19 de outubro de 2016

SERPENTE DE BRONZE: TIPOLOGIA E SIGNIFICADO CRISTOLÓGICO


Por Everton Edvaldo

Leitura Bíblica: (Números 21.4-9)

      Introdução: Fico espantado ao ver como os eventos que aconteceram durante o êxodo do povo de Israel, trazem lições importantes para as nossas vidas. Podemos identificar que tais eventos tiveram um tom profético que apontava para Cristo. Nesse capítulo, analisaremos um desses eventos.  Em Números 21.4-9 encontramos Deus tratando com o seu povo de uma maneira específica e peculiar. Meditaremos  um pouco sobre essa mensagem.


         I- A MURMURAÇÃO DO POVO: (V. 4,5)


   1. Nos versículos anteriores do capítulo 21, encontramos o povo de Israel, devotos, tementes e confiantes no Senhor, após uma calorosa e vitoriosa batalha, porém algo aconteceu e eles logo fraquejaram na fé: "mudança de caminho", Deus através de Moisés os levou por outro caminho no qual eles. Sobre isto diz o erudito W. W. Verse: "Pelo fato de os Edomitas não terem dado a Israel direito de passagem por suas terras, Moisés precisou conduzir o povo a leste de Edom, e depois, a norte, passando por um terreno difícil. Não demorou muito para que os rigores da marcha deixassem o povo impaciente e para que começassem a murmurar novamente." A angústia (ARC) e a impaciência (ARA) do povo foram os primeiros passos para mais uma vez desagradarem a Deus.


   2. O segundo passo foi falar contra a autoridade de Deus e de Moisés, o povo murmurou, reclamou. Também murmuraram contra o alimento que Deus os deu (o maná). "Porque nos fizestes subir do Egito, para que morrêssemos neste deserto? Pois, aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil (v. 5). Dizem os estudiosos da Bíblia que essa foi a 11° murmuração dos Israelitas no deserto. Neste momento aprendemos que muitas vezes quando Deus nos leva por outro caminho, nós perdemos a confiança e murmuramos, caímos no grave erro de reclamar contra o maná( Palavra de Deus), Deus e Moisés (o Ministério). 

      II- A MORDIDA DAS SERPENTES E SEUS EFEITOS: (V. 6)

  1. Em face de tais pecados do povo, Deus executa seu juízo sobre eles mandando "serpentes ardentes" para os morder. Até aquele momento, Deus os havia preservado de tais serpentes, já que no local onde eles andavam era comum a presença dessas serpentes (Dt 8.15), mas agora, diz a Bíblia "Deus mandou..."

    2. No hebraico elas são chamadas de Nachash Saraph, ou seja, "serpentes abrasadoras", "serpentes de fogo", "serpentes ardentes". Mas porque esses nomes? De acordo com o Comentário Bíblico Beacon: "Esta descrição se deve, provavelmente, à natureza do veneno tóxico e à coloração que cor de cobre brilhante." Segundo Matthew Henry: "Estas serpentes são chamadas de ardentes, pela sua cor, ou pela fúria, ou pelo efeito de suas picadas, inflamando o corpo, causando-lhe imediatamente uma febre alta, queimando-o com uma sede insaciável."

   3. A mordida venenosa destas serpentes tiraram o sossêgo da vítima, trazia muita dor, febre ardente, inflamação e sensação de queimadura por todo o corpo. W. W. Wiersbe escreveu: " Aqueles que eram picados morriam rapidamente, ao que parece, era uma morte dolorosa. O salário do pecado é a morte." É assim que o pecado faz com o homem, o conduz à morte. E naquela época muitos morreram.


           III- ISRAEL CLAMA, E DEUS ATENDE: (V. 7,8)

   1. "Veio o povo a Moisés e disse: Havemos pecado, porque temos falado contra o Senhor e contra ti, ora ao Senhor que tire de nós as serpentes. Então, Moisés orou pelo povo" (v. 7). É interessante que após a chegada das serpentes, o povo passou a se arrepender e clamar por causa daquela situação. Diz a Bíblia que o povo pediu pra Moisés orar, e ele orou!

    2. Ore, e aguarde o que Deus vai fazer. Para cada atitude humana existe uma resposta divina. O homem peca, Deus executa juízo; o homem se arrepende, Deus executa sua misericórdia; o homem clama, Deus manda resposta! Aleluia, o nosso Deus é grande! No período dos juízes quando o povo se voltou para o Senhor, Deus levantou Otniel como resposta ao seu clamor. Quando os enfermos clamaram a Jesus, ele os curou e lhes restaurou a vida. A receita ainda é a mesma: "clame ao Senhor e ele te responderá."

    3. O povo pediu pra Deus tirar as serpentes, entretanto o Senhor lhes respondeu de outra forma. "Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá" (v. 8, ARA). Nesse versículo encontramos Deus ordenando a Moisés para fazer uma serpente de bronze, em outras versões da Bíblia, aparece os nomes: serpente de cobre, serpente de metal, serpente de latão, todas as referidas traduções são exatas e perfeitamente aceitáveis. A serpente de bronze era apenas um meio pelo qual Deus realizaria a cura nos Israelitas. Ela foi a resposta de Deus aos feridos. Todo aquele que a olhasse viveria.

   IV- DA MORTE PARA A VIDA: (V.9)

      1. A serpente de bronze era apenas um símbolo da cura (que na verdade só era dada por Deus), entretanto o povo devia olhar para a serpente. Deus não falou para cultuar a serpente nem lhe queimar incenso como se fazia na época de Ezequias (2 Rs 18.4), mas era para apenas olhar para aquele objeto. Era um ato de fé, não na serpente, e sim em Deus. Segundo Matthew Henry: "Os próprios judeus dizem que não era o ato de olhar para a serpente de bronze que os curava, porém ao olhar para ela, visualizaram Deus como o Senhor que os Sarava." Então todos os mordidos que olharam, ficaram curados e viveram.Passavam da morte para a vida.

     2. Essa serpente de bronze adquiriu na tipologia Bíblia a figura de Cristo. De acordo com W.W Wiersbe: "Jesus usou a serpente de bronze para ilustrar sua própria morte na cruz (Jo 3.14). "Levantar" era um termo usado na época para referir-se à crucificação.''

    3. Vejamos agora o que os eruditos da Bíblia dizem para confirmar esta linha de reflexão: "O poder vivificante da serpente de metal prefigura a morte sacrificial de Jesus Cristo, levantado que foi na cruz para dar vida a todos que para Ele olhassem com fé." (Bíblia De Estudo Pentecostal); "Aquela serpente de bronze tipifica Cristo, que se fez homem (bronze na tipologia representa a humanidade) e foi feito pecado por nós (o pecado é representado pela serpente) para nos salvar." (Silas Daniel); "Uma vez que era necessária uma viga transversal para sustentar a serpente, a haste é considerada, por alguns como símbolo da cruz." (Bíblia De Estudo Palavras-Chave).

      4. "Compare a dor deles com a nossa. O pecado morde como uma serpente, e pica como uma víbora venenosa. Compare a aplicação do remédio deles e do nosso. Eles olharam e viveram e nós, se crermos não pereceremos. Contemplamos a Jesus pela fé (Hb 12.2). Todo o que olhava, por mais desesperado que fosse o seu caso, mais frágil que fosse a sua visão, e mais distante que fosse o seu lugar, era curado totalmente." (Matthew Henry); "A comparação entre a serpente de bronze no tempo de Moisés e a cruz de Cristo nos ajuda a compreender melhor o significado da graça de Deus na salvação. Todas as pessoas foram contaminadas pelo pecado, e um dia morrerão e enfrentarão o julgamento (Hb 9.27), mas se olharem para Cristo pela fé, ele as salvará e lhes dará vida eterna. O ato de olhar para a serpente bronze salvou muitas pessoas da morte física, mas olhar para Cristo nos salva da morte eterna." (W.W.Wiersbe).

     Conclusão: Aprendemos muito com essa mensagem; a serpente simboliza a morte, o engano, a dor e o sofrimento; o bronze tipifica o Filho do Homem, a saber: Jesus Cristo e a haste representa a cruz. Ou seja, Jesus (o bronze) carregando nossos pecados (serpente) na cruz (haste). Todo aquele que olhar para Jesus viverá, será curado da morte eterna, causada pelo pecado. Façamos como o autor aos Hebreus: "Olhando firmemente para o Autor e Consumador da Fé, Jesus..." (Hb 12.2). Quem não olha para Jesus, através dos olhos da fé, está morto espiritualmente e continua enfermo rumo à morte eterna. Porém, aquele que nele crer não perece, mas tem a vida eterna. Amém.

                                       BIBLIOGRAFIA:

Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. v. 1. HAGNOS, 2001.

DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Rido de Janeiro: CPAD, 2007.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Antigo Testamento- Gênesis a Deuteronômio. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

LIVINGSTON, George Herbert et all. Comentário Bíblico Beacon. v. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

PFEIFFER, Charles F; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

WIERSBE, W.W. Comentário Bíblico Expositivo. GEOGRÁFICA, 2010.