22 de junho de 2019

Afinal de contas, quantos livros os pais da igreja escreveram?



Por Everton Edvaldo

Quem de nós nunca sonhou em ter a coleção completa de 44 volumes da Paulus sobre a Patrística? Pra quem não sabe, a Patrística foi um grande período da história da igreja, em que os pais ou padres da igreja, consolidaram muitas das doutrinas cristãs que temos hoje. Eles fizeram parte da igreja primitiva e deixaram para nós um vasto material escrito, tratando sobre diversos assuntos e corrigindo dezenas de erros. Às vezes, errando, às vezes acertando, a Patrística é digna de ser estudada. Porém, conhecer seus escritos é um grande desafio.

O primeiro é o da tradução. Das centenas de volumes que existem, apenas poucas dezenas foram traduzidas para a língua portuguesa. O segundo é o da linguagem. Os patrísticos são exaustivos e possuem uma linguagem bem peculiar. Lê-los na maioria das vezes é maçante, cansativo e desmotivador para um público que não tem o hábito da leitura.

A coleção mais completa que temos em nosso país, é a da Editora Paulus. São 44 volumes bem resumidos e trazem alguns escritos de pais como Orígenes, Agostinho de Hipona, Leão Magno, Ambrósio, João Crisóstomo, Irineu de Lyon, Justino de Roma, Hilário de Poitiers, Gregório de Nissa, Gregório Magno, Eusébio de Cesaréia, Cipriano de Cartago, Ambrósio de Milão, entre outros. Ela custa atualmente: 3.320,00 R$.

Porém, o catálogo da Patrística é muito maior que isso.

Para você ter ideia, entre 1844 e 1864, um abade e padre francês chamado Jacques Paul Migne, publicou a coleção de Patrologia Latina. Ela é a maior e mais exaustiva coleção já publicada dos escritos existentes dos pais e doutores latinos da igreja primitiva e medieval. Ela cobre um período de tempo de Tertuliano (200 d.C) e vai até o Papa Inocêncio III em 1216. No total, são 221 volumes e cerca de 150.000 páginas escritas em latim.

Porém, não para por aí...

Entre 1857 e 1866, J.P. Migne também lançou a maior coleção já publicada dos escritos existentes dos pais e doutores gregos da igreja primitiva e medieval. Com a coleção da Patrologia Grega, nós podemos ter acesso aos escritos dos pais capadócios cujos trabalhos foram tão importantes para a formulação precisa da doutrina da Trindade contra o Sabelianismo por um lado, e o triteismo, por outro. São 161 volumes e 110.000 páginas.

Em 1886, o professor Rene Graffin embarcou na grandiosa tarefa de compilar os escritos dos pais que não foram incluídos nas obras monumentais de J.P. Migne. Ela resultou na coleção de Patrologia Siríaca e Oriental. São escritos dos pais da igreja em árabe, armênio, copta, etíope, grego, georgiano, eslavo e siríaco. Nela, há escritos teológicos, cartas e homilias dos primeiros pais orientais. Ela nos revela qual era o pensamento deles sobre as Escrituras, as doutrinas cristãs e as heresias que os assolavam. São 17 volumes e um total de 12.725 páginas.

Ainda hoje, várias outras obras dos pais da igreja estão sendo publicadas de forma independente. O trabalho não para. Além disso, se sabe que o possui um acervo gigantesco de obras da Patrística que poucas pessoas ou quase ninguém tem acesso. Muitas dessas obras, nós talvez nunca conheçamos. Sem contar naqueles que se perderam ao longo dos anos e que nunca teremos a oportunidade de ler. Sem dúvida, o período da Patrística foi riquíssimo em produção teológica e abastado de muito conhecimento.

No final das contas, nunca saberemos ao certo quanto livros a Patrística possui, mas é certo que ela foi incomparável e singular.

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