12 de março de 2020

A Evidência do Batismo no Espírito pelas lentes Patrísticas



Por Everton Edvaldo

Gostaria de fazer um recorte histórico e um extrato  teológico da Patrística a partir de um texto do Stanley Burgess (no livro "Evidência Inicial") sobre como os antigos cristãos viam a doutrina do Batismo do Espírito Santo que naquela época era entendido (em sua maioria) como o momento de habitação ou recebimento do Espírito que podia acontecer no momento do Batismo em Águas ou depois.

Analisando esse assunto à luz de um espectro mais panorâmico podemos encontrar três caraterísticas gerais:

1- O Batismo no Espírito Santo era distinto da Conversão. 

2- Era o momento em que o Espírito vinha habitar no cristão. 

3- Quem o recebia, passava a desfrutar de vários efeitos extraordinários.

Vamos nos concentrar no terceiro ponto. 

Segundo Stanley Burgess (Uma das maiores autoridades em História do Pentecostalismo e Cristianismo Antigo), os cristãos primitivos (Orientais e Ocidentais) não estavam excessivamente preocupados com a evidência externa e inicial do enchimento do Espírito. Por outro lado, eles falaram bastante dos efeitos da presença do Espírito na vida cristã, mesmo que isso não seja destinado como provas do Batismo no Espírito (p. 29).

Esses efeitos, na maioria das vezes, inicialmente eram internos, e progressivamente se manifestavam externamente. 

Vejamos nos pais Ocidentais:

Para Tertuliano, os efeitos eram paz,  harmonia divina e iluminação pelo Espírito. Para Hipólito, o efeito era capacitação para serviço. Para Cipriano, era o aperfeiçoamento com o selo do Senhor. Para Ambrósio, era vida de santidade, pureza, inovação, e conformidade com a imagem de Deus. Como confirmação do batismo, havia selo da alma do cristão e a providência do dom sétuplo divino (Is 11.2) (p. 24-26).

Agora vejamos os pais Orientais. 

Para Cirilo de Jerusalém, o efeito é o crescimento em santidade, em sensibilidade espiritual, e em fortalecimento para combater poderes nefastos. Para Serapião, aquele que era batizado no Espírito, podia permanecer firme, inabalável, ileso e inviolável. Para Basílio da Capadócia, o Batismo marca o início da vida no Espírito e um dos primeiros estágios é a purificação dos pecados, seguido pela iluminação do Espírito e por último, a alma é levada para um estado de união perfeita com Deus. Para Efrém, o recebedor do Batismo está habilitado para transcender o reino temporal, entrando no tempo sagrado, transbordando também todos os limites da expectação humana. O próprio Efrém diz ter recebido o dom das lágrimas em grande abundância. Para Pseudo-Macário, a evidência da nova vida no Espírito inclui a consciência do processo divino em si mesmo, incluindo dons espirituais, choro e lamentação pelos seus semelhantes e amor pela humanidade. Para Isaque, Bispo de Nínive, era a ascensão da alma à Deus, entrando em estado de êxtase acompanhado do recebimento do dom das lágrimas. (p. 26-29)


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