Por Everton Edvaldo
Quando se defende que a mulher pode assumir posições de liderança na igreja, geralmente se levanta a objeção de que no A.T, os líderes religiosos de Israel (sacerdotes) eram todos homens. Isto é, não existiam sacerdotisas na lei. Esse tipo de argumento se torna falacioso e circular quando analisado à fundo (analiticamente e biblicamente) por vários motivos.
O primeiro deles é quando se confunde Israel com a Igreja. São duas instituições distintas, cada uma com suas peculiaridades e singularidades. Misturar essas duas entidades causa problemas seríssimos. Até porque no N.T, o ofício sacerdotal se encerra em Cristo, o Sacerdote por excelência segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6,10; 6.20; 7.21) e a Bíblia ensina a doutrina do Sacerdócio Universal de todos os salvos (mas não como ofício, apenas como instrumentalização). Ou seja, na Nova Aliança todos os salvos (homens e mulheres) são sacerdotes (1 Pe 2.5,9; Ap 1.5,6; 5.9,10). Outro erro cometido aqui é o de pegar um texto que tem uma prescrição para um público específico (Israel) e transferi-lo para outro público (Igreja) sem uma devida conexão Neotestamentária. Isso é chamado de descontextualização. Assim como o sábado (para Israel, não para a Igreja), a questão do gênero exclusivivamente masculino para o exercício sacerdotal no A.T, não é algo prescrito no N.T, quando o assunto é sobre o Ministério da Igreja. Percebe a diferença?
O segundo é a consideração de que a liderança de Israel era composta apenas de sacerdotes. Quem afirma isso, ignora que em Israel, profetas também eram autoridades espirituais e religiosas (exemplo Moisés e Samuel), e se tratando de profetas, existiam tanto homens quanto mulheres (Miriã, Débora, Hulda, a esposa de Isaías, etc).
O terceiro erro consiste em colocar como paradigmático a questão do gênero e ignorar outros requisitos exigidos no ministério sacerdotal. Há pelo menos 12 deles, dos mais diversos tipos, aos quais destaco dois: ser da tribo de Levi (Nm 3.6,7) e ter a idade mínima de 30 anos (Nm 4.1-3). Então se é verdade que os líderes da igreja de hoje devem ser homens porque no A.T só haviam sacerdotes (masculinos), também é verdade que eles devem preencher todas as outras regras. Porque apenas o gênero é levado em consideração? Seria manipulação Hermenêutica? Parcialidade e seletividade?
Seja lá o que for, uma coisa é certa: esse argumento não é suficiente para ser contra o Ministério Feminino, pois o A.T demonstra invariavelmente que apesar de majoritariamente e naturalmente a liderança de Israel ser composta por homens, Deus também contava com mulheres para liderar de acordo com Sua soberana vontade.
É fato que Deus escolheu homens para serem Sacerdotes em Israel, mas a liderança religiosa desse povo, nunca se resumiu ao Sacerdócio, muito menos apenas aos homens.
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