgirão. Por exemplo, nem sempre vai ser fácil identificar a data em que o documento foi escrito ou autor (ex. Epístola aos Hebreus), porém, lembre-se que seu trabalho é de um pesquisador, por isso, procure obter o máximo de informações possíveis.  (Obs: essas perguntas não são feitas para descredibilizar a Bíblia, mas para obter respostas).


5. Faça um pequeno panorama da passagem. Estude a geografia, arqueologia, contexto histórico/cultural, os costumes, a economia, o império que governava o mundo na época, como eram as famílias, a vida social e política. Se você conseguir fazer a 4° dica, já terá "em mãos", uma direção para a 5° e a fará com mais propriedade. Nesta etapa, você estará submetendo o texto à crítica, ou será, à uma análise mais amplificada e holística.




6. Pesquise sobre os personagens da passagem. Recorra a textos bíblicos e extra-bíblicos (livros) para esclarecer. Você precisa conhecer os personagens que estão envolvidos na passagem. Também é uma tarefa difícil, no entanto, você pode fazer da seguinte forma: primeiro identifique os personagens protagonistas. Feito isso, pesquise profundidamente sobre eles. Há passagens que encontramos personagens fictícios (por exemplo, os das parábolas) ou coadjuvantes. Com estes, você pode fazer um breve resumo sobre sua vida e papel que desempenham em dado episódio. Na Bíblia, há um vasto material com informações sobre quase todos os personagens protagonistas das narrativas. Contudo, se você quiser expandir e saber o que os outros pensavam sobre eles, é bom verificar o que a literatura judaica ensina sobre eles (Talmude, Midrash, os Pseudoepígrafos), e a literatura cristã (Patrística, Reformadores, Avivalistas). 




7. Identifique o gênero do livro que você está estudando. Exemplo: se é profético sapiencial, doutrinário, histórico etc.  Identificar o gênero do livro pode te ajudar a saber se aquele texto é descritivo, normativo ou prescritivo. Geralmente, isso acontece, mas nem sempre. No entanto, saber o gênero do livro é importante do ponto de vista didático, pois dá uma luz na hora de perceber o que o "texto disse e o que ele quer dizer.''



8. Identifique palavras-chave na passagem e pesquise no idioma original (ex: hebraico, grego ou aramaico).  Você pode fazer isso com o auxílio de um dicionário, porém, o contexto é que vai determinar qual significado mais próximo daquela palavra para o texto.




9. Faça um rascunho para si com todas essas informações. No rascunho, tente organizar as ideias. Você pode agrupar os dados de várias maneiras: biográfica, panorâmica, histórica, devocional, lógica, cronológica ou expositiva. 




10. Depois de entendido o texto, extraia o que você aprendeu, creia e coloque em prática. Depois de ter feito esse trabalho esplêndido e localizado as verdades centrais, creia no que Deus está falando para você e coloque em prática. Isso vai causar impacto na sua vida espiritual, social, familiar e profissional.




Autor: Everton Edvaldo.

6 de novembro de 2018

A Segunda Vinda de Cristo de acordo com o apóstolo Pedro




Por Everton Edvaldo.

Leitura Bíblica: (2 Pedro 3.1-18).

Introdução: A “Segunda vinda de Cristo” é um dos assuntos mais falados ao longo de dois milênios do Cristianismo. Juntamente com a doutrina da Ressurreição, este tema foi amplamente ensinado tanto entre os cristãos do primeiro século, como entre os cristãos pós-apostólicos.

O apóstolo Pedro foi um dos responsáveis pela difusão, fundamentação e solidificação desta doutrina na igreja primitiva e a segunda epístola que leva seu nome, talvez seja a principal responsável por esse resultado, haja vista que é uma carta universal e alcançou um vasto público no primeiro e segundo século.

Pois bem, é interessante destacar que na segunda epístola de Pedro, o apóstolo está profundamente preocupado com os salvos em Jesus. Vale salientar que essa preocupação é o reflexo de seu coração de líder e de apóstolo.

Mas para início de conversa, é facilmente verificável que o capítulo 3 de 2 Pedro tem um “assunto principal”. E que assunto é esse? Bem, obviamente, é sobre a segunda vinda de Cristo.

Porém, nesta passagem, Pedro não coloca a questão da vinda de Cristo de forma sistematizada, mas a agrupa de maneira dinâmica e prática. Apesar disso, ele faz o desenvolvimento desse assunto baseado nas necessidades e demandas do seu tempo, aplicadas à realidade. Isto é, o texto em si, que parece mais um aconselhamento pastoral, acaba fazendo uma reflexão do assunto principal, e isso, podemos abordar no mínimo, de quatro formas:

           Primeiro, ao falar da segunda vinda, Pedro tem uma mensagem sobre Cristo.

           Segundo, ao falar da segunda vinda, Pedro tem uma mensagem sobre o mundo.

           Terceiro, ao falar da segunda vinda, Pedro tem uma mensagem sobre o tempo.

           Quarto, ao falar da segunda vinda, Pedro tem uma mensagem para os cristãos.

Nesta postagem, teremos a oportunidade de trabalhar esses quatro desdobramentos da perspectiva de Pedro. Por isso, fique atento, porque Deus certamente irá falar conosco!

I- A MENSAGEM SOBRE CRISTO

1. O Ato de recordar.

O apóstolo começa seu terceiro e último capítulo, informando que esta já é a segunda carta que ele escreve. Ele reitera que em ambas, procura despertar a mente dos cristãos com lembranças.

Pedro não está apenas expondo suas lembranças para os leitores, mas justificando que está fazendo isso para que os cristãos lembrem-se das palavras ditas anteriormente pelos santos profetas e do mandamento do Senhor dado pelos apóstolos. Ele está inserindo nos cristãos, o ato e exercício de recordar!

Isso é engraçado, porque muitas vezes, alguns cristãos tendem a pensar que o assunto da segunda vinda de Cristo, toca primeiramente no futuro, quando na verdade, é no passado. Essa ‘’retrospecção” é necessária para que nós compreendamos “o que virá” e “como acontecerá”.

O Comentário Bíblico Beacon nos faz refletir acerca dessa lembrança da seguinte forma:
“Nenhum estado de graça deste lado do céu isenta as pessoas da necessidade de repetidas lembranças das verdades da mensagem cristã. Tudo isso torna-se tanto mais urgente à luz da iminente volta de Cristo à terra.” (Beacon p. 276).

Ele também explica qual era o contexto em vigor naquela época e ressalta a importância da menção de Pedro à Palavra:
“Nos tempos de Pedro, como hoje, havia diversas reações no que tange à mensagem do retorno de Cristo. Alguns negaram que isso iria acontecer; outros questionavam a demora; ainda outros criam nela, mas talvez falharam em dar a devida atenção à exigência de uma vida santa e zelosa. Pedro tinha uma palavra oportuna para cada um desses aspectos, insistindo que a unidade das Escrituras, com sua centralidade em Cristo, tornava possível recorrer tanto ao Antigo como ao Novo Testamento em termos de autoridade e de urgência.” (Beacon p. 276).

2. Os zombadores

É nesse viés que Pedro revela que nos últimos dias, virão os zombadores. E esses são caracterizados de três formas pelo apóstolo: eles zombam, andam de acordo com seus próprios desejos e são incrédulos.

          Beacon nos explica o que isso significa:
‘Uma das marcas dos últimos dias será o aparecimento de escarnecedores (zombadores), homens que andam segundo as suas próprias concupiscências, “cujo único alvo na vida é o que querem para eles mesmos”, Phillips). Esses homens procurarão destruir a sã doutrina por meio da zombaria. “O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os primeiros cristãos morreram, tudo continua exatamente como era desde o princípio da criação!” (v. 4, Phillips). Esse tipo de comentário é um exemplo do seu escárnio. O ponto essencial do argumento é que, se Cristo não tinha vindo no tempo deles, Ele nunca o faria.” (Beacon p. 277).

Perceba que são homens que vivem de acordo com seus próprios desejos. E aqui é válida a reflexão que o comentário da Cultura cristã faz:
“O hedonismo antropocêntrico sempre zomba da ideia de padrões ulteriores, e uma divisão final entre os salvos e os perdidos. Para homens que vivem no mundo do relativo, a declaração de que o relativo será levado ao fim pelo absoluto é nada menos do que ridícula. Para os homens que nutrem uma crença na auto determinação e perfectibilidade humanas, pois, a própria ideia de que somos dependentes e teremos que prestar contas é uma pílula amarga para engolir. Não é por nada que escarneciam! (Michael Green p. 122).

Mas essa zombaria não envolvia apenas questões hedonistas. Michael Green nos informa que já no I e II século o ceticismo com relação à volta de Cristo já era muito grande. Vejamos:
“Escarnecem da volta de Cristo porque anos se passaram e não aconteceu — todas as coisas permanecem como desde o princípio. Destarte, sustentam que a promessa de Deus não é fidedigna, e que o universo de Deus é um sistema estável e imutável onde eventos como a parusia simplesmente não acontecem. (...) A dúvida deve ter surgido na medida em que a primeira geração começava a morrer, tendo em vista as palavras de Jesus em passagens tais como Mateus 10:23; 16:28; 24:34. Que queixas tais como esta eram bastante comuns fica claro numa citação daquilo que 1 Clemente XXIII chama de “Escritura” (graphê) e 2 Clemente 11 “ a palavra profética” A citação é da seguinte forma: “Miseráveis são aqueles de mente dupla que duvidam na sua alma e dizem: ‘Estas coisas ouvimos nos dias dos nossos antepassados (paterõn) também; e eis que ficamos velhos e nenhuma delas nos aconteceu’” (ou, conforme termina a versão de 2 Clemente, “e nós, embora as esperássemos dia após dia, não vimos nenhuma delas” .) Evidentemente, ambos citam algum tipo de profecia ou apocalipse cristão que não sobreviveu, mas que foi criado para lidar com este problema premente da demora da parusia. M. R. James cita um comentário rabínico sobre Salmo 89:50: “ Zombaram da vinda do Messias” e “Ele atrasa tanto que eles dizem: ‘Ele nunca virá’. ” Este fato nos mostra que o tópico estava vivo nos círculos judaicos bem como nos cristãos.” (Michael Green p. 122, 123).

Como se dava essa zombaria? O comentário cultura cristã explica:

‘’ Os escarnecedores apoiavam seu ceticismo quanto à ideia de que Deus irromperia de modo decisivo no meio da história na ocasião da volta de Cristo, ao enfatizarem a imutabilidade do mundo. Se vivessem hoje, teriam falado acerca da cadeia de causa e efeito num universo fechado governado por leis naturais, onde os milagres, quase por definição, não podem ocorrer. “As leis da natureza” , quase podemos ouvi-los dizer, “comprovam a falsidade da sua doutrina tipo deus ex machina da intervenção divina para levar ao fim o decurso da história. ” O erro deles foi esquecer-se de que as leis da natureza são as leis de Deus; a sua previsibilidade surge da fidelidade dEle.’’ (Michael Green p. 123).

Gostaria de abrir um “parêntese” para falar o quão atual tem sido essa palavra. Nunca se viu uma geração que zomba tanto do cristianismo como essa que estamos vivendo. As pessoas perderam totalmente o respeito por símbolos, nomes, objetos e personagens ligados ao cristianismo.

Eles duvidam da promessa da sua vinda, diz Pedro e ignoram que pela Palavra de Deus, existiram os céus e a terra.    

O que Pedro está colocando em ‘jogo’ aqui é a questão da vinda de Cristo. E ao usar o argumento de que foi pela Palavra de Deus que os céus existiram, o apóstolo está na verdade, dizendo que pela mesma Palavra, é certo que os céus e a terra têm sidos guardados para o fogo e destruição dos homens.  Esse artificio é usado para garantir que a vinda de Cristo ocorrerá conforme o que está escrito, logo, a zombaria não invalida a promessa.

Ou como explica o comentário da Cultura cristã:

‘’ Pedro argumenta na base da história (3:5-7). Pedro trata do último argumento deles em primeiro lugar. À premissa deles (de que este é um mundo estável, imutável) é falsa; daí a conclusão deles (que permanecerá assim, e que não haverá parusia) ser falsa também. Deliberadamente deixaram despercebido o dilúvio, quando Deus realmente interveio em julgamento. A lição ensinada pelo dilúvio é que este é um universo moral, e que o pecado não continuará para sempre impune; e o próprio Jesus citou o dilúvio para ensinar esta moral (Mt 24:37-39). Estes homens, no entanto, acharam por bem negligenciá-lo. Estavam resolutos de que perderiam de vista o fato de que existiam céus há muito tempo, e que foi criada uma terra pelo fiat divino a partir das águas, e que era sustentada pela água. Tal parece ser o significado; mas é um versículo difícil. Pedro se refere, naturalmente, ao caos de água (Gn 1:2-6) do qual foi formado o mundo mediante a palavra repetida de Deus, “Haja... ” Foi do meio das águas que a terra emergiu; era por meio da água (chuva, etc.) que a vida na terra era sustentada; e mesmo assim, esta mesma água a engolfou, quando a palavra do juízo de Deus foi pronunciada no dilúvio.(Michael Green p. 124, 125).

Desta forma, os crentes estariam ainda mais certos da vinda de Cristo, e prevenidos contra os zombadores incrédulos.  

É por isso que ele diz: “Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia.”  (v. 8).

Muitos de nós, costumamos colocar as coisas de Deus debaixo de números, fórmulas, etc, todavia, esse versículo nos prova que a forma como Deus vê o tempo transcende demais os nossos conceitos.

3. O Senhor não retarda sua promessa.

Debaixo desse prisma, Pedro vai dizer que na verdade, o Senhor não está retardando sua promessa, mas sendo paciente conosco e não quer que ninguém pereça, mas que todos venham a se arrepender.

O que o homem vê como demora, Pedro vai explicar que Deus não está demorando, mas sendo paciente. A paciência de Deus é misteriosa e por vezes, nos assusta. O homem nunca vai entender os métodos de Deus e a forma como ele trabalha no tempo. No máximo, podemos tatear como um homem que anda no escuro.

Apesar de todas essas coisas, Pedro nos dá uma pista: ‘O dia do Senhor virá como o  ladrão...” (v. 10; cf Mt 24.43; 1 Ts 5.2,4; Ap 3.3; 16.15). Ninguém espera um ladrão vir em sua casa. A gente não costuma se preparar para isso, porém nesse dia, os céus e terra serão descortinados.   

II- A MENSAGEM SOBRE O MUNDO.

1. Mundo antigo x Mundo presente.

Essa relação que Pedro faz entre a vinda de Cristo e o que acontecerá no mundo, além de não ser por acaso, é muito interessante. Qualquer pessoa que faça uma leitura atenta do versículo 5 ao 10, vai perceber que Pedro está traçando uma exposição do que aconteceu no mundo antigo e o que acontecerá com o mundo presente (cf. v.12).

Segundo ele, o mundo antigo foi destruído pelas águas do dilúvio. Já o mundo presente será castigado pelo fogo. A questão que é levantada aqui é a do juízo divino. E isso é muito importante, pois, além de informar que a vinda de Cristo traz consigo um juízo sobre os céus e a terra, mostra que não haverá impunidade para os homens ímpios, assim como não houve no passado. 

2. O Mundo vindouro.

Pedro afirma no versículo 13: “Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça.” Segundo Beacon:
‘’ Nosso labor também é estimulado na promessa que devemos crer — a promessa de um mundo em que habita a justiça. Quaisquer que sejam as perplexidades no presente, o futuro “tem o seu lar” na justiça (Is 65.17ss; 66.22; Ap 21.1). Crer nisso torna mais fácil suportar as aflições da injustiça agora. Assim, como Strachan ressalta: “a parousia é o julgamento para o ímpio e o triunfo para o Reino”. (Beacon p. 279).

Vale lembrar que o verbo “aguardar”, tanto a vinda, como a nova criação, é o mais usado por Pedro nessa passagem.

Essa transição de Pedro entre os “mundos’’, nos convoca para uma criação onde todas as coisas estarão conforme a ‘’boa vontade de Deus”.

 ‘’Novos céus e terra”, devem ser a ânsia de todo cristão. Nesse mundo vindouro, não haverá mais ímpios, nem zombadores, pois lá, habita a justiça.

III- A MENSAGEM SOBRE O TEMPO.

Para Pedro, nós não devemos interpretar o “tempo de Deus” como o nosso (v.  8).

Ao que parece, ele esta ensinando que nós não devemos nos preocupar com isso, pois, há um motivo e um propósito em tudo que acontece, ou deixa de acontecer aqui  terra.
No caso de Jesus não ter voltado ainda, ele explica o porque nos versículos 9 e 10. Lembre-se de que estamos falando do primeiro século da era cristã, onde muitos crentes tinham uma expectativa enorme de que Jesus voltaria ainda em seus dias. Pedro, como um bom líder, remedia esses irmãos na fé e vai direcionar o foco, do âmbito celestial para o âmbito terrestre.

Ou seja, é como se Pedro dissesse assim: “Vocês não devem ficar preocupados com as ações de Deus. Se ele prometeu e garantiu, então elas acontecerão! Agora, vocês devem aguardar e esperar a vinda do dia de Deus.”

Creio que isso seja de suma importância pra nós hoje. Dois mil anos se passaram e hoje, se precisa ouvir isso mais do que nunca. A nossa geração tem uma expectativa muito grande para a vinda de Cristo a qualquer momento, pois, os sinais, apontam e convergem para isso. Todavia, perdemos muito tempo quando passamos a especular o que não era para ser especulado. Precisamos acalmar nossos corações, sabendo de que aquele que prometeu, é fiel para cumprir o que disse. Como bem disse Jesus: ‘’Daquele dia e hoje, ninguém sabe, exceto o Pai...’’

Não adianta perdemos tempo com isso. O que precisamos é aguardar e esperar!

IV- MENSAGEM PARA OS CRISTÃOS

Perdoem-me a redundância nesse título, pois todo o capítulo na verdade, é uma mensagem para os cristãos.

Todavia, Pedro aproveita as últimas palavras da sua carta, para dizer como os cristãos devem viver. Interessante que “Como ocorre em todas as partes das Escrituras, o objetivo de Pedro é fazer mais do que informar a mente ou satisfazer a curiosidade humana; ele busca estimular o esforço ético, inculcar as reações altamente morais à fé — ação em termos de amor obediente. Por isso Pedro diz: Havendo, pois, de perecer todas estas coisas (luomenon, particípio presente passivo, mas usado para descrever algo no futuro), que pessoas (que tipo de homens) vos convém ser em santo trato (maneira de viver) e piedade? Aqui está mais uma ilustração da íntima ligação entre a crença na vinda do Senhor e o chamado para a santidade. Qualquer coisa que não seja santidade de coração e vida é inadequado na preparação para a vinda do Dia de Deus (12).” (Beacon p. 278).

Nesse ponto, ele vai nos ensinar um perfil de vida, a partir do versículo 11. Vejamos:

1. Os cristãos devem ser pessoas que vivem e santidade e piedade; que aguardam e esperam a vinda do dia de Deus. (V. 13)

“Que tipo de pessoas, deveis ser?” Ele mesmo responde: ‘’Pessoas que vivem em santidade e piedade, aguardando e esperando ansiosamente a vinda do dia de Deus.”

Só com essas quatro características daria para fazer um livro. Mas como esse não é nosso objetivo, ficaremos limitados apenas ao conceito que já temos desses termos.

Viver uma vida com Deus aqui na terra é essencial para o cristão que aguarda e espera o retorno de Cristo. Nosso papel aqui na terra é de fazer a diferença e deixar o aroma de nosso Senhor onde quer que passemos. Um detalhe que o apóstolo frisa no versículo 13, é que nós aguardamos segundo a sua promessa. É a confiança nas promessas de Deus que nos faz descansar e viver de modo tranquilo.

2. Os cristãos devem ser pessoas que aguardam a volta de Cristo em paz, de forma imaculada e irrepreensível. (v. 14).

Nos dias apostólicos, os cristãos sofriam muitas perseguições. As dificuldades eram imensas e os bombardeios vinham de todos os lados. Dessa forma, aqueles que eram fiéis a Deus almejavam com todas as suas forças a volta de Cristo. Acontece que conforme o tempo foi passando, muitos falsos mestres passaram a distorcer as Escrituras, fazendo com que os cristãos entrassem em desespero.

Nesse versículo, Pedro nos diz que devemos esperar a volta de Cristo em paz! Em nosso século, muitos cristãos têm se desesperado diante das afrontas e obstáculos que se levantam. É como se tudo fosse motivo para desfalecer o coração. Ei, deixa eu lhe dizer uma coisa: A Palavra da Salvação nos traz paz! Hoje circulam muitas “escatologias baratas” por aí. Dezenas de teorias da conspiração são propagadas e lamentavelmente deixam os cristãos em desespero. Basta apenas ter um eclipse aqui ou ali, e já surgem matérias fomentando que Jesus está voltando. Que Jesus está voltando é um fato! Mas nós, devemos ser achados por ele em paz! Viver de forma irrepreensível e imaculada é um desafio, mas jamais nos tirará o gozo e a paz de ir morar com Cristo!

3. Os cristãos devem ser pessoas que se guardam do engano dos homens sem princípios. (vv. 15-17).

Pedro diz que Paulo também concorda com ele nessas coisas. Infelizmente, as cartas de Paulo que têm pontos difíceis de entender, estavam sendo distorcidas por homens ignorantes e inconstantes. Esses faziam isso não só com Paulo, mas também com as demais Escrituras para sua própria destruição.

Perceba que o apostolo sai em defesa da verdade. Aqui sua mensagem ganha um foco mais apologético-prático, se é que podemos assim chamar. Esse alerta é para que tenhamos cuidado com os homens sem princípios, que se forem ouvidos irão disseminar engano, e fazer com que os cristãos percam a firmeza.

Muitas igrejas têm perdido o alvo da doutrina e da verdade por causa de tais homens que até hoje insistem em espalhar suas mentiras. Em nossa geração, a intensidade com que a apostasia teológica tem ocorrido só faz aumentar.

Uma coisa que deve ser enfatizada aqui é que a apostasia da verdade faz com que percamos a firmeza no Evangelho. É impossível ficar firme no Evangelho, dando ouvidos aos apóstatas da verdade.

Esse desprezo e distorção pela verdade são feitos com o intuito de confundir a mente dos santos. Por isso, tenhamos cuidado, pois essa, com certeza e cada vez mais, será uma circunstância presente em nossos dias.

4. Os cristãos devem ser pessoas que crescem na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Por último, Pedro remedia a apostasia teológica (ou doutrinária, como gosto de chamar), no último versículo dizendo que os cristãos devem crescer na graça e no conhecimento de Jesus. Essa é a única maneira de nós nos desenvolvermos espiritualmente. É impossível crescer saudavelmente na caminhada cristã sem ser na graça e no conhecimento do Senhor Jesus.

Crescer na graça exige maturidade, tempo e esforço. Crescer no conhecimento é um processo que envolve renúncia, amor e dedicação.

Portanto, nós devemos abraçar essa causa se quisermos estar preparados quando Cristo voltar.

Conclusão: Estamos acostumados a abordagens sistemáticas sobre os determinados temas da Bíblia, por isso, não conseguimos enxergar que os apóstolos de Jesus geralmente não tratavam esses assuntos à parte de várias outras questões do Evangelho. Hoje vimos a visão de Pedro acerca da volta do Senhor e quais questões importantes ele destaca e que fazem parte desse tema. Pedro foi um dos mais qualificados apóstolos para falar desse tema, pois, além de ter sido um dos 12 apóstolos de Jesus, fazia parte do círculo íntimo e pôde ver vários discursos escatológicos de Jesus. Ele também foi um dos que mais teve tempo para amadurecer suas ideias, por isso, trouxe uma contribuição gigantesca para o Cristianismo. O que aprendermos com esse tema? Que a volta de Jesus é real e certa, apesar de tardar, que Deus tem um plano para esse mundo, que Jesus é misericordioso, e que nós temos um papel aqui na terra até que ele volte. A volta de Cristo é apenas o desfecho de uma era e o início de outra, onde os propósitos de Deus serão alcançados. Que Deus nos ajude para que naquele grande dia, nós possamos estar preparados. Maranata!