19 de outubro de 2016

JESUS, A VERDADEIRA LIBERDADE


Por Everton Edvaldo

Leitura Bíblica: (João 8.31-36)

Introdução: Nesta passagem bíblica, o apóstolo João registrou um dos mais importantes sermões de Jesus a respeito da realidade humana. Aqui Jesus discorre a cerca da escravidão que o pecado traz. Também mostra que a verdadeira liberdade só vem através da verdade. A Bíblia afirma que devido à queda de Adão, toda a humanidade sofre escravizada pelo pecado. Este, diariamente castiga e oprime a todos que vivem sem Deus. A palavra de Deus diz que... “todos pecaram...” (Rm 3.23); o pecado afasta o homem de Deus e o escraviza de forma dolorosa. Só o Senhor Jesus pode reconciliá-lo com o criador novamente. Veremos o quanto essa mensagem de Jesus é poderosa para os dias atuais, mas antes, disponibilizo um breve panorama sobre o Evangelho de João.

I-O EVANGELHO SEGUNDO O APÓSTOLO JOÃO:

1. Quem escreveu? (Autor). Esse evangelho foi escrito pelo apóstolo João, aquele que reclinara a cabeça sobre o peito de Jesus. Era conhecido como o “discípulo amado” e fazia parte do círculo íntimo do Senhor (juntamente com Tiago e Pedro); foi testemunha ocular do Ministério de Jesus, sendo o mais jovem entre os doze chamados para o colégio apostólico.

2. Para quem escreveu? (Destinatário). Foi escrito para a segunda e terceira geração de cristãos que haviam aceitado a Jesus, sendo enviado para as igrejas que estavam na Ásia menor.

3. Quando e onde escreveu? (Local e data). O apóstolo residia em Éfeso (capital da Ásia menor) quando escreveu seu evangelho, os estudiosos datam esse evangelho entre 80 a 95 d.C.

4. Por que escreveu?(Propósito). Na época em que foi redigido esse evangelho, já circulava entre as igrejas os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), apesar disso, as heresias dos gnósticos estavam ameaçando a doutrina da divindade de Cristo. Os gnósticos negavam que Jesus era Deus. Os pais da igreja contam que os presbíteros das igrejas (que estavam na Ásia menor) procuraram o ancião e apóstolo João (que estava em Éfeso) e lhe rogaram para escrever um evangelho com o propósito de mostrar a supremacia e divindade de Cristo, combatendo assim a heresia propagada pelo gnóstico Cerinto. Foi uma sábia atitude tomada pelos presbíteros, já que muitas das testemunhas oculares que andaram com Jesus, haviam morrido (inclusive os apóstolos) e só o apóstolo João podia passar-lhes a confiança e a verdadeira doutrina vista, ouvida e experimentada. Então escreveu o seu evangelho, inspirado pelo Espírito Santo “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Vejamos como Jesus é descrito em cada evangelho:

a) Em Mateus, Jesus é descrito como Rei,

b) Em Marcos, Jesus é descrito como servo,

c) Em Lucas, Jesus é descrito como homem,

d) Em João, Jesus é descrito como Deus.

II- CONHECENDO A VERDADE:

1. No cenário do capítulo 8 desse evangelho, encontramos Jesus proclamando sua missão e autoridade, de maneira que alguns judeus creram nele. Então Jesus lhes falou para permanecerem (perseverando) em sua palavra (não só ouvindo como também praticando). Agindo assim, verdadeiramente seriam seus discípulos. Continuando Jesus diz: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Para compreendermos esse versículo, é necessário responder a três perguntas:

2. O que significa conhecer a verdade? Na palavra do Senhor o verbo conhecer tem vários significados como: “coabitar”, “relacionar-se”, “ter noção de algo”, “ ter proximidade física ou intelectual”, porém, nesse versículo o termo assume o significado de “ ter intimidade profunda e proximidade com a verdade”. Logo, quando Jesus diz para conhecermos a verdade, ele está nos convidando para um encontro real e pessoal com a verdade; se aproximando e tendo uma intimidade profunda com a mesma.

3. Quem é a verdade? Ainda hoje essa pergunta inquieta a muitos. Filósofos, ateístas e materialistas perdem seu tempo debatendo vãs filosofias, que aprisionam o homem nas dúvidas e o distancia da presença de Deus. Enquanto discutem sobre com quem está ou quem é a verdade, Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao pai senão por mim” (Jo 14.6). Jesus não falou que era “uma” verdade e sim ''a'' verdade, apontando exclusivamente para si, aleluia!

       Em seus discursos, Jesus usou várias vezes o termo “Eu sou...” (empregado apenas a Deus, que se apresentou a Moisés como o “EU SOU O QUE SOU” Ex 3.14). Exemplos:

“Eu sou o pão da vida” (Jo 6.35)

“Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12)

“Eu sou a porta” (Jo 10.7,9)

“Eu sou o bom pastor” (Jo 10.10,14)

“Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25)

“Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15.1,5)

Portanto, Jesus estava confirmando que ele é a verdade e também é Deus. Vejamos o que o ministro do evangelho Severino Pedro fala sobre a verdade de Deus:

“Em Deus encontramos a verdade. Uma das características da lei de Deus é a verdade. Sabemos de bem pouco, mas aquilo que sabemos é imensamente importante. A Lei veio para revelar o caráter de um Deus verdadeiro e imutável. Deus é o Deus de verdade (Dt 34.4; Sl 31.5). Cristo é a verdade (Jo 14.6). Cristo estava repleto da verdade (João 1.14); Cristo falou a verdade (Jo 8.45). [...] O Evangelho, como a verdade, veio por Cristo (Jo 1.17); Cristo dá testemunho da verdade (Jo 18.37); ela se acha em Cristo (Rm 9.1; 1 Tm 2.7); João deu testemunho da verdade (Jo 5.33).” (SILVA, 2013, p. 209, 210).

É importante destacar que a Bíblia não contém a verdade, ela é a própria verdade. Sendo assim, Jesus é verdade encarnada e a Bíblia, a verdade escrita (Jo 17.17).

O desejo de Deus é que seus servos o conheçam (Os 6.3) e também conheçam sua Palavra (Mt 22.29). A palavra do Senhor é a verdade (Sl 119.151,160; Jo 17.17), e a verdade guia o homem à presença de Deus (Sl 43.3,4). É a verdade que liberta, transforma e salva o pecador. 

4. Do que a verdade os libertaria? Do pecado. Jesus garantiu que quem conhecesse a verdade seria livre do jugo do pecado. Nós bem sabemos que só Jesus pode libertar o homem desse jugo, pois a ele foi dado todo o poder (Mt 28.18). Todo homem é pecador por natureza (Rm 3.23) e sendo escravo do pecado necessita de um libertador. Esse libertador tem nome e se chama Jesus Cristo! O pecado escraviza o homem deixando cicatrizes profundas, porém Jesus o liberta de todas elas.

III-O PROPÓSITO DE DEUS NA CRIAÇÃO DO HOMEM:

1. Os judeus entendiam que nunca foram escravos de ninguém pelo fato de serem da descendência de Abraão. Por isso não compreenderam o que Cristo lhes disse. Então Jesus assevera que todo aquele que comete pecado, é escravo do pecado. É uma escravidão espiritual do mundo, do diabo e da ''carne'' herdada na queda de Adão.

2. Nunca foi o desejo de Deus vê o homem cabisbaixo, afligido e escravizado pelo pecado. O Senhor criou o homem com um propósito especial. Segundo o Pr. Elinaldo Renovato: “Enquanto os outros seres foram criados sob o impacto do fiat (“faça-se”) de Deus, o homem teve criação de modo bem diferente. Deus - hb. Elohim, expressão plural de El- concretizou o seu projeto para criar um ser especial, de forma especial, nos atos da criação” (GILBERTO, ANDRADE, SANCHES, 2008, p. 251).

3. Em toda a Bíblia podemos ver que o homem não é um “animal racional” como muitos afirmam; na sua criação Deus disse: ‘‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” (Gn 1.26).

4. O homem era a coroa da criação, foi feito para dominar, governar a natureza e tudo quanto ela lhe proporcionava, sendo distinto e superior aos animais. Ele era livre da maldade e tinha total liberdade para se comunicar com o seu Criador. A principal finalidade do homem era a de guardar, lavrar o jardim e, sobretudo adorar e glorificar ao seu Criador.

IV- A QUEDA DA HUMANIDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS:

1. Ainda no Éden, o casal sendo enganado pelo diabo (a serpente), desobedeceu a Deus, trazendo sobre si muitas consequências.

2. Baseado em Gênesis 3.16-19, vejamos algumas consequências resultantes da queda: Doenças, maldição, sujeição, morte física, envelhecimento, medo, dor, conhecimento do mal, tristeza, morte, perca das bençãos materiais da terra, natureza pecaminosa, expulsão do jardim do Éden, perca do relacionamento com Deus, desequilíbrios ecológicos, etc. 


Após o pecado, o homem perdeu sua liberdade plena, se tornando escravo dos seus desejos pecaminosos e necessitando de alguém que o libertasse.

V- A PROMESSA DA REDENÇÃO:

1. Deus em sua pré-ciência providenciou a redenção da humanidade na eternidade. Há homens insensatos e pretensiosos que perguntam: ''Se Deus já sabia que o homem pecaria, então porque o criou?'' Ora, a resposta está justamente no fato de que Deus sabendo que o homem pecaria em vez de deixar de criá-lo, ele o criou já tendo em mente o plano da redenção. Já no Éden, no cenário da queda, Deus prometeu restaurar o homem (Gn 3.13). O descendente da mulher (o Messias) esmagaria a cabeça da serpente (Satanás).

2. Então o Senhor escolhe a nação de Israel para a vinda do Messias  (o ungido de Deus), este libertaria o homem do jugo do pecado e o reconciliaria com Deus, dando-lhe salvação. Enquanto não havia chegado a plenitude dos tempos, a lei foi anunciada aos judeus como aio (Gl 3.23-25). De maneira que os sacrifícios feitos pelo povo apenas cobriam os pecados, porém não os tirava. Todos os dias e anos, eram oferecidos sacrifícios, entretanto eram eles imperfeitos para a salvação (Hb 10.4).

3. O pastor Elinaldo Renovato declara: “Diz o escritor aos Hebreus: 'porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados' (Hb 10.4). Tanto eram imperfeitos, que precisavam ser repetidos (Hb 10.1,2); pois os sacerdotes que os ofereciam eram homens imperfeitos: Os antigos sumo-sacerdotes eram homens santos, mas falhos. Arão, irmão de Moisés teve grande honra, ao ser separado para o ofício de Sumo Sacerdote. Entretanto, ele teve grandes falhas, a ponto de levantar um bezerro de ouro, como se fosse Deus, levando o povo a pecar. Mas Cristo, nosso Sumo Sacerdote, é superior a Arão, não só porque não falhou em nada, mas porque cumpriu todo o plano da salvação em favor não só de Israel, mas de toda a humanidade.” (LIMA, 2008, p.54).

VI- JESUS, O LIBERTADOR DA HUMANIDADE:

1. Todo escravo é sujeito a um ‘senhor’, ou seja, existe alguém que lhe domina. Assim é o pecado na vida daquele que não recebe a Cristo. A pessoa faz aquilo que lhe vem à mente, muitas vezes sem autocontrole. Tantas pessoas já tentaram se libertar do cigarro ou alcoolismo, mas não conseguem. Porque não conseguem? Porque são escravos dos seus desejos. Jesus sabendo disso, afirmou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”

2. Quando Jesus disse isso, Ele estava se referindo a si mesmo, só Cristo, o Filho de Deus tinha (e tem) condições para libertar o homem. De acordo com o Pr. Elinaldo Renovato- “No Antigo Testamento, quando um homem de posses queria redimir um parente que se tornara escravo, precisava ter três condições:

a) Tinha de ser um parente do escravo. Jesus se fez nosso parente, quando decidiu vir ao mundo, enviado pelo Pai, e tornar-se tão humano quanto nós; fez-se membro da raça humana (Jo 1.14). Ele “se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).

b) Deveria estar disposto a pagar o preço da redenção. Jesus se dispôs a pagar o preço do nosso resgate. “Porque sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis(2 Co 8.9). A redenção de uma alma exige um preço caríssimo, que ninguém pode pagar (Sl 49.7-9). Jesus deu a vida em resgate de muitos (Mt 20.28).

c) Deveria ter condições para pagar o preço do escravo (ver Lv 25.47-49). “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”  (1 Pe1.18,19). Nós fomos redimidos, resgatados e comprados por Cristo. Por isso, somos sua propriedade. (1 Co 6.19,20).” (LIMA, 2010, p. 49).

3. Jesus cumpriu todos esses requisitos, podendo dar liberdade verdadeira ao homem. Ele liberta dos vícios, da prostituição, das doenças, da idolatria, da tristeza etc. Jesus muda vidas e transforma pecadores em novas criaturas; sendo o único que pode dar salvação ao homem. Ele perdoou nossos pecados e pagou um alto preço por nosso resgate, nos libertando do poder das trevas e nos dando a certeza da salvação (Sl 102.19-22; 119.44,45; Lc 4.18; Rm 6.17-23; Hb 2.14,15; Ap 1.5b).


Conclusão: A humanidade que hoje rejeita a Cristo todos os dias, cegamente é escrava do pecado. Qualquer pessoa que se arrepender dos seus pecados e crer em Jesus como único e suficiente salvador será liberto dos seus pecados e verdadeiramente será livre. Gozará da boa liberdade que se encontra unicamente em Cristo Jesus nosso Senhor!