Por Everton Edvaldo
Introdução: Não é de hoje que ouvimos
falar do Inferno. Desde o Antigo Testamento a Bíblia fala sobre a existência
desse lugar e como ele é. Infelizmente existe uma distancia muito grande entre
o que a Bíblia diz, e o que as pessoas acham que é. Ao longo dos séculos,
lendas, mitos, acréscimos e superstições foram adentrando na cabeça das pessoas a ponto de atualmente
existir uma visão deturpada do inferno propriamente dito.
Essa visão
(que é distorcida) está presente principalmente naqueles cristãos que são
leigos, isto é, não tem um entendimento tão claro dos variados assuntos
bíblicos. Isso ocorre devido ao grande desinteresse dos pregadores em tratar
desse assunto, tendo como conseqüência o crescimento de ideias mentirosas. É
aí onde está o perigo! Onde não se prega
a verdade, abre-se espaço para a mentira.
Diariamente a boa mensagem do evangelho tem desaparecido dos nossos púlpitos.
Não se fala mais em céu, inferno, cruz, juízo, justiça, etc.
Sendo
assim, primeiramente precisamos desconstruir esses “falsos pressupostos” para
poder expor de maneira clara e objetiva o que a Bíblia diz a respeito do tema a
qual iremos abordar. Para isso, é necessário “despir-nos” de nossas
próprias opiniões afim de que possamos
aceitar uma mensagem puramente bíblica, devocional e reflexiva. Boa leitura!
O QUE SIGNIFICA A PALAVRA INFERNO?
Bem, é
importante deixar claro que a palavra “Inferno” não existe nos originais da
Bíblia.
Infernum ou inferus é um termo latino que
significa “as profundezas”, “mundo inferior” ou ainda “lugares baixos.”
A vulgata
latina utiliza o termo infernus para
representar três termos: Sheol, Hades e Geena sem fazer a devida distinção. Ao ser traduzida para o
português, a Bíblia em língua portuguesa usava o vocábulo “inferno” em suas
versões. Portanto, devemos ter em mente que quando lemos a palavra “inferno” em
nossas bíblias, por trás existem quatro termos envolvidos nos originais. São
eles: Sheol, Hades, Geena e Tártaro.
Biblicamente,
Sheol e Hades são o mesmo lugar,
entretanto, Geena e Tártaro são lugares distintos. Vejamos
agora cada um desses lugares.
HADES: O LUGAR INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
1.
Entendendo
os termos:
Na maioria
dos versículos (na Bíblia em português) onde se encontra o termo “inferno” no
original é hades.
Hades significa: oculto, mundo das almas
que partiram, reino dos mortos, a região dos espíritos dos mortos.
Na
Septuaginta, Hades ocorre mais de 100 vezes, na maioria das vezes usada para o
termo hebraico “Sheol” o mundo
subterrâneo que recebe os mortos. A presença desse termo é muito comum nos
livros poéticos, por exemplo: (Jó 10.21,22; 26.5; Sl 6.5; 30.9; 139.8; Pv 1.12;
15.24; 27.20). Portanto, hades corresponde ao Sheol no Antigo Testamento.
De acordo
com o pastor Severino Pedro: “Em o Novo Testamento,
Hades ocorre 10 vezes, e isto somente em Mateus, Lucas, Atos dos Apóstolos e
Apocalipse. Nos demais escritos, ocorrem outros termos tais como Abismo, Inferno,
Geena, lago de Fogo, etc.”[1] Em
Marcos e em João não aparece esse termo. O termo aparece nas seguintes
passagens: Mateus 11.23; 16.18; Lucas 10.15; 16.23; Atos 2.27,31; Apocalipse
1.18; 6.8; 20.14.
Infelizmente
essa palavra foi traduzida por inferno. O hades não é o inferno propriamente
dito, apesar de não deixar de ser um lugar de tormento. O hades é um lugar
intermediário ao passo que o inferno é um lugar eterno. Segundo o dicionário
VINE: “No Novo Testamento, sempre deveria ser traduzido
por “hades”.[2]
2.
O hades é
um lugar real?
Sim.
Muitos dizem que o hades não existe, ou que foi inventado pela cultura judaica
e grega. No entanto a Bíblia afirma que o hades é um lugar real, ou seja, ele
existe de fato. Outros dizem que o hades é apenas uma ideia imaginária da mente
humana, mas não é isso que a Bíblia ensina. As Escrituras afirmam que lá, há
portas, ferrolhos e que Jesus tem as chave de lá (Mt 16.18; Ap 1.18). O inferno
nunca foi uma lenda, ele é um lugar real.
De acordo
com a Bíblia de estudo palavras-chave: “Segundo a
concepção dos hebreus, o Hades era uma vasta câmara subterrânea onde as almas
dos mortos existiam em um estado separado até o momento da ressurreição dos
seus corpos.”[3]
Para concluirmos,
o hades é uma espécie de inferno temporário. Após o juízo final o Hades será
lançado no Lago de Fogo e Enxofre (inferno definitivo e eterno) conforme está
escrito em Apocalipse 20.14.
3.
O hades é
a sepultura dos mortos?
Não. O dicionário VINE destaca que: “Nunca denota sepultura, nem é a região permanente dos
perdidos; no tocante ao tempo, é, para os tais, o estado intermediário entre o
falecimento e o destino final no Geena.”[4]
O hades não é uma sepultura e sim lugar real e sombrio.
Severino
Pedro diz: “Quando se aplica restritamente esta palavra
“Hades”, nunca se refere a “sepultura” com outros termos fazem em algum sentido
especial. Hades é tomado sempre para descrever o lugar “sombrio” da habitação
dos mortos (sem Cristo) entre a morte e a ressurreição.”[5]
A.W. Pink
discorrendo sobre Lucas 16.23 declara: ““No inferno,
estando em tormentos, levantou os olhos”. A palavra grega traduzida aqui como
inferno é “Hades” (como aparece na RC), que é um termo genérico para o mundo
invisível, para onde passam as almas de todos ao morrer. Não há dúvida que se
deve ao fato de que as almas dos santos bem como as dos pecadores são descritas
como entrando no Sheol, na morte, que levou os tradutores a verter o termo como
“sepultura” em vários casos. Mas o fato que tanto em hebraico como no grego
existe uma palavra inteiramente diferente usada para “sepultura” deveria ter
impedido um erro desses. O Espírito Santo, por toda parte, cuidadosamente
preservou a distinção entre os dois termos. Um exame atencioso de cada passagem
no Velho e no Novo Testamentos onde essas palavras ocorrem mostrará que há
várias coisas que se dizem sobre a sepultura (hebraico: “queber”; grego:
“mnemeion”) que jamais poderia ser dito a respeito de “Sheol” ou “Hades”; e
muitas coisas são ditas desse último que jamais se podem relacionar aos
primeiros. Por exemplo: tanto a palavra hebraica como a palavra grega para
“sepultura” ocorrem no plural continuamente; com Sheol e Hades isso nunca
acontece. Com frequência, a palavra hebraica e a palavra grega para “sepultura”
são usadas como possessão de indivíduos — “minha sepultura” (Gn 50.5); “a
sepultura de Abner” (2 Sm 3.32); “e o depositou no seu túmulo novo (de José),
que fizera abrir na rocha” (Mt 27.60); “Os sepulcros dos justos” (Mt 23.29)
etc. Em Gênesis 50.5, lemos: “no meu sepulcro que abri para mim”. Quanto ao
Sheol e ao Hades não se encontram referências desse tipo. Já dissemos o
suficiente para provar que nem Sheol nem Hades são a sepultura. Podemos afirmar
confiantemente, dessa forma, que nem Sheol nem Hades jamais deveriam ser
traduzidos como “sepultura” ou “a sepultura”.[6]
4.
O Sheol
também não é sepultura.
Para os
judeus, Sheol era o lugar para onde iam os mortos, devido a essa ideia é comum
confundir Sheol com sepultura. Alguns pensam que o Sheol é simplesmente o
túmulo (o fim e a cessação total da vida e da existência). Assim o Sheol do
Antigo Testamento e o Hades do Novo são idênticos.
5.
Os que morreram
sem salvação estão no Hades ou no
Inferno (Lago de fogo e enxofre)?
Outro
ponto a ser observado é a questão dos que morreram sem salvação, isto é,
morreram sem Cristo. É comum ouvir no meio evangélico que quando um ímpio
morre, ele vai diretamente para o inferno. Biblicamente isto não é verdade.
Quando alguém morre sem salvação, ela vai para o Hades e não para o inferno
(lago de fogo e enxofre). Alguns usam Lucas 16.23 para afirmar que um ímpio ao
morrer, vai para o inferno. Mas o termo que aparece ali nos manuscritos é Hades.
Infelizmente foi traduzido por Inferno. Hades e Inferno não são o mesmo lugar.
O pastor
Ciro Sanches Zibordi abordou isso da seguinte forma: “Quanto
aos ímpios, permanecem no Hades- uma espécie de antessala do Inferno, o qual
não deixa de ser “um inferno”, um lugar de tormentos para a alma (Lc 16.23).
Embora, em algumas passagens da Bíblia, o vocábulo hades tenha sido traduzido
para “inferno”, Hades e Inferno final não são o mesmo lugar. O inferno final é
chamado de lago de fogo (Ap 20.14, 15 [Gr. Limnem
Tott Pu-Ros]); “fogo eterno” (Mt
25.41 [Gr. Pur To Ainõnion]).
“tormento eterno” (v.46 [Gr. Kolasin
Aiõnion]), e Geena (Mt 5.22; 10.28; Lc 12.5).[7]
Atualmente,
é para lá que vão todas as pessoas que morrem sem Jesus. Estão plenamente
conscientes, aguardando a ressurreição para a condenação. Um dia, todas as
almas que estão no Hades, serão julgadas e lançadas no Inferno (lago de fogo)
para sempre. Uma vez dentro do Hades, não há mais esperança. Quem está lá não
pode voltar, muito menos ir para o céu.
6.
Como é o
Hades?
a) Há uma
descida até ele. Severino Pedro esclarece que o Hades jaz “dentro
da terra” existe uma descida para chegar até ele. (Mt 11.23; Lc 10.15; 1 Pedro
3.19). Seria no coração da terra.
Sendo assim, o hades nunca é descrito como um lugar
nas alturas muito menos plano. Quando a Bíblia se refere a ele, ela o descreve
como sendo nas regiões baixas da terra.
b) Antes da
ascenção de Cristo.
De acordo com Severino Pedro: “Antes da ascenção de Cristo, as Escrituras dão a entender
que Hades consistia de duas partes, o lugar dos salvos e o dos perdidos. A
primeira parte chamada “Paraíso” e o “Seio de Abraão,” ambas as expressões vêm
do talmude dos judeus, mas foram empregadas por Cristo e Paulo, em Lucas 16.22;
23.43; 2 Co 12.1-4, respectivamente. Os mortos benditos estavam com Abraão,
eram conscientes e eram “consolados” (Lc 16.26). O ladrão crente havia de estar
nesse mesmo dia com Cristo no “Paraíso”. Os Perdidos eram separados dos salvos
por “um grande abismo” instransponível (Lc 16.26). Um homem que representa os
perdidos do Hades é o rico de Lucas (16.26). Ele era consciente, senhor de
todas suas faculdades, memória, etc.; e em “tormentos”.”[8]
c) Após a
ascenção de Cristo.
A Bíblia não declara nada quanto à mudança do
hades do seu lugar ou estado após a ressurreição de Cristo. Isto é, o hades
continua no mesmo lugar, sendo ainda, um ambiente de tormentos e escuridão. Até
hoje o hades recebe os mortos que morreram sem salvação até que sejam julgadas.
Scofield declara: “Hades, depois
da ascenção de Cristo, no que diz respeito aos não salvos, a Escritura não
revela nenhuma mudança no seu lugar ou estado.”
Quanto aos salvos, parece que não
vão mais para o hades, mas para um lugar glorioso, ao qual chamamos de paraíso.
A Bíblia diz que subindo aos céus levou
cativo todo o cativeiro. Efésios 4.8-10 diz: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons
aos homens. Ora, que quer dizer subiu,
senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra? Aquele
que desceu é também o mesmo que subiu
acima de todos os céus, para encher todas as coisas.”
Severino
Pedro diz: “Antes da ressurreição de Cristo, todos os justos, após a
morte, desciam ao “Paraíso”, que naquele tempo constituía um compartimento do
Sheol. Entende-se que Efésios 4.8-10, indica a ocasião da mudança. “Subindo ao
alto, levou cativo o cativeiro”. Acrescenta-se imediatamente que Ele (Cristo)
tinha primeiro “descido às partes mais baixas da terra”, isto é, à parte do
Sheol que era o Paraíso.”[9] [Obs: Como já foi dito acima cima, Sheol e Hades são o
mesmo lugar.]
7.
As pessoas
que estão no Hades estão conscientes?
Sim. Lucas 16 ilustra muito bem
essa questão. Jesus diz que o rico foi levado ao Hades e estava em tormentos. Ele pede um pouco
d’água para matar sua sede. Suas faculdades mentais não estavam ofuscadas muito
menos paralizadas. Se não tivesse consciente, certamente não pediria água. Se a
pediu, foi porque sabia que esse líquido aliviaria sua dor.
Ele olhou (visão), clamou e
conversou com Abraão (fala), pede água e etc. Abraão pede a ele para lembrar dos bens adquiridos em vida. Ele
lembra (memória) da sua família, da quantidade de irmãos. Usa seu juízo moral,
expectativas. Tudo isso prova sua plena consciência.
Pink explica que: “No
Hades, os perdidos estão em plena posse das suas faculdades e sensibilidades.
Eles enxergam, já que o homem rico viu Abraão ao longe, e Lázaro no seu seio
(v. 23). Eles sentem, já que ele estava “em tormentos” (v. 24). Eles suplicam
misericórdia, visto que ele pediu — embora em vão — uma gota de água fria para
a sua língua (v. 24). Eles continuam
em posse da memória, pois ao homem rico foi pedido que lembrasse” o que ele tinha recebido
durante a sua vida na terra (v. 25).”[10]
TÁRTARO, A REGIÃO DOS ANJOS CAÍDOS
Outro
termo que aparece no Novo Testamento é Tártaro.
Esse termo grego só aparece em 2 Pedro 2.4.
De acordo com Severino Pedro “Nos escritos
paralelos ao Apocalipse (especialmente o livro de Enoque), ‘Tártaro’ é a
designação usada para o lugar de punição dos anjos caídos. Algumas das
referências a esse lugar, na literatura grega, parecem indica que se imaginasse
esse no lugar inferior ao ‘hades’, bem como um lugar especial da ira divina.”[11]
O romanos o chamavam de tartarus.
Segundo
Severino Pedro: “Somente em 2 Pedro 2.4 é que
encontramos o vocábulo “tártaroã”, traduzido em nossa versão como “precipitando
no inferno”, e na versão pesita “lançados nas regiões mais baixas”. Os textos
gregos e contexto aqui representados, levando-nos a depreender que o “Sheol” representa
para os perdidos até a ressurreição final e o “Paraíso” para os santos até o
arrebatamento; o que, o “Tártato” representa para os “anjos caídos”; isto é; um
lugar de espera intermediária até uma solução final.”[12]
Sendo
assim, o Tártaro é a região onde parte dos anjos estão aprisionados. A Bíblia
não explica o porque que parte dos anjos estão presa e outra parte está solta.
Muitos confundem e sem fazer a devida distinção, acabam formulando afirmações
equivocadas. O tártaro não é o Inferno propriamente dito. Os anjos caídos do
tártaro estão presos, entregues a abismos de trevas, reservados para o juízo.
Judas disse: “E a anjos, que não guardaram o seu estado original, mas
abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande
Dia.” (Judas 6). No ministério de Jesus, os demônios temiam ir para esse lugar
(Lucas 8.28,31) também conhecido como abismo.
É
importante salientar que não existe um versículo bíblico afirmando que os
demônios estão no mesmo lugar que os ímpios. Nem tampouco afirma que os
demônios estão no inferno, soltos, atormentando as pessoas.
Um dia,
esses anjos caídos, juntamente com os outros também serão lançados no lago de
fogo e enxofre, e aí sim, estarão no mesmo lugar, o diabo, os anjos caídos e os
ímpios.
GEENA, O INFERNO PROPRIAMENTE DITO
O Geena
ilustra bem como será o inferno. Jesus comparou este lugar várias vezes ao
castigo eterno. Mas o que era o Geena?
Geena
significa: Vale de Hinom. Derivado do vocábulo Gehenna (ou Ge-Hinnom). Segundo a Bíblia de Estudo Palavras-Chave,
era: “Um vale estreito que forma o limite meridional de
Jerusalém, correndo em direção ao oeste, a partir do vale de Josafá aos pés do
Monte Sião. Neste local, os israelitas estabeleceram a adoração idólatra de
Moloque, a quem eles queimavam os próprios filhos em sacrifício (1Rs 11.7; 2
Reis 16.3; Jr 7.31; 32.35). Esta prática idólatra foi interrompida e o local
destruído por Josias (2 Reis 23.10,14), depois do que ele, aparentemente, foi
transformado em uma espécie de aterro sanitário da cidade bem como tornou-se um
local de depósito das carcaças de animais e dos cadáveres dos mal feitores que
eram deixados sem sepultamento ao ar livre e que, para sua destruição, eram
acesas fogueiras de tempos em tempos. (...) Por meio de uma metáfora simples os
judeus teriam feito a associação e a transferência do nome do lugar de castigo
no mundo por vir, a habitação dos demônios e das almas dos ímpios.”[13]
Severino
Pedro disse: “Ali era o lugar onde era jogado o lixo.
Isso corresponde a um lugar com mau cheiro, fumaça e odores de putrefação que
se encontra fora das cidades.”[14]
É
importante frisar que Jesus utilizou a figura do Geena várias vezes para
descrever o estado da condenação eterna. A.W. Pink diz: “...nosso Senhor usou o vale de Hinom como um símbolo do inferno, e
assinou com o selo da Sua autoridade o mais amplo e mais solene alcance da
palavra. Deve-se considerar com cuidado que, quando falava da geena, Ele nunca
Se referia ao mero vale literal perto de Jerusalém, mas empregava o termo para
designar o lugar dos tormentos eternos.”[15]
Veremos
agora uma série de perguntas e respostas sobre o Inferno propriamente dito.
QUEM CRIOU O INFERNO?
Deus.
Existem ideias equivocadas a respeito do inferno que devem ser desconstruídas
da mente de alguns cristãos. Muitos opinam que o diabo é o rei do inferno, e
que ele está lá com um tridente na mão atormentando as pessoas. Inclusive há
hinos afirmando que Jesus tomou as chaves do inferno das mãos do diabo.
Qualquer
lugar da terra ou fora dela foi criado por Deus. O diabo não tem poder
criativo, seu papel é destruir, não de construir. Deus criou os planetas, o universo e
tudo quanto há neles. O Senhor também é soberano e nada foge de seu controle.
Parece até
assustador admitir que Deus criou o inferno. Mas não podemos fugir dessa
realidade: "Então
dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos" (Mat. 25:41).
Essa objeção cai por terra, quando imaginamos que até os lugares mais
“terríveis” foram criados por Deus. Não sabemos quando Deus criou o inferno, há
especulações que afirmam ter sido na época da criação da terra. Mas a Bíblia se
cala quanto a isso. A Bíblia diz que o inferno está preparado para o diabo e
seus anjos conforme Mateus 25.41. Fica claro que Deus criou esse lugar. Você
acha que o diabo criaria um lugar de prisão e tormento eterno para si próprio?
AS PESSOAS QUE IRÃO PARA O INFERNO, PASSARÃO A
ETERNIDADE LÁ OU SÓ UM PERÍODO DE TEMPO?
A Bíblia ensina que o destino final de todos aqueles que não são de
Cristo é o Inferno. Porém, vez ou outra, surge alguém dizendo que a morte é o
fim de tudo. Outros, até admitem que o
inferno existe, mas que as pessoas passarão só um período de tempo lá e depois
irão para o céu. Já outros dizem que a alma será aniquilada. Sobre isso, A.W.
Pink declara: “O absurdo e a
falta de base bíblica do aniquilacionismo são fáceis de expor. Se por ocasião
da morte o pecador deixa de existir, por que ressuscitá-lo para depois
aniquilá-lo outra vez? A Escritura fala do “castigo” e do “tormento” do ímpio;
mas qualquer um pode ver que isso não é aniquilação! Se a aniquilação fosse
tudo o que estivesse aguardando os ímpios, eles nunca
haveriam de saber que receberam a justa e devida “recompensa” das suas
iniquidades! A Escritura fala de graus de punição para os perdidos; mas a
aniquilação tornaria isso impossível; a aniquilação nivelaria todas as
distinções e desconsideraria todos os graus de culpa. Em Isaías 33.14, lemos o
seguinte: “Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós
habitará com chamas eternas?” Longe de serem aniquilados, os pecadores
habitarão com o fogo devorador!”[16]
A.W.Pink também cria dessa forma: “Da mesma forma que a primeira morte é a separação da alma do
corpo, assim a segunda morte será a eterna separação da alma de Deus — “Estes
sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória
do seu poder” ( 2 Ts 1.9). A respeito desse ponto, a linguagem das Escrituras é
extremamente explícita. Em Mateus 25.41, lemos do “fogo eterno”. Em Mateus
25.46, lemos do “castigo eterno”. Em Marcos 3.29, lemos do “eterno juízo”. E em
2 Tessalonicenses 1.9, lemos da “eterna destruição”. ‘Eterno’ (ou ‘para
sempre’) é o único e invariável significado de aionios no Novo Testamento. A
mesma palavra, traduzida como “destruição eterna”, “castigo eterno”, “fogo
eterno” é traduzida como “vida eterna” em João 3.16; “salvação eterna” em
Hebreus5.9; “Sua eterna glória” em 1 Pedro 5.10. Não há necessidade de nenhum
argumento para provar que nessas passagens é impossível traduzir
apropriadamente de outra forma as palavras ‘para sempre’ e ‘eterno’.”[17]
Parece
cruel, mas os pecadores desfrutarão da morte eterna, que é descrita na Bíblia,
como a segunda morte. A morte eterna nada mais é do que a separação eterna,
definitiva e longínqua de Deus. Pink diz: “Da mesma forma que a primeira morte o separa para sempre deste
mundo, assim a segunda morte o separa para sempre de Deus.”[18]
QUANDO ALGUÉM MORRE SEM ESTAR SALVA, A SUA ALMA VAI
DIRETAMENTE PARA O INFERNO?
Não. Ela vai primeiramente para o Hades/Sheol, um lugar intermediário
onde ficam almas aguardando o juízo final. Só após serem julgadas serão lançadas
dentro do lago de fogo e enxofre, isto é, o Inferno propriamente dito. O hades
não deixa de ser um lugar de tormento, todavia, não se compara ao lago de fogo
e enxofre.
O DIABO ESTÁ NO INFERNO?
Várias passagens bíblicas sustentam que o diabo não está (ainda) no
inferno, mas sim fora dele (isto é: neste mundo, regiões celestiais). Muitas
pessoas afirmam que o diabo está no inferno, depois afirmam que ele está na
terra. Acreditar nisso é admitir ocultamente que o diabo é onipresente, ou
seja, que ele está em vários lugares ao mesmo tempo. É perigoso andar por esse
caminho. Sendo um ser caído, Satanás pode ser veloz, mas jamais poderá estar em
dois lugares ao mesmo tempo. Temos que ficar com apenas duas opções: ou ele
está no inferno, ou ele está na terra. Nesse caso, ficaremos com a Bíblia que
apóia a segunda opção.
É bem verdade que alguns crentes afirmam ter sido arrebatados em
espírito e alegam ter visto o diabo lá, porém não devemos igualar nossas experiências
pessoais com a autoridade Bíblica. É errado e até herético agir dessa forma.
Experiências pessoais jamais substituirão verdades Bíblicas.
Um dia, ele também será julgado e lançado no lago de fogo e enxofre,
lugar do qual nunca mais poderá sair!
Sendo assim, a Bíblia não descreve o diabo como um ser que entra e sai
do inferno a hora que quer. A verdade é que ele nunca esteve lá!
O INFERNO À LUZ DA BÍBLIA:
Agora que
já explicamos algumas coisas, focaremos em como a Bíblia descreve esse lugar
tão tenebroso. Sempre que você pensar em inferno tenha em mente dois termos que
são equivalentes. São elas: Geena e Lago de fogo e enxofre. Ou seja, Geena e
lago de fogo são o mesmo lugar. Esse será o lugar de detenção final dos
perdidos.
2. Um lugar de castigo. Com fogo eterno, trevas
exteriores, tormento, castigo, morte e ausência de Deus. (Confira Mateus 8.12; 25. 41,46; Romanos 2.5; 1 Ts
1.9; Ap 14.10,11; 21.8).
Segundo A.W Pink: “Não haverá lugar de descanso no inferno; nenhum refúgio onde
possam encontrar um pouco de trégua; nenhuma fonte refrescante onde possam refrescar-se. Não haverá nem mudança
nem variação no seu destino. Dia e noite, para todo o sempre, serão punidos.
Sem nenhuma esperança de melhora, afundarão em indescritível desespero.”[20]
A.W. Pink
ainda explica que: “O Filho de Deus asseverou que “ali
haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13.42). É muito significante que Cristo
tenha Se referido a isso exatamente sete vezes — denotando o completo
sofrimento e angústia deles (Veja Mt 8.12; 13.42,50; 22.13; 24.51; 25.30; Lc
13.28).”[21]
3. Um lugar terrível. Pink diz: “O destino final dos ímpios é chamado
de “tormento”. Sabemos disso pelo fato o arqui-inimigo de Deus haverá de
sofrer, quão terrível não deve ser esse lugar! Esse tormento significa nada
mais nada menos do que a mais excruciante dor de que o fogo eterno onde serão
lançados os ímpios é “preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41), o que,
mais do que esclarecer quem o haverá de suportar, especifica e reforça a
enormidade e o horror desse castigo. Esse versículo expõe a severidade do
castigo dos perdidos. Se o fogo eterno foi “preparado para o diabo e seus
anjos”, quão insuportável não será! Se o lugar do tormento eterno, no qual
todos os descrentes serão lançados, é o mesmo onde que somos capazes de
conceber. Não temos nem ideia de quanto o sofrimento do inferno haverá de
exceder qualquer dor que se possa sentir aqui na terra.”[22]
4. Um lugar cheio de ímpios. Ali estarão as pessoas mais terríveis que já
viveram nessa terra. Estarão covardes, incrédulos, abomináveis, assassinos,
impuros, feiticeiros, idólatras, mentirosos e etc (Ap 21.8). O inferno será a
maior penitenciária existente em todo o universo. Lá estarão Caim, Judas,
apóstatas, enganadores, pedófilos, bárbaros, ladrões, blasfemadores, os que
praticam o homossexualismo, desobedientes, demônios, o diabo, em fim: todos
aqueles que morreram sem salvação.
ALGUNS VERSÍCULOS BÍBLICOS QUE FALAM SOBRE O INFERNO:
E muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo
eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do
firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.” (Daniel
12.2-3)
“E sairão, e verão os cadáveres dos homens
que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo
se apagará; e serão um horror a toda a carne.” (Isaías 66. 24)
Portanto, se o teu olho
direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor
que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado na Geena.”
(Mateus 5.29)
“E não temais os que
matam o corpo e não podem matar a
alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.”
(Mateus 10.28)
“Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um
prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes
mais do que vós.” (Mateus 23.15)
“Serpentes, raça de
víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mateus 23.33)
“E, se o teu pé te
escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo
dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga, Onde o seu
bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu olho te escandalizar,
lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que,
tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno, Onde o seu bicho não morre,
e o fogo nunca se apaga. Porque cada um será salgado com fogo, e cada
sacrifício será salgado com sal.” (Marcos 9.45-49)
“Em sua mão tem a pá, e
limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com
fogo que nunca se apagará.” (Mateus 3.12)
“E os filhos do reino serão lançados nas trevas
exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus 8.12)
“e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e
ranger de dentes.” (Mateus 13.42.50)
“Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e
mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de
dentes Mateus 22.13)
“Então dirá também aos que estiverem à sua
esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo
e seus anjos;” (Mateus 25.41)
“E, se a tua mão te escandalizar, corta-a;
melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o
inferno, para o fogo que nunca se apaga,” (Marcos 9.43)
“Se de fato é justo
diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, E a vós,
que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus
desde o céu com os anjos do seu poder, Como labareda de fogo, tomando vingança
dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor
Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do
Senhor e a glória do seu poder,” (II Tessalonicenses 1. 6-9)
“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois
de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício
pelos pecados, Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de
fogo, que há de devorar os adversários.” (Hebreus 10.26-27)
“Mas, quanto aos tímidos,
e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos
feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago
que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.” (Apocalipse 21. 8)
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de
fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão
atormentados para todo o sempre.” (Apocalipse 20.10)
O QUE OS PAIS DA IGREJA FALARAM SOBRE O INFERNO:
É
muito comum encontrar nos escritos dos pais apostólicos, textos que fazem
referência ao inferno. Esse assunto já era amplamente aceito por cristãos das
mais variadas igrejas. Vejamos alguns deles.
Inácio de Antioquia:
“Não vos iludais, meus irmãos, os corruptores da família não herdarão o
Reino de Deus. Pois, se pereceram os que praticavam tais coisas segundo a
carne, quanto mais os que perverterem a fé em Deus, ensinando doutrina má, fé
pela qual Jesus Cristo foi crucificado? Um tal, tornando-se impuro,
marchará para o fogo inextinguível, como também marchará aquele que o escuta. Por
isso, recebeu o Senhor unção sobre a cabeça para exalar em favor da Igreja o
perfume da incorrupção. Não vos deixeis ungir pelo mau odor da doutrina do príncipe
deste mundo, de forma que vos leve cativos para longe da vida que vos espera.
Por que não nos tornamos prudentes, aceitando o conhecimento de Deus, isto é,
Jesus Cristo? Por que morrermos tolamente, desconhecendo o dom que o Senhor nos
enviou de verdade?” (Inácio de Antioquia, Carta aos efésios, 16-17)[23]
Justino Mártir:
“E
disse mais: “Não temais aqueles que vos matam e depois disso nada mais podem
fazer; temei antes aquele que, depois da morte, pode lançar alma e corpo no
inferno”. Deve-se saber que o inferno é o lugar onde serão castigados
os que tiverem vivido iniquamente e não acreditaram que acontecerão essas
coisas ensinadas por Deus, através de Cristo.” (I Apologia 19.7)[24]
“Quanto a alcançar a imortalidade, nos foi ensinado que só a alcançam aqueles
que vivem santa e virtuosamente perto de Deus, assim como cremos que
serão castigados com fogo eterno aqueles que viveram injustamente e não se
converteram.” (I Apologia 21.6)[25]
“Porque entre nós, o príncipe dos demônios do mal chamado Satanás,
diabo, serpente ou caluniador, como você pode saber, se você descobrir, por
nossas escrituras, e que ele e todo o seu exército junto com os
homens que o seguem serão enviados para o fogo para serem punido por toda a
eternidade sem fim, que é o que de antemão foi anunciado por Cristo”
(I Apologia 28)[26]
“E se também vós ledes como inimigos estas nossas palavras, além de
matar-nos, como já dissemos antes, nada podeis fazer. A nós, isso nenhum dano
causará; a vós, porém, e a todos os que injustamente nos odeiam e não
se convertem, trazer-vos-á castigo de fogo eterno.” (I Apologia 45.6)[27]
“Assim é que os profetas anunciaram duas vindas de Cristo: uma, já
cumprida, como homem desonrado e passível; a segunda, quando virá dos céus
acompanhado de seu exército de anjos, quando ressuscitará também os corpos de
todos os homens que existiram; revestirá de incorruptibilidade os que
forem dignos, e enviará os iníquos, com percepção eterna, ao fogo eterno, junto
com os perversos demônios. Vamos mostrar como foi profetizado que isso
deverá acontecer.” (I Apologia, 52)[28]
“O fato é que em todas as partes há gente
disposta a nos levar à morte. Exceto os que estão persuadidos de que os
iníquos e intemperantes serão castigados com o fogo eterno e
que os virtuosos e que viveram de modo semelhante a Cristo, viverão impassíveis
com Deus…” (II Apologia 1. 2)
“Todavia, logo que conheceu os ensinamentos
de Cristo, não só se tornou casta, como procurava também persuadir seu marido à
castidade, referindo-lhe os mesmos ensinamentos e anunciando-lhe o
castigo do fogo eterno, preparado para os que não vivem castamente e conforme a
reta razão.” (II Apologia 2. 2)[29]
“No princípio, Deus criou livres tanto os
anjos como o gênero humano e, por isso, receberam com justiça o castigo
de seus pecados no fogo eterno.” (II Apologia 6. 4)[30]
“Eles receberam merecido tormento e
castigo, aprisionados no fogo eterno. Se eles agora são
vencidos pelos homens em nome de Jesus Cristo, isso é aviso do futuro castigo
no fogo eterno que os espera, juntamente com aqueles que os servem. Todos
os profetas anunciaram isso de antemão e isso também nos ensinou o nosso mestre
Jesus.” (II Apologia 7. 4-5)[31]
“E não se oponham a que costumam dizer
os que se têm por filósofos, que não são mais que apenas ruído e espantalhos o
que afirmamos sobre a punição que os ímpios devem sofrer no fogo
eterno” (II Apologia 9)[32]
“…mas Deus poderosamente as tirará de nós, quando ressuscitar a todos,
tornando uns incorruptíveis, imortais, isentos de dor e colocando-os em seu
reino eterno e indestrutível, e enviando outros para o suplício do fogo
eterno.” (Diálogo Com Trifão 117)[33]
Martírio de Policarpo:
“Quem não admiraria a generosidade deles, a perseverança e o amor ao
Senhor? Dilacerados pelos flagelos a ponto de ser ver a constituição do corpo
até as veias e artérias, permaneciam firmes, enquanto os presentes choravam de
compaixão. A sua coragem chegou a tal ponto que nenhum deles disse uma palavra
ou emitiu um gemido. Eles mostravam em seus corpos, mas que o Senhor, aí
presente, conservava com eles. Atentos à graça de Cristo, eles desprezavam as
torturas deste mundo e adquiriram, em uma hora, a vida eterna. O fogo dos
torturadores desumanos era frio para eles. De fato, tinham diante dos olhos
escapar do (fogo) eterno, que jamais se
extingue; com os olhos do coração olhavam os bens reservados à
perseverança, bens que o ouvido não ouviu, nem o olho viu, nem o coração do
homem sonhou, mostrados pelo Senhor àqueles que não que não eram mais homens,
mas que já eram anjos.” (Martirio de Policarpo, 2. 3-4)[34]
Discurso a
Diogneto:
“Então,
ainda estando na terra, contemplarás porque Deus reina nos céus. Aí começarás a
falar dos mistérios de Deus, amarás e admirarás aqueles que são castigados por
não querer negar a Deus. Condenarás o engano e o erro do mundo, quando
realmente conheceres a vida no céu, quando desprezares esta vida que aqui
parece morte e temeres a morte verdadeira, reservada
àqueles que estão condenados ao fogo eterno, que atormentará até o fim aqueles que lhe forem entregues. Se
conheceres esse fogo, ficarás admirado, e chamarás de felizes aqueles que, pela
justiça, suportaram o fogo passageiro.…” (Discurso a Diogneto, 10, 7-8)[35]
Atenágoras:
“Sabendo, porém, como sabemos, que Deus vigia
nossos pensamentos e nossas palavras, tanto de dia como de noite, e que ele é
todo luz e vê até dentro do nosso coração; acreditando, como cremos, que, ao
sair desta vida, viveremos outra melhor, contando que permaneçamos com Deus e
por Deus inquebrantáveis e superiores às paixões, com alma não carnal, mas com
espírito celeste, embora na carne; ou acreditando que, se cairmos como os
demais, espera-nos uma vida pior no fogo (porque Deus não nos criou
como rebanhos ou bestas de carga, de passagem, só para morrer e desaparecer); crendo
nisso, dizíamos, não é lógico que nos entreguemos voluntariamente ao mal e nos
joguemos a nós mesmos nas mãos do grande juiz para sermos castigados.”
(Atenágoras, Petição a favor dos Cristãos, 31)[36]
Ireneu de
Lião:
“No Novo Testamento, [1062] cresceu
fé dos homem sem Deus, ao receberem o Filho de Deus como um bem adicionado a
fim de que os homens tivessem a participação de Deus.Da mesma forma aumentou a
perfeição do comportamento humano, pois somos instruídos a abster-senão só
de más ações, mas também dos maus pensamentos(Mt 15.19) de palavras
ociosas, expressões vãs (Mt 12.36) e licenciosos discursos
(Ef 5.4):deste modo também ampliou a punição daqueles que não
acreditam na Palavra de Deus,que desprezam sua vinda e recusam, porque não vai ser mais temporária,
mas eterna. Para tais pessoas,o Senhor dirá: ‘Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno’ (Mateus 25.41), e será para sempre
condenado. (Santo Ireneu, contra as heresias IV. 28.2)[37]
Cipriano de
Cartago:
“Que glória para os fiéis haverá então, que castigo para os não
crentes, que dor para os infiéis por não haver querido crer em outro tempo
neste mundo e não poder agora voltar atrás e crer. A geena sempre em chamas e um fogo devorador abrasará aos que ali irem, e não terão descanso seus
tormentos nem fim em nenhum momento. Serão
conservadas as almas com os corpos para sofrer com inacabáveis suplícios. Ali veremos sempre ao que aqui não olhamos
por um tempo, e o breve prazer que tiveram os olhos cruéis nas perseguições
será contrapesado pelo espetáculo sem fim, segundo o testemunho da Sagrada
Escritura, quando disse “Seu verme não morrerá, e seu fogo não se extinguirá, e
servirão de espetáculo a todos os homens… Então será em vazio o arrependimento,
vãos os gemidos e sem eficácia os rogos. Tarde crêem na pena eterna os que não
quiseram crer na vida eterna.” (Cipriano, A
Demetriano, 24)[38]
Basílio de Cesárea:
“É
evidente que as obras são a causa de que alguém acabe por ser condenado ao
suplício, uma vez que somos nós mesmos os que não nos dispomos para ser
merecedores do queimamento, de modo que os vícios da alma são como faíscas de
fogo que produzimos para acender as chamas da geena, como no caso daquele rico
que se queimava no fogo de seus próprios prazeres que o abrasavam. Contudo, a intensidade do fogo devorador será maior ou menor, segundo
sejam os dardos lançados sobre cada um pelo maligno.” (Basílio de
Cesárea, Comentário sobre Isaías 1.64)[39]
““… não está presente no inferno quem louva, nem no sepulcro quem se lembra de Deus,
porque tampouco está presente o auxílio do Espírito Santo. Como se pode, pois,
pensar que o juízo se efetua sem o Espírito Santo, enquanto que a Palavra
mostra que Ele mesmo será também a recompensa dos justos, em vez do penhor, entregue
a todos, e que será a primeira condenação dos pecadores quando se lhes despojar
a mesma coisa que pareciam ter?” (Basílio de Cesárea, O Espírito
Santo 16.40)[40]
Gregorio
Nazianzeno:
“Conheço o temor, a agitação, a inquietude e o quebramento do coração,
a vacilação dos joelhos e outras penas semelhantes com que são castigados os
ímpios. Vou dizer, todavia, que os ímpios são entregues aos tribunais da outra
vida pela justiça parcimoniosa deste mundo, de modo que se mostra preferível
ser castigados e purificados agora, que ser encaminhados aos suplícios da vida
após a morte, quando já será o tempo de
castigo e não da purificação.” (Gregório Nazianzeno, Discursos 16.7)[41]
Jerônimo
“São muitos os que dizem que no futuro não haverá suplício pelos
pecados nem se lhes aplicará castigos que venham do exterior, mas que a penas
consistirá no pecado mesmo, e em ter consciência do delito, não morrendo o
verme no coração e ardendo o fogo na alma de um modo
semelhante a febre, que não atormenta o enfermo por fora, mas que,
apoderando-se dos corpos, castiga sem usar qualquer instrumento externo de
tortura. Estas persuasões são laços fraudulentos, palavras vazias e sem valor,
que deleitam como flores aos pecadores, mas que lhes infundem uma
confiança que lhes conduz aos suplícios eternos” (Jerônimo,
Comentário a Carta aos Efésios, 3.5.6)[42]
João
Crisóstomo:
“A dupla pena do inferno: o fogo
e a privação de Deus. Aparentemente não há aqui mais que um só castigo,
que é o ser queimado pelo fogo, porém, se cuidadosamente o examinamos, veremos
que são dois, pois o que é queimado é ao mesmo tempo banido para sempre do
reino de Deus. E este castigo é mais grave que o primeiro”. (João
Crisóstomo, Homilías sobre Mateus 23.8)[43]
UMA PALAVRA AOS CRISTÃOS:
Caro leitor, se você é cristão, tenha em
mente que o Senhor Jesus te livrou desta condenação. Jesus não te livrou apenas
do pecado e da morte. Ele te proporcionou um caminho de pleno gozo e paz. Você
já se imaginou no inferno? A sensação é terrível não é? Pois bem. Você tem
motivos de sobra para dar graças a Deus. Permaneça no Senhor para que possa
herdar a rica e bendita esperança que já nos aguarda.
Fora de Deus só existem densas trevas, mas
com ele habita plena luz. Pare um pouco para pensar. Reflita! O sacrifico do
calvário foi algo muito sério. Sua alma foi comprada da morte por um preço de
sangue, um sacrifício perfeito.
A sentença que contra nós estava apontada foi
removida. Já não resta condenação para você. As chamas não irão te consumir, a
morte já não tem poder algum sobre sua vida. Para você não haverá gritos, nem
dor, nem castigo. O inferno será o destino dos rebeldes e daqueles que praticam
a iniqüidade. No entanto, para nós, os que cremos, houve mudança de rota! Já
não caminhamos tortuosamente; pelo contrário, estamos caminhando para a Canaã
celestial. Não devemos mais temer a morte, porque o nosso Deus é o dono da
vida, e ele mesmo nos vivificou através do seu filho.
As
enfermidades podem até nos acometer no tempo presente, mas desaparecerão ao
tocar da trombeta onde os corpos dos santos serão transformados e glorificados.
Ó quão maravilhosa é essa bendita esperança!
Você
agora é Igreja e as portas do Hades não prevalecerão, pois o dono dela é Jesus.
Diante de Jesus até as fortalezas mais fortes caem por terra. Se alegre no
Senhor. Você agora é livre da morte eterna, e é considerado justo diante de
Deus. Novamente, eu repito: permaneça firme do Senhor!
Quero
chamar sua atenção para outro ponto. Você se sente muito feliz por não estar mais
caminhando rumo à perdição. No entanto,
existem pessoas morrendo sem salvação e nós não podemos ficar conformados com a
nossa salvação e ignorar as milhares de pessoas que morrem diariamente. Você se
alegra em saber que a maioria das
pessoas vão para o inferno?
Certamente não. Então te pergunto: O que tens feito para que as pessoas cheguem
ao conhecimento da verdade? Em Provérbios 24.11 o sábio diz: “Livra os que estão destinados à morte e salva
os que são levados para a matança, se os puderes retirar."
Deus não tem prazer na morte do ímpio, ele
disse: Desejaria eu, de qualquer maneira, a
morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus
caminhos, e viva? (Ezequiel 18.23), no
verso 32, Deus diz: Porque não tenho prazer na
morte do que morre, diz o Senhor DEUS; convertei-vos, pois, e vivei.”
Pedro disse: “O Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para
conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (2 Pedro 3.9). Paulo falou : “Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos
os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:3,4).
A igreja deve despertar para isso! Todos os
dias, milhares de pessoas morrem sem Jesus, sentenciadas para a condenação
eterna. Só de imaginar que a maioria das pessoas desfrutarão da segunda morte,
comove qualquer coração. Devemos estar atentos ficar atentos! Não é tempo de
brincadeira. De Deus não se zomba, existe uma batalha espiritual por vidas. O
diabo e seus demônios lançam tropeços, cegueira e impedimento para que as pessoas
não conheçam a Jesus Cristo. Não podemos ficar calados, anunciemos as boas
novas do Evangelho.
Conclusão: Por
toda a Bíblia vemos de uma forma clara que existe um lugar de castigo para
todos os que dão as costas a Deus aqui nesta terra. Esse lugar é popularmente
conhecido como Inferno. Mas até lá, estão presas no hades, um lugar
intermediário, onde há tormentos. Tais pessoas estão em plena consciência do
que fizeram e do que estão sentindo. O inferno será o destino final de todos
que viveram em iniquidade. Diante disso, surge a necessidade de ensinar a
verdade bíblica. Não podemos só falar ao pecador de céu e omitir seu destino caso
continue sem Cristo. Jesus falou várias vezes do inferno, confrontando o pecado
e anunciando o futuro juízo. Se o pecador não se converter dos seus caminhos, é
certo que a sua morada eterna, dolorosa e definitiva é o Inferno.
NOTAS:
[1]
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º
impressão, 2014. Pág. 162
[2] Vine, W.E., Merril F. Unger e
William White Jr. Dicionário Vine, tradução Luís Aron de Macedo, Rio de
Janeiro: CPAD, 2004. Pág. 689
[3] Bíblia de Estudo
Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
[4] Vine, W.E., Merril F. Unger e
William White Jr. Dicionário Vine, tradução Luís Aron de Macedo,
Rio de Janeiro: CPAD, 2004. Pág. 689
[5]
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. Rio de Janeiro, CPAD, 21º impressão,
2014. Pág. 162
[6]
PINK. A.W. O castigo eterno. Consultado em http://www.monergismo.net.br/textos/livros/castigo-eterno_awpink.pdf
[7]
ZIBORDI, Ciro Sanches. Erros escatológicos que os pregadores devem evitar. Rio
de Janeiro. CPAD, 2012. Pág.89
[8]
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º
impressão, 2014. Pág 162
[9] SILVA,
Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º impressão,
2014. Pág 164
[10]
PINK. A.W. O castigo eterno. Consultado em http://www.monergismo.net.br/textos/livros/castigo-eterno_awpink.pdf
[11]
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º
impressão, 2014. Pág 167
[12]
Ibid. Pág 168
[13] Bíblia de Estudo
Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
[14]
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º
impressão, 2014. Pág 169
[15]
PINK. A.W. O castigo eterno. Consultado em http://www.monergismo.net.br/textos/livros/castigo-eterno_awpink.pdf
[16]
PINK. A.W. O castigo eterno. Consultado em http://www.monergismo.net.br/textos/livros/castigo-eterno_awpink.pdf
[17]
Ibid
[18]
Ibid
[19]
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º
impressão, 2014. Pág 163
[20]
PINK. A.W. O castigo eterno. Consultado em http://www.monergismo.net.br/textos/livros/castigo-eterno_awpink.pdf
[21] Ibid
[22] Ibid
[23]
http://www.cacp.org.br/o-inferno-na-biblia-e-nos-primeiros-pais-da-igreja/
[24] Ibid
[25] Ibid
[26] Ibid
[27] Ibid
[28] Ibid
[29] Ibid
[30] Ibid
[31] Ibid
[32] Ibid
[33] Ibid
[34] Ibid
[35] Ibid
[36] Ibid
[37] Ibid
[38] Ibid
[39] Ibid
[40] Ibid
[41] Ibid
[42]
Ibid
[43]
Ibid
OBRAS CONSULTADAS:
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
PINK, A.W. O castigo eterno.
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia. CPAD, Rio de Janeiro, CPAD, 21º impressão, 2014.
VINE, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine, tradução Luís Aron de Macedo, Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Erros escatológicos que os pregadores devem evitar. Rio de Janeiro. CPAD, 2012.
SITES ACESSADOS:
http://www.monergismo.net.br/textos/livros/castigo-eterno_awpink.pdf