Por Everton Edvaldo
Leitura Bíblica: (Êxodo 1.6-14)
Introdução: Ao longo dos séculos, o Povo de Deus tem sido oprimido e maltratado por várias nações e reis; já foram pisoteados, maltratados e até escravizados, entretanto a poderosa mão de Deus fez eles sobreviverem! Os egípcios foram os primeiros a explorá-los em massa; nesse estudo, vamos aprender com o primeiro capítulo do Êxodo, verdadeiras lições de fé em meio à opressão, mas antes disso, veremos as condições sociais vividas pelo povo de Israel após a morte de José, a mudança no governo do Egito, a transição de um Novo Império, o novo Faraó que se levantou, e também o trabalho escravo realizado pelos hebreus. Depois de tudo isso, vamos identificar as estratégias de Deus para o seu povo, a fim de que eles crescessem e se multiplicassem em meio à opressão. Por fim, iremos extrair reflexões devocionais para nossa vida! O leitor tem em à disposição, um belo estudo Histórico, Doutrinário e Ortodoxo que vai lhe ajudar a entender melhor os fatos que ocorreram antes do nascimento de Moisés. Boa leitura!
I- O DESENVOLVIMENTO DOS HEBREUS EM GÓSEN (v. 6,7)
1. O primeiro capítulo do livro do
Êxodo está recheado de detalhes preciosos. Nele, Moisés resume os séculos que
se passaram após a morte de José em apenas 1 capítulo. A Bíblia diz que após a
morte deste patriarca, o povo de Israel cresceu, multiplicou e frutificou no
Egito. Os hebreus descendentes de José se fixaram na região do Gósen. Essa
terra ficava no delta do Nilo e era muito próspera. Um ambiente propício para
que eles pudessem se desenvolver e crescer. Foi nessa terra que eles
permaneceram por 430 anos. (Veja Gn 47.6).
2. De acordo com o Pastor Claudionor
de Andrade : "Localizada no delta oriental do Egito, era Gósen uma terra
de excelências. Ampla, fértil e mui receptiva, mostrava-se ideal a quem se
entregava às lides do campo e à pecuária. Sendo os Israelitas dados à
agricultura e afeitos ao gado, receberam a oferenda do Faraó como algo
providencial e divino."
3. Sendo assim, os hebreus logo
trataram de plantar, cultivar, construir e edificar na terra. Deus fez o seu
povo habitar na melhor região egípcia.
4. Até aí, o Egito era governado
pelos hicsos, como bem escreveu o Pastor Antônio Gilberto: "O Egito era
então um império universal governado por uma dinastia de reis-semitas, da mesma
origem de José -os hicsos-."
II- QUEM ERAM OS HICSOS?
1. Segundo o Pastor Antônio Gilberto:
"Os hicsos eram tribos asiáticas, notadamente semitas, que dominaram o
Egito durante o tempo em que os Israelitas permaneceram lá."
2. Eles também
eram pastores e criadores de animais. O erudito teólogo R.N Champlin nos
informa em uma das suas obras que: "Esses povos asiáticos eram chamados de
hicsos, nome esse que vem de duas palavras egípcias, KIHAU KHASUT, isto é
"governantes de terras estrangeiras." Eles estabeleceram-se
principalmente no delta do Nilo, embora também tivessem podido controlar áreas
no extremo sul do Egito, incluindo a cidade de Tebas. Não eram culturalmente
tão avançadas quanto os egípcios, mas tinham criado habilidades militares
superiores, incluindo o uso do cavalo, dos carros de guerra, de armaduras de
proteção do corpo e de arcos bem elaborados."
III- O NOVO IMPÉRIO EGÍPCIO: (v.8)
1. O rei que não conheceu José. Diz a Bíblia no versículo 8 que
levantou-se um novo rei no Egito que não conhecia José. Esse rei é identificado
pelos teólogos com Amósis I, príncipe tebano. Ele expulsou os hicsos do país e
se tornou o primeiro Faraó da 18° dinastia. Antônio Gilberto confirma essa
informação dizendo: "O rei que não conhecia José (Ex 1.8) é apontado por
todos os orientalistas como sendo Amósis I, da 18° dinastia, príncipe
tebano." Já o Pastor Ezequias Soares afirma que "As evidências
históricas e arqueológicas apontam um monarca da casa de Amósis I como o Faraó
mencionado em Êxodo 1.8."
2. O
Novo Império Egípcio. Essa fase se constituiu no ápice do governo egípcio.
Nesse período se inicia o Novo Império Egípcio. O Pastor Severino Pedro nos
explica que: " O Império Novo começa em 1580 a.C. e marca o triunfo do
egípcio sobre todo o mundo até então conhecido. É um período de poderio militar
fundado em uma política de defesa e de conquistas e de máximo esplendor
artístico e cultural. A capital é Tebas e os sacerdotes do deus Amon têm muita
influência."
3. Ezequias Soares completa os detalhes do
Novo Império dizendo: "A era de Moisés se situa no Novo Império Egípcio,
mais precisamente na 18° dinastia, fundada por Amósis I. É o período do apogeu
militar e econômico do Egito. Esta dinastia teve 14 monarcas que governaram
entre 1580 e 1308 a.C. Amósis I, vindo de Tebas, sul do Egito, atual Carnaque,
unificou o Alto e o Baixo Egito e expulsou os hicsos do país, perseguindo-os
até o Eufrates. Esse mesmo fez de Canaã tributário do Egito."
IV- A OPRESSÃO DE FARAÓ: (vv. 9-11,13,14)
1. O governo do Egito passou pra uma família
que não conhecia José. Esse novo rei, tinha medo do crescimento dos hebreus.
Medo de quando chegasse a guerra, eles se juntassem com o inimigos para lutar
contra os egípcios. O rei logo percebeu que havia em seu território um povo que
criava rebanhos e que cuidava de gado, assim como os hicsos. Charles R.
Swindoll explica que: "Esse novo Faraó desprezava a população judia
crescente."
2. Então, ele arquitetou um projeto astucioso,
que deixasse os Israelitas sobrecarregados e cansados! Faraó pôs cargas sobre o
povo de Israel, construiu monumentos e cidades às custas do povo de Deus. Ainda
hoje, essa é a estratégia do inimigo: sufocar o povo de Deus, nos deixar
cansado, para impedir o nosso crescimento.
3. Segundo Charles R. Swindoll: "Um novo
estilo de vida passou então a vigorar para os hebreus... Os egípcios puseram
sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os
Israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés (Ex 1.11).
Sai: facilidades, abundância e prosperidade. Entra: feitores e chibatas."
4. O
trabalho dos hebreus era bastante cansativo. Flávio Josefo, historiador judeu
comentou sobre esse trabalho escravo: "Como os egípcios são naturalmente
preguiçosos e voluptuosos e só pensam no que lhes pode proporcionar prazer e proveito,
eles olhavam com inveja a prosperidade dos hebreus e as riquezas que estes
conquistavam com o trabalho. Conceberam certo temor pelo aumento do número
deles. Tendo o tempo apagado a memória das obrigações que todo o Egito devia a
José e tendo o reino passado a outra família, eles começaram a maltratar os
Israelitas e oprimi-los com trabalhos [...] Empregaram-nos em cavar vários
diques para deter as águas do Nilo e diversos canais para conduzi-las.
Faziam-nos trabalhar na construção de muralhas para cercar as cidades e
levantar pirâmides de altura prodigiosa, obrigando-os até mesmo a aprender, com
dificuldade, artes e diversos ofícios."
5. Não só os hebreus, como também outros estrangeiros eram explorados
pelo Faraó. O Teólogo R.N. Champlin nos revela o cenário daquela época: "A
arqueologia tem descoberto excelente pinturas que retratam os semitas e outros
fabricando tijolos, no túmulo da capela de Recmire, um governador subordinado a
Tutmés III. [...] Estrangeiros também eram empregados em outras obras, como
pastores, tecelões, fabricantes de cerveja, mercadores de vinho, porteiros,
soldados, ou seja, em todas as atividades da sociedade. O sistema econômico
dependia do trabalho escravo para sobreviver, o que demonstra porque razão o
Faraó tanto ansiava por impedir a partida do povo de Israel."
V- ESTRATÉGIA DE FARAÓ X ESTRATÉGIA DE DEUS: (v.12)
1. Moisés escreveu no versículo 12:
"Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais se
espalhavam; de maneira que se inquietavam por causa dos filhos de Israel."
2. Apesar de tanto sofrimento, tanta angústia,
Deus honrou o seu povo. O desejo de Faraó era de sufocar Israel, entretanto,
quanto mais ele oprimia, mais Israel crescia. Deus se utilizou da opressão de
faraó para abençoar o seu povo. É assim que acontece em nossos dias; somos
afligidos, oprimidos e até massacrados, porém existe uma diferença entre o
Egito e Israel. Sabe qual? É no Deus! Embora o Egito tivesse à sua disposição
milhares de deuses; esses, de nada lhes servia. Já Israel tinha um único Deus,
o Deus verdadeiro, Todo-Poderoso, que usa a crise para nos fazer crescer.
3. Na mente de Faraó, a opressão impediria o
crescimento de Israel; já Deus, transformou a opressão numa ferramenta benéfica
para o crescimento do seu povo. Muitas vezes, o Senhor permite situações de
opressão na nossa vida, para aperfeiçoar nosso caráter e fortificar a nossa
resistência.
4. A resposta de Deus foi: multiplicação, crescimento e extensão para o seu povo. Vejamos:
a) Multiplicação- Imagine quantas famílias judias foram separadas pelos
egípcios. Os filhos eram tirados das suas casas e eram levados para a
construção. Dia após dia, eles trabalhavam em obras pesadas. A tendência
natural era diminuírem, mas Deus contrariou a lógica humana, e fez eles se
multiplicarem.
b) Crescimento/Extensão- Faraó queria encurralar os hebreus, mas Deus fez eles se
espalharem por toda a terra de Gósen, de maneira que eles se tornaram
numerosos.
5. Faraó tinha suas estratégias, e
Deus também tinha as suas. A estratégia de Faraó era de fracassar aquele povo.
Já a de Deus era de prepará-los para Canaã. Os homens agora, estavam prontos
para não só cuidar de gado, como também construir, sobreviver e crescer. Deus
fez o hebreus saberem da sua força, pois eles não eram simples escravos, e sim,
herdeiros da promessa de Abraão: "De ti farei uma grande nação, e te
abençoarei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da
terra." (Gn 12. 2,3).
Conclusão: Que essa mensagem venha trazer
esperança para o nosso coração. Assim como o bom Deus cuidou de Israel, ele
cuida de nós! As estratégias humanas não são fortes o suficiente para aniquilar
o povo de Deus. Quanto mais alguém nos oprime, mais crescemos. Foi assim que
ocorreu na Igreja Primitiva. Os Cristãos foram perseguidos, assassinados, e até
dispersos; mas o Evangelho só fez crescer! Creia que Deus vai usar a opressão
humana para te abençoar em nome do Senhor Jesus.