18 de outubro de 2018

ADORAÇÃO E SERVIÇO: UMA PRÁTICA INEQUÍVOCA NA VIDA DO MINISTRO - Quem não adora com a sua vida, jamais terá uma vida de adoração!




Por Pr. Linaldo Junior

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2).

        Sabemos que o exercício de adorar a Deus não é apenas e somente através de serviços litúrgicos e ações como o cantar ou tocar algum instrumento, nem simplesmente por expressões de artes diversas. Servir a Deus também, não é só no cultuar em público. Como bem trabalhava o Reformador Lutero, de forma conceitual; pois é verídico, que um sapateiro convertido perguntou a Ele o que poderia fazer para servir melhor à Deus e ser assim um cristão melhor. Lutero respondeu sabiamente: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo”.

Devemos honrar a Deus em tudo o que fazemos. Isto é inclusive um meio efetivo de evangelizar e exaltar a Cristo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos” (I Coríntios 10:31-33). O mundo hodierno, inclusive evangelical, não tem tido este entendimento.

O fato é que, quem não servir a Deus com a sua vida, jamais terá uma vida de servo e serviço sincero e piedoso. Inclusive a ideação bíblica sobre adoração no Primeiro Testamento, aponta objetivamente a ideia de SERVIR A DEUS COM ALEGRIA/SATISFAÇÃO (Como no Salmos 100 e 122). Quem eram os levitas, por exemplo? Todos que serviam as “mesas” do Senhor naquele contexto, de diversas formas, maneiras e funções.

ROMANOS 12, UM CHAMADO DO ESPÍRITO AO SERVIÇO

            Depois de efetivamente Paulo expor sobre a Soberania de Deus e da necessidade de uma responsável resposta nossa a esse chamado, nos capítulos 9, 10 e 11 de Romanos, no finalzinho do décimo primeiro capítulo, o Apóstolo se entrega graciosamente em adoração a Deus (Rm. 11:33-36). E a partir disto, no capítulo 12, ele faz um apelo que aponta diretivamente a adorarmos ao Eterno, com as nossas vidas, atitudes, dons, talentos e AMOR SINCERO E FRATERNO. Vejamos então mais detalhadamente, inicialmente Romanos 12:1,2:

ROGOS VOS, pois – Temos aqui um pedido imperativo e de súplica. Paulo passa a expor categoricamente, as razões efetivas e epistemológicas que devem surgir no coração de quem reconhece a grandeza do Senhor.

IRMÃOS – O Apóstolo demonstra que todos somos iguais, sendo assim, ninguém deve ser considerado mais do que um SERVO. Na mente Paulina isto é tão claro, que por diversas vezes ele trabalha este conceito em outras cartas e epístolas. Em Lucas 17:7-10 (Ao nos chamar de Servos Inúteis), Jesus deixa isso bem patente também, como em diversos outros momentos nos evangelhos.

PELAS MISERICÓRDIAS/PELA COMPAIXÃO DE DEUS – O Apóstolo Paulo se lembra do grande amor de Deus por nós, mais uma vez nesta Epístola, DEMONSTRANDO ASSIM QUE em gratidão e fé, devemos responder ao chamado do santo serviço (Romanos 5:1-8 é uma conexão objetiva sobre isso). Se a graça nos alcançou, não deveríamos ser cheios de um fervor de gratidão?

QUE APRESENTEIS (SEJA DISPONÍVEL COLOQUE-SE EM PLENA DISPOSIÇÃO) OS VOSSOS CORPOS. Aqui temos um chamado para uma macro entrega voluntária. Isto lembra um conceito que há no Salmos 37:5: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e Ele agirá”, por exemplo. E o grande teólogo Clifton J. Allen, afirma em uma de suas obras (No Comentário Bíblico Broadman, Volume 10), que temos nisso uma ideia que poderia ser traduzida como “de vós próprios”, pois devemos ter em mente que a palavra grega aqui é SOMATA (corpos), no sentido que aponta a uma expressão mais ampla do “eu”, ou seja, de uma totalidade de personalidade consciente, em uma globalidade efetiva do próprio “ser”.

E ISTO SE FAZ de que maneira? Como é essa adoração holística e existencial? Se oferecendo como:

SACRIFÍCIO VIVO – Em todo o tempo você deve “morrer” para o mundo, e mortificar a CARNE. A idéia no Primeiro Testamento, do sacrifício que apontava para Cristo, é aplicada ontologicamente nesse sentido, ao menos aqui.  A conversão é única, mas a entrega/renúncia é diária. JESUS DISSE QUE ESSE NEGAR A SI MESMO É CONSTANTE E IMEDIATO (Mateus 16:24, Lucas 9:57-62).

SANTO – Isto é, sem misturas indevidas. Vemos este mesmo “espírito”, em I Pedro 1:15,16: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo”. Deus é Santo e convoca o Seu povo a viver nesta santidade, não legalista ou farisaica, mas de quem tem Cristo como o modelo a ser seguido e o “cânon” do viver.

E AGRADÁVEL A DEUS – Aqui é o chamado para honrarmos sinceramente ao Pai Celestial, e assim andar de acordo com a vontade Dele. O interessante é que a partir disso, Paulo afirma que ESSE É O CULTO RACIONAL, ou seja, aí se dá um cultuar sóbrio, com um propósito consciente, producente e frutífero. O espiritual não anula as nossas cognições e consciência. Quem serve ao Deus soberano, dará a Ele sempre razão em tudo, glorificando o Seu nome até nos mais simples atos da vida, sabendo a razão da sua fé (podemos fazer um aplicado paralelo neste sentido, com I Pedro 3:15,16).

MAS, TEM MAIS!

E NÃO VOS CONFORMEIS (AMOLDEIS) COM ESTE MUNDO/SÉCULO – Não tome a forma sugerida das filosofias mundanas, ou seja, não se amolde ao pensamento contrário ao evangelho. JESUS DISSE ALGO NESTA DIREÇÃO EM JOÃO 17:15.

MAS SEDE TRANSFORMADOS PELA RENOVAÇÃO DA VOSSA MENTE – Ou seja, que haja uma mudança consciente em nossa conversão. Que tenhamos a mente de Cristo (I Coríntios 2:16), e os lombos do nosso entendimento esteja cingido (I Pedro 1:13). A nossa mente, coração, e pensamentos como um todo, deveria ser estar sempre em acordo com a vontade do Senhor (Filipenses 4:8; Deuteronômio 8:18; Romanos 8:5-7, Tito 1:15).

E PARA QUAL FINALIDADE É TUDO ISSO?

PARA QUE VOCÊ EXPERIMENTE QUAL SEJA (Que haja um culto palpável, e também experiencial nesse sentido, envolto em uma fé objetiva). Os Salmos 34:8 corroboram nesta direção ao declarar: “Provai e vede que o Senhor é bom”. Somos chamados nas Escrituras, e mais enfaticamente em Romanos o tempo todo, a andarmos pela fé, e não por sentimentos e emoções. Mas isso não anula o fato de que haverá, porém, momentos em que teremos sentimentos, emoções e coisas semelhantes a estas, como consequência desta mesma fé. Ou seja, as experiências diversas são possíveis e devemos assim “degustar” da Palavra de Deus, e a sua gloriosa revelação.

A BOA - O que seja bom para Deus (As Escrituras Sagradas mostram amplamente o que é bom para Deus, como lemos no Salmos 133).

PERFEITA – O QUE NOS FAZ ALCANÇAR E ATINGIR O ALVO DO ALTO (Confira Cl. 1:28; Mt. 5:48).

E AGRADÁVEL – Que “satisfaz” ao Eterno. Devemos buscar encontrar a nossa satisfação no querer de Deus, e agradar a piedosamente a Ele. Encaixa-se aqui inexoravelmente, a seguinte expressão de Jonh Stott: “Onde seriedade e reverência são encontradas em conjunto, a adoração oferecida é bastante agradável a Deus”.


VONTADE DE DEUS – Ou seja, não é aqui o que seja primariamente seja bom, perfeito e agradável PARA O HOMEM, e sim, O QUE É BOM, PERFEITO E AGRADÁVEL PARA O SENHOR DEUS. Quando os desejos do homem forem contrários aos de Deus, o que deve prevalecer? Geralmente se usa este bloco bíblico de forma pueril pelos modernos pregadores, quando creditam que o texto estar a apontar para os anseios do enganoso coração humano.

CONCLUSÃO:

            A partir disso, Paulo continua mostrando algumas questões relevantes, que demonstram a essência de uma VERDADEIRA ADORAÇÃO. Em Romanos 12:3-8, vemos que devemos usar devidamente os dons que recebemos, dos versículos 9 ao 21, como o amor não fingido deve reger as nossas ações e unção, ou seja, ele recomenda algumas virtudes que devemos praticar. 

NO CAPÍTULO 13:1-6, é dito que nos relacionamentos cotidianos, inclusive da cidadania, devemos servir a Deus sinceramente. E finalmente no 13:8-10, Paulo “encerra” esse entendimento, dizendo: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’ O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor”.

É sabido também que, Paulo vai continuar desenvolvendo em outros momentos desta epístola, como no Capítulo 14, em relação a tolerância que devemos ter com os fracos na fé, e no Capítulo 15:1-13, ao expor sobre a questão do altruísmo, empatia, e solidariedade cristã, como resultado efetivo de um adorador de fato por excelência. E isto tem tudo haver com a mente paulina, em relação aos diretivos amplos do que é ser um adorador. Anexo conclusivamente assim, o que bem disse o Pastor Batista Jonh Piper: “O amor é a expansão e o transbordar do prazer em Deus, que alegremente supre a necessidade dos outros”.


Que Deus te abençoe com esta exposição aplicada, em nome de Jesus, com sua infinita graça, misericórdia e amor.

Pr. Linaldo Junior (Pastor, Professor, Capelão)

Obs: Este material é fruto de uma aula que utilizo na disciplina de Teologia Ministerial e até na área da Capelania. Toda esta exposição tem o propósito de chamar o crente uma prática efetivamente cristã e seus aplicativos circunstanciais caminham nesta gerência.

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